Autarcas indignados com exclusão de fundo de emergência após incêndios

por RTP
O presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra não aceita a explicação do Governo de que o fundo de emergência se destina apenas à reconstrução das zonas mais afetadas André Kosters - EPA

Os autarcas de Pampilhosa da Serra e Góis estão indignados com o Governo por ficarem fora do fundo de apoio à revitalização das áreas afetadas pelos incêndios, anunciado em Conselho de Ministros. E nem as declarações do ministro do Planeamento e das Infraestruturas os demovem de exigir ao Executivo "igual tratamento" para os territórios.

As críticas já tinham chegado na quinta-feira à tarde. Depois o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, explicou no programa 360, da RTP3, que há outros fundos disponíveis para todos os concelhos afetados pelos incêndios.

Explicações que não convencem os autarcas de Pampilhosa da Serra e Góis, entrevistados esta sexta-feira no Bom dia Portugal.

O presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra não aceita a explicação do Governo de que o fundo de emergência se destina apenas à reconstrução das zonas mais afetadas.

José Brito Dias considera que a população do seu concelho também precisa de uma ajuda especial: “Realmente há outros fundos disponíveis. Eu compreendo perfeitamente que Pedrógão, Figueiró e Castanheira tenham um apoio diferente porque realmente o fogo rebentou de uma forma muito violenta naqueles concelhos e provocou aquilo que todos nós sabemos. Todos nós estamos com eles nesta situação tão dramática. Mas no concelho de Pampilhosa da Serra arderam dez mil hectares”.

O autarca respira de alívio por não ter havido mortos nem feridos no seu concelho, mas diz que “há habitações ardidas, habitações permanentes e penso que, nesse aspeto, e atendendo à rapidez com que temos que atuar, este fundo não devia ter excluído os concelhos afetados, pelo menos, naquilo que é igual e naquilo a que se destina (…) Esta discriminação, o estarmos fora criou uma revolta muito grande nas nossas populações que não compreendem, como é evidente”.

José Brito Dias explicou que o fundo é constituído por donativos dos portugueses mas também de instituições internacionais. “Eu sei que muitos dos portugueses fizeram o seu donativo com a intenção principal de socorrer as famílias que foram de alguma forma afetadas por mortes dos seus entes queridos mas este fundo inclui também verbas e donativos de instituições internacionais e também desses estamos excluídos”.

O autarca de Pampilhosa da Serra falou ainda das principais carências depois do incêndio que assolou a região e acabou por confirmar que apenas uma habitação permanente ficou totalmente queimada.
"Apoio mais substancial"
“Há também segundas habitações que arderam, essas não são prioritárias como é evidente, mas deveriam ter também ajuda. É preciso essencialmente alimentar todos os animais que ficaram sem pasto porque ardeu tudo. Não ficaram ilhas verdes nos dez mil hectares que arderam”, registou o autarca.

Para já, a autarquia começou a adquirir alimento para os animais, mas o apoio veio também do Governo.

“Recebi há pouco um telefonema da senhora ministra da Administração Interna que já me pôs em contacto com a presidente da CCDR Centro de forma a que essa resposta, que tem que ser imediata, e que nós já estamos a fazer seja complementada com um apoio mais substancial para que as famílias não tenham esse drama”, adiantou José Brito Dias.

Preocupações partilhadas pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Góis, que apesar de reconhecer que há particularidades em vários concelhos, os mais atingidos pelos incêndios, reivindica "um igual tratamento" para os territórios.

Mário Garcia diz que a autarquia não ficou satisfeita “com a informação que nos foi prestada (…) Este fundo deve abranger todos os territórios que foram vítimas desta catástrofe e não só alguns”.

O autarca explica ainda que o prejuízo é enorme. “Cinquenta por cento do concelho de Góis foi afetado por esta catástrofe mas eu direi que foi mais. Foi todo ele afetado assim como toda a atividade económica. Isto ultrapassa aquilo que nós podemos considerar que foi o efeito direto do incêndio”.

Mário Garcia refere que, neste momento, ainda está a ser feito o levantamento das carências por técnicos da Câmara Municipal, mas que “há casas destruídas e, sobretudo, os meios de sobrevivência de muitas pessoas”.
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