Covid-19. Reuniões no Infarmed chegaram ao fim

por Joana Raposo Santos - RTP
A região de Lisboa e Vale do Tejo mereceu especial atenção naquela que foi a última reunião entre especialistas e Governo no Infarmed. Foto: Manuel de Almeida - Lusa

A décima e última reunião no Infarmed entre o Governo e especialistas sobre a Covid-19 em Portugal realizou-se esta quarta-feira. No final do encontro, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a importância do "contacto aberto" entre epidemiologistas e decisores políticos e contou os detalhes da mais recente conversa, que se focou em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo.

“Terminamos hoje uma experiência de vários meses, iniciada no final de março, em pleno estado de emergência”, declarou o Presidente da República aos jornalistas. “Foi muito importante, e desde logo na primeira fase, este conjunto de sessões epidemiológicas”, pois “permitiu um contacto aberto entre especialistas e decisores políticos”.

“Foi uma experiência única, não verificado em nenhum outro país europeu e, que saiba, nenhum outro país no mundo”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que os encontros facilitaram “a convergência e a unidade de análise, de troca de pontos de vista e de decisão, fundamental durante o estado de emergência e na transição para o estado de calamidade”.
As sessões, que segundo o Presidente foram marcadas por uma “transparência total”, chegaram ao fim por existir “a convicção da estabilidade da situação e da sua durabilidade” e também porque se está a passar do “plano macro para o plano micro”.

Enquanto, no início, a pergunta era “como está Portugal”, agora o foco está em saber como está cada região, sendo realizada uma análise mais concreta que pode chegar até às freguesias e bairros, explicou o chefe de Estado. Por essa razão, é necessária a aplicação de “medidas de pormenor”, mais específicas.
Comparação entre Portugal e outros países europeus marcou reunião
Esta última reunião no Infarmed serviu, segundo o Presidente, para fazer uma comparação do que se passa em Portugal em relação a outras sociedades, “em particular europeias”.

“De uma forma geral, pode dizer-se que nessas sociedades se assiste a um desconfinamento progressivo e, em muitos casos, superior ao desconfinamento verificado em Portugal”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa. O RT é, atualmente, de 0,98 na média nacional e de 0,8 em Lisboa e Vale do Tejo.

“Também se verificou que, jogando com indicadores diferentes, se terá resultados diferentes sobre a incidência da pandemia nos vários países. Se se entender apenas o número de infetados, há um ranking que se estabelece. Se se atender à deteção dos infetados e contagiados, em que Portugal se encontra numa posição cimeira, aí o ranking é diferente”.

O chefe de Estado explicou que, “em comum, há uma preocupação: avançar para medidas concretas, específicas. País a país, foi verificado que a orientação é hoje, olhando aos surtos, intervir de forma localizada e específica”.
Lisboa e Vale do Tejo mereceu “atenção particular”
Marcelo Rebelo de Sousa avançou que outro tema principal da última reunião no Infarmed foi a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo, que “mereceu uma atenção particular”.

Um dos indicadores dessa atenção terá sido “o significado que tem a população entre os 20 e os 40 anos (…) e o peso que veio a ganhar ao longo das últimas semanas”, por ser a faixa etária entre a qual se tem verificado mais contágio por Covid-19. “Em simultâneo, ainda o significado que tem a população acima dos 75/80 anos”, acrescentou o Presidente.

Outros indicadores relevantes em Lisboa são a coabitação, “fator mais importante em termos de explicação causal dos surtos surgidos”, afirmou. “Logo de seguida, a convivência social, que tem vindo a ganhar importância”.

Marcelo referiu ainda um estudo apresentado na reunião de hoje que demonstrou não haver, aparentemente, ligação entre o transporte ferroviário e o surto pandémico.

Olhando para os números dos últimos dias, "o que foi dito é que há uma estabilização e uma tendência, embora ligeira, de aparente descida, porventura fruto das medidas tomadas”, declarou.
Quanto à resposta do Serviço Nacional de Saúde, Marcelo afirmou que “o tempo mediano de internamento está hoje entre os dez e 11 dias no internamento geral, e entre os 17 e os 19 dias nos cuidados intensivos”.

O grupo criado especialmente para o combate ao surto na região de Lisboa e Vale do Tejo apresentou, na reunião, dados sobre o aumento de recursos humanos, contanto com mais 40 por cento profissionais no terreno.

Quanto ao primeiro estudo sobre a eventual capacidade de imunização daqueles que estiveram em contacto com a pandemia, o Presidente sublinhou que este estará pronto no final de julho e que a este “se seguirão um estudo a cinco meses e sucessivos estudos de três em três meses”.
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