Será mesmo descentralização?

O Porto será a cidade que o país apresenta na candidatura à sede da Agência Europeia do Medicamento. Depois de uma primeira escolha por Lisboa, uma polémica apimentada até pelo candidato do PS à Câmara do Porto que criticou governo socialista, António Costa muda o rumo da decisão e apresenta o Porto para uma missão muito complicada. Será esta uma decisão descentralizadora ou apenas a indicação de uma outra cidade, que não Lisboa, quando se percebe que a vitória portuguesa será muito complicada? O tempo dará resposta, mas meter o Porto nestas coisas, mesmo quando se pensa que estão perdidas, pode significar luta e uma forte argumentação para ganhar.

Esta foi também a semana em que ficou decidido colocar em Pedrógão Grande a sede da Unidade de Missão para o Interior, até aqui liderada por Helena Freitas. Aquele território duramente atingido pela tragédia é o palco certo para uma experiência piloto de reflorestação e de revitalização da economia do interior. É um grande desafio que o interior tem que agarrar, somando novos protagonistas nos cargos de liderança, demonstrando competência e saber fazer diferentes do tradicional e centralista poder do Terreiro do Paço.

Descentralizar tem que significar mesmo deixar as competências, a força política e os respetivos orçamentos, na mão destas lideranças que têm que estar efetivamente presentes em cada um dos territórios.

O processo legislativo para alargar a prometida descentralização fica adiado para setembro, mas convém não deixar correr o tempo sem que sejam verdadeiramente assumidas decisões que tornem este país mais igual, no litoral e no interior.

Vivem os mesmos portugueses em cada uma das aldeias, das vilas, das cidades, mesmo que seja a macrocéfala Lisboa. Somos um país demasiado pequeno para ser assim tão centralista.

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