Ministro Eduardo Cabrita solicitou demissão ao primeiro-ministro

por RTP
António Pedro Santos - Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou esta sexta-feira que solicitou a demissão ao primeiro-ministro António Costa. O anúncio de demissão segue-se à acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.

"Entendi solicitar hoje a exoneração das minhas funções de ministro da Administração Interna ao senhor primeiro-ministro", anunciou Eduardo Cabrita aos jornalistas numa conferência de imprensa esta sexta-feira.

“Mais do que ninguém lamento essa trágica perda irreparável e a minha solidariedade vai para família da vítima", disse o ministro, referindo-se ao trabalhador da autoestrada A6 que foi atropelado pelo carro onde seguia Cabrita, em junho deste ano.

"Desde então, foi com grande sacrifício pessoal que verifiquei com estupefacção o aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal”, acrescentou Cabrita. "Não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado do atual quadro para penalizar a ação do Governo", prosseguiu.
O anúncio de demissão segue-se à acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista. De acordo com a acusação, o arguido conduzia "em violação das regras de velocidade e circulação previstas no Código da Estrada e com inobservância das precauções exigidas pela prudência e cuidados impostos por aquelas regras de condução". O carro do ministro circulava a 166 quilómetros por hora, quando o máximo em autoestrada é de 120 quilómetros/hora. O local em causa estava assinalado como estando em obras.

Em reação à acusação do motorista, Eduardo Cabrita sublinhou esta sexta-feira que era apenas "passageiro" do veículo quando se deu o acidente.

Na sua declaração, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna desde outubro de 2017, começou por fazer um balanço do seu mandato, concluindo que foram “quatro anos positivos”, com “o menor número de incêndios da última década”.

"Aos milhares de homens e mulheres que servem Portugal na proteção civil e nas forças e serviços de segurança, devo, devemos imenso", declarou.

Minutos depois do seu anúncio, António Costa comunicou aos jornalistas que aceitou o pedido de exoneração de Eduardo Cabrita e que "nos próximos dias" indicará o nome do sucessor.
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