Monchique. Fogo "globalmente estabilizado" mas ainda por dominar

por RTP
O fogo que lavra há sete dias pintou a negro a serra de Monchique Pedro Nunes - Reuters

O incêndio que lavra em Monchique há praticamente uma semana está a ceder mas não foi ainda dado por dominado. Segundo o último balanço da Proteção Civil, o fogo está "globalmente estabilizado" e sem frentes ativas. Apesar destas condições mais favoráveis - com a esperada descida das temperaturas, a subida da humidade e um abrandamento do vento - o risco de incêndio continua elevado na região, pelo que as autoridades prometem "cuidados redobrados" durante a noite. No total, 39 pessoas ficaram feridas.

Ao sétimo dia de incêndio, a situação acalmou em Monchique e nos concelhos circundantes que também foram afetados. O dia ficou marcado por “várias reativações”, mas já não existem “frentes ativas” a percorrer o barlavento algarvio. 

"Depois do árduo trabalho durante toda a tarde de hoje, temos, neste momento, um cenário que eu diria que está globalmente estabilizado", afirmou a segunda comandante operacional nacional da Proteção Civil, na atualização dos dados que foi realizada ao início da noite.

Em resposta aos jornalistas, a responsável da Proteção Civil esclareceu que não existem, neste momento, frentes ativas, mas antes "pontos quentes e pequenas reativações".


Havendo já algumas zonas em fase de consolidação de rescaldo ou com operações de vigilância, o incêndio não é dado como dominado, explicou Patrícia Gaspar. “Essa decisão será tomada no momento em que tenhamos todas as condições reunidas para o efeito", acrescentou.

Para esta noite, esperam-se condições mais favoráveis do que as que têm sido encontradas pelos operacionais nos últimos dias, com a diminuição da temperatura, a redução da humidade relativa e ainda o desagravamento da velocidade do vento.  

No entanto, e uma vez que o risco de incêndio para esta sexta-feira continua elevado naquela região, as autoridades e os meios continuam no terreno na máxima força. De recordar que na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação a nível nacional

"Vamos manter todos os meios no teatro de operações, todos os meios em vigilância, apoiados pelas máquinas de rasto", referiu Patrícia Gaspar.  
 
Às 21h30 de quinta-feira, o incêndio era combatido por 1430 operacionais, apoiados por 461 meios terrestres. O dispositivo no terreno tem sido robusto ao longo dos últimos dias, o que não impediu a progressão das chamas desde Monchique – onde o incêndio se iniciou na sexta-feira à tarde – até ao concelho de Silves, mas também de Portimão e Odemira.   
 
Ao fim de sete dias de intenso combate às chamas, o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais regista mais de 27 mil hectares ardidos.
 
39 feridos ligeiros 
Desde sexta-feira que houve registo de 39 feridos ligeiros na sequência deste incêndio, dos quais 21 são bombeiros. O único ferido grave é até ao momento uma idosa que continua internada em Lisboa.  

Quanto ao número de pessoas deslocadas, a Proteção Civil mantém o balanço que tinha apresentado de manhã. Das 299 pessoas deslocadas das habitações, algumas já conseguiram regressar a casa esta quinta-feira.  

"Houve pessoas que espontaneamente já regressaram às suas habitações e aquilo que nós queremos garantir é que este regresso se faça de forma ordeira e, sobretudo, em segurança”, referiu Patrícia Gaspar.

Um dos pontos mais discutidos por responsáveis de segurança e população ao longo dos últimos dias tem sido a forma de evacuação das povoações adotada pela GNR, que muitos consideram excessiva.  

Em declarações à RTP no Telejornal, o autarca de Monchique reconhece que ouviu alguns relatos de "excessos por parte da GNR", não podendo no entanto confirmar esta informação.


Rui André reconhece que, entre tantas instituições e operacionais no terreno, algum aspeto teria que correr menos bem. “Não são só as pessoas que estão numa situação de stress, também estão os próprios operacionais. Poderíamos ter feito as coisas em alguns sítios com mais calma”, acrescentou.  

O presidente da Câmara de Monchique acrescentou que, nos casos em que a evacuação foi realizada com tempo, esta "não deveria ter sido feita com uso da força".

Na análise ao panorama geral deste fogo que pintou de negro a serra de Monchique, Rui André refere que a situação está mais tranquila, mas que as forças de combate ao incêndio não podem ainda "baixar os braços" na luta contra as chamas.

Quanto às casas afetadas, Rui André diz que terão sido consumidas "entre dez a 12" casas de primeira habitação, num total de meia centena de habitações total ou parcialmente afetadas, ainda que este não seja o balanço oficial.
 
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