Trump, os jornalistas e a liberdade

Ontem assistimos a mais um dos sinais da intolerância de Donald Trump à liberdade. A CNN revelou informações sobre os dados que a Rússia teria sobre negócios e momentos menos próprios da vida privada do presidente eleito da América.

Lá vieram os desmentidos, mas a cadeia de televisão, que normalmente confirma muito bem as suas informações, manteve a notícia. Trump teve um exercício de mau poder ao não responder às perguntas da CNN, ao não explicar o caso, ao insultar os jornalistas, mas a conferência de imprensa continuou.

Ninguém se indignou de imediato, nem os outros jornalistas pegaram na questão da CNN para a repetirem até terem uma resposta. Será só mais um incidente, mas este é o “Senhor América” e agora um dos poderosos deste nosso mundo. O nosso papel na sociedade nunca foi tão importante como agora.

Temos o dever de investigar mais, de questionar, de ir ao fundo das questões, sem nos deixarmos afogar na inebriante espuma dos dias. Este tem que ser o tempo da diferenciação clara entre órgãos de comunicação social, garantindo escolhas plurais, inovando, sendo mais interventivos e fugindo ao que está a acontecer com algum “espirito de manada”, onde pouco se pensa e se dá apenas destaque ao que achamos que é notícia, porque alguém já está a falar disso.

Nestes dias não podemos continuar a fazer um jornalismo “do ouvi dizer”. Com atitudes como esta de Trump, os jornalistas terão que ser ainda mais responsáveis, fazer ainda melhor o seu papel, investigando a fundo, com coragem e verdade.

Só assim deixaremos sem resposta qualquer acusação de sermos “terríveis”, ou de estarmos ao serviço de alguém. Temos mais exemplos como este de Trump que já nos deveriam ter dado seriamente que pensar…mas…

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