Reportagem
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Reunião do Infarmed. Especialistas avaliam evolução da pandemia da covid-19

por RTP

Tiago Petinga - Lusa

Especialistas de saúde pública e políticos voltaram a reunir-se, esta quarta-feira, para avaliar a evolução da pandemia de covid-19. O encontro no Infarmed aconteceu numa altura em que Portugal regista um aumento significativo de casos devido à maior capacidade de transmissão da variante Ómicron, com recordes históricos de infeções, mas com menos hospitalizações e mortes do que no ano passado. Acompanhámos aqui, ao minuto, a reunião e as reações dos partidos à mesma.

Mais atualizações

17h53 – PCP quer medidas que garantam o direito de voto a 30 de janeiro

Em reação à conferência de imprensa no Infarmed, o PCP voltou a frisar que não considera adequadas “as medidas restritivas do funcionamento das escolas, à atividade laboral, económica, cultural ou outras socialmente relevantes”.

“De facto, comprova-se o pouco relevo do impacto destas medidas no combate à epidemia, em contraste com o efeito significativo do avanço da vacinação, essa sim determinante para a situação atual”, lê-se numa declaração de Bernardino Soares.

O partido quer ainda um “reforço substancial do Serviço Nacional de Saúde, que não foi concretizado pelo Governo”.

Por fim, o PCP disse entender que “devem ser tomadas as medidas necessárias para garantir o direito de voto nas próximas eleições legislativas de 30 de janeiro, direito que não pode ser postergado por determinações administrativas ou insuficiência de meios para garantir o seu efetivo exercício”.

17h25 – Chega quer fim das restrições

André Ventura considera que chegou a altura de acabar com as restrições e defende que o Governo deve adaptar as medidas para que quem está em isolamento possa ir votar a 30 de janeiro.

O líder do Chega espera que, dia 9 de janeiro, acabem as medidas e o país entre numa fase de cautela, cumprindo as recomendações da DGS e utilizando máscara em locais fechados.

16h50 – PAN quer alteração do processo de rastreamento de contactos

Para o PAN, o trabalho de rastreamento de contactos deve ser repensado de modo a não sobrecarregar os profissionais de saúde. As declarações foram feitas no final da reunião com especialistas no Infarmed.

Quanto às eleições, o partido apelou ao voto antecipado.

15h20 - IL considera que "medidas restritivas já não são eficazes"

Rui Rocha do Iniciativa Liberal consider que não se pode continuar a "afogar os profissionais de saúde" em procedimentos administrativos.

"Estamos a prejudicar um serviço de quem realmente as pessoas precisam".

Para o IL já não devia importar o número de casos diários. "É preciso alterar as regras de isolamento e quarentena", acrescenta.


15h15 – BE quer reforço do SNS e redução da burocracia no encaminhamento de casos covid

O Bloco de Esquerda defende o reforço do Serviço Nacional de Saúde e a redução da burocracia na identificação e encaminhamento de casos de covid-19.

Em declarações após a conferência de imprensa do Infarmed, Moisés Ferreira disse ser fundamental que o Governo “perceba de uma vez por todas que é preciso reforçar o SNS, nomeadamente o SNS24 e os cuidados de saúde primários”.

“Neste momento, o SNS24 não tem tido capacidade para responder a todas as chamadas”, frisou o deputado do BE.

“Os cuidados de saúde primários têm que ser reforçados e os seus profissionais não podem ser meros burocratas. Portanto, deve-se automatizar o acesso a baixa, mediante um teste positivo à covid-19”, defendeu.


14h10 – PS apela a “maior capacidade” de reposta nos cuidados de saúde

Em reação à reunião de peritos, José Luís Carneiro começou por apelar a uma “maior capacidade para dar resposta ao nível dos cuidados” de saúde.

“A campanha de vacinação tem garantido níveis de imunização que não tem protegido apenas os portugueses (…) como também agora ilustra que dá maior segurança esta nova variante Ómicron”, afirmou o deputado do PS.

Na opinião do Partido Socialista, as medidas impostas durante o período de Natal e Ano Novo “produziram os seus efeitos”, nomeadamente o aumento de testagem que contribuiu para controlar melhor o número de casos e de contágios.

Além disso, o PS considera que sendo menor a gravidade da Ómicron é possível concluir que pode haver redução de óbitos e internamentos, ou seja, de necessidade de recursos hospitalares.

13h05 – PEV quer regresso às aulas e reforço dos transportes públicos

Mariana Silva, do PEV, considera que, apesar do número elevado de casos de covid-19, “é necessário abrirmos as escolas rapidamente, para que as crianças possam voltar ao seu dia-a-dia e a socializar com os seus pares”.

No final da reunião no Infarmed, os Verdes defenderam ainda o reforço dos transportes públicos para evitar a aglomeração de pessoas nestes meios de transporte.

“E os portugueses, para além de esperarem do Governo novas medidas, aquilo que esperam é que o Governo dê todas estas respostas que são necessárias ao nosso dia-a-dia em segurança”, afirmou a deputada.
O partido defendeu ainda que os portugueses devem ter direito a votar nas eleições legislativas antecipadas e lembrou que a situação de eleitores em isolamento "não é nova", aguardando que sejam apresentadas soluções.

A deputada do PEV insistiu também num reforço do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente nos cuidados primários "onde os seus profissionais estão sobrecarregados com o acompanhamento do número de casos em isolamento", nas equipas de saúde pública, nas equipas de saúde mental ou nos centros de vacinação "que necessitam de ser reforçados".

12h59 – PSD considera apela a melhor gestão "dos parcos recursos" para ajudar pessoas com outras doenças

Em reação à reunião do Infarmed, Ricardo Batista Leite, deputado do PSD, afirmou que o partido considerou “muito positivo o facto da vacinação estar a demonstrar que funciona”.

“É fundamental que quem está em casa compreenda que a vacinação funciona, salva vidas e que a vasta maioria das pessoas que, infelizmente, tem morrido ao longo das últimas semanas por covid-19 são pessoas não vacinadas”.

Para o Partido Social Democrata, o que é fundamental “foi aquilo que não se falou na reunião do Infarmed – isto é, em relação aos doentes com outras doenças que, neste momento, constituem a vasta maioria dos portugueses que precisam de cuidados de saúde com urgência e que têm dificuldade em ter acesso a esses cuidados”.

Os centros de saúde tem menos profissionais de saúde, que “estão a ser desviados para os centros de vacinação”. E, por isso, o deputado considera que é preciso acelerar a vacinação “sem roubar profissionais ao SNS”.

“Vamos ser pragmáticos – é este o nosso apelo – (…) a gerir os parcos recursos que temos para ajudar as pessoas com cancro, com doenças cardíacas, respiratórias, autoimunes, pessoas que precisam de facto dos cuidados de saúde primários a funcionar, assim como os cuidados hospitalares”.
O PSD manifestou-se ainda disponível para encontrar e apoiar medidas para que mais portugueses possam votar, alertando que será necessário "salvaguardar a segurança" dos cidadãos.

Depois de no final da reunião no Infarmed o Presidente da República ter anunciado que o Governo pediu um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) para saber se o isolamento no quadro da covid-19 impede o exercício do direito de voto ou se poderá ser suspenso para esse efeito, o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite afirmou foram colocadas várias hipóteses durante a reunião.

A primeira, afirmou o deputado do PSD, seria a Comissão Permanente "poder legislar" e "encontrar mecanismos para alterar o voto antecipado", o que segundo Baptista Leite teria sido afastado pelo Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, por o parlamento estar já dissolvido.

"Mas é algo que creio que na conferência de líderes possa ser refletido", admitiu o `vice` da bancada social-democrata. "A hipótese B, transmitida pelo próprio primeiro-ministro, seria a própria Direção-Geral de Saúde poder rever as normas no que diz respeito ao isolamento profilático", adiantou.

A hipótese C, explicou o deputado do PSD e médico, foi também transmitida na reunião por António Costa e tornada pública no final por Marcelo Rebelo de Sousa, de se avaliar se "pode haver um regime de exceção para as pessoas em regime de isolamento poderem votar".

"Qualquer um destes cenários terá de salvaguardar a segurança de cidadãos. O isolamento profilático, se existe, é para evitar a transmissão excessiva da variante Omícron, mas no nosso ver é fundamental é encontrar uma solução", afirmou.

Da parte do PSD, assegurou, o partido estará "na linha da frente para fazer parte da solução, seja a partir do parlamento seja no sentido de apoiar outras medidas da parte do Governo".

12h55 - Reinício das aulas e eleições

Relativamente às próximas eleições legislativas, o presidente da República não quis responder à questão sobre uma possível alteração legislativa, ainda a tempo dos escrutínio, de modo a que os isolados possam votar.

O chefe de Estado indicou que o Governo pediu um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de os eleitores em isolamento poderem exercer o direito de voto a 30 de janeiro.

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que pode haver novidades quanto a uma maior redução do número de dias de isolamento para infetados assintomáticos.

Quanto ao regresso às aulas, previsto para a próxima segunda-feira, o presidente afirmou que "os especialistas apresentaram um modelo matemático, que é diferente de uma projeção".

"Depois naturalmente que o Governo irá ponderar o tipo de medidas a adotar. O certo é que a proposta apresentada pela especialista que tem formulado esse tipo de medidas não previu mesmo na situação de alerta (...) especificamente medidas que questionem aquilo que o Governo tem definido relativamente à abertura das aulas", acrescentou.

12h48 - "Autogestão da pandemia"

Marcelo Rebelo de Sousa apontou ainda para a capacidade, por parte dos portugueses, para darem resposta ao "apelo para uma autogestão da pandemia".

"Também é importante verificar-se - e todos os especialistas apontaram este facto - que o aumento significativo do número de contágios e de casos não tem correspondência em termos de internamentos, em termos de internamentos em cuidados intensivos e em termos de mortes", fez notar o presidente, que citou, em seguida, os dados do mesmo período do ano passado: "cerca de três a quatro vezes o número destes dias".

"A explicação dada pelos especialistas é simples: esta variante [Ómicron] ataca essencialmente as vias aéreas mas não ataca identicamente os pulmões. E portanto tem repercussões, em termos de gravidade da doença e de efeito em internamentos, cuidados intensivos e mortes, muito diferentes do que se passava com variantes anteriores".

"É muito significativo o efeito da vacinação, prevenindo a gravidade, os internamentos e as mortes", disse ainda o presidente.

12h42 - Marcelo fala aos jornalistas

No seguimento da reunião com os peritos, o presidente da República começou por sublinhar "a importância" destes pontos de situação na sede do Infarmed.

"Mais uma vez foi fundamental em termos de esclarecimento dos portugueses. Em tempo real, ouviram as explicações dos especialistas", assinalou.

"Em segundo lugar, foi reconhecido que Portugal é, tirando a Suécia, a sociedade europeia mais aberta em termos de funcionamento económico, social e escolar. Isto é, de ausência ou limitação de restrições", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa.

"Em terceiro lugar foi reconhecido, em comparação com o ano anterior, que estamos com um nível de testagem cinco vezes superior", enfatizou ainda o chefe de Estado.


11h50 – Três quartos da população com mais de 65 anos está vacinada contra a covid-19

Carlos Penha Gonçalves, da Task Force para a vacinação contra a covid-19, fez um balanço da vacinação em Portugal, recordando que os portugueses estavam a ser vacinados também contra a gripe.

“Os números ao dia de ontem que eram de cerca de 2.400.000 portugueses tinam sido vacinados com a vacina da gripe, e um pouco acima de três milhões com a vacina covid”, afirmou o coronel.

Embora a vacinação contra a gripe tenha estabilizado no mês de dezembro, a vacinação contra a covid-19 tem “progredindo com algumas flutuações”.

Cerca de 81 por cento das pessoas com mais de 80 anos estão vacinadas; na faixa dos 70 anos temos 76 por cento das pessoas vacinadas; na faixa dos 65 cerca de 66 por cento.

Ou seja, acima dos 65 anos temos três quartos da população vacinada.
A maior parte das pessoas que ainda estão por vacinar contra a covid-19 são crianças e jovens entre os 5 e os 20 anos, avançou hoje o coordenador do plano de vacinação Carlos Penha-Gonçalves.

Há uma fração da população que ainda está à espera da segunda dose porque não é elegível, sendo na maior parte crianças que foram vacinadas no dia 18 e 19 de dezembro, explicou o representante do Núcleo de Coordenação do Plano de Vacinação contra a covid-19, na reunião que hoje de manhã juntou peritos, políticos e o Presidente da República.

“No que diz respeito ao perfil etário da vacinação primária (…) estamos com altas taxas de vacinação até à faixa etária dos 20 anos e a partir daí para baixo estamos agora a vacinar as crianças entre os 11 e os 5 anos que vão ajudar a melhorar a vacinação e a proteção destas nestas faixas etárias mais baixas”.

11h34 – Recomendações sobre estratégia de comunicação da pandemia

Raquel Duarte, da ARS Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, forneceu no Infarmed várias recomendações sobre como gerir a pandemia entre a população, propondo, em primeiro lugar, que os autotestes se tornem acessíveis e gratuitos, sem esquecer as populações marginalizadas.

A especialista defende também que se promova a utilização do autoteste com a possibilidade de validação, presencial ou remota, por profissionais de saúde, assim como o seu registo para efeito de certificação.

É ainda recomendada a capacitação individual face ao que fazer perante um teste positivo.

Pode também ser útil “garantir a existência de planos de contingência que ofereçam aos serviços de saúde a flexibilidade para se adaptarem em tempo útil a necessidades emergentes, como a do aumento da capacidade das Unidades de Cuidados Intensivos”.

Já a estratégia de comunicação com a população deve passar por um aumento da avaliação individual de risco, promovendo a realização de autotestes, pela promoção do uso de máscara e pela necessidade do reforço de vacinação e da vacinação de crianças dos cinco aos 11 anos.


11h25 – Portugueses com maior perceção do risco da pandemia

Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública, falou na conferência de imprensa sobre os comportamentos e perceções sociais sobre a covid-19 durante o período de festas.

O estudo desta entidade concluiu que a perceção do risco foi alterando ao longo da pandemia, com aumentos durante períodos de mais contágios, nomeadamente a recente época natalícia.

Nas últimas quinzenas, 67 por cento dos indivíduos reportaram uma perceção de risco moderado ou elevado.

A utilização de máscaras aumentou durante convívios, em particular na última quinzena, e a frequência de testagem também ganhou relevância.

Entre 11 a 24 de dezembro, quase 50 por cento dos inquiridos disseram nunca ter realizado um teste à covid-19, número que baixou para menos de 30 por cento entre 25 de dezembro e 3 de janeiro.


11h11 – Sem restrições de “mobilidade”, há maior circulação do vírus

Este aumento de casos, acontece em “circunstâncias de uma enorme capacidade do vírus circular”.

Henrique Barros esclareceu que há “uma mobilidade no fim do ano e mesmo hoje em dia” que é muito próxima à que “tínhamos antes da pandemia”.

“Ou seja, uma das circunstâncias de controlo desapareceu e, portanto, este cenário que estamos a viver é de uma enorme liberdade de circulação de vírus”.

Segundo o especialista em Saúde Pública, “estamos a viver circunstâncias que facilitam ou podem facilitar a circulação do vírus”.

Para Henrique Barros é considerando a taxa de vacinação e o número de internamentos e de óbitos que se “deve pensar o futuro”.

11h06 – Henrique Barros considera "brutal" a diferença entre o número de novos casos, internamentos e óbitos comparativamente a janeiro de 2021

Henrique Barros do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, sobre o fim da pandemia afirmou ser “um desafio”, perante a situação atual.

Comparando o número de infeções de finais de novembro de 2021 e de novembro de 2020, o especialista indica que “tínhamos claramente menos casos de infeção em todas as idades, exceto na idade em que ainda não havia vacinação”.

“Isto é extremamente tranquilizador para avançar com toda uma série de decisões”, afirmou.

No entanto, comparando a situação a 1 de janeiro deste ano e a 1 de janeiro de 2021, verificamos que agora “temos um aumento enorme de número de casos e que anda à volta de quatro vezes mais do que era há um ano, exceto nas idades mais avançadas onde há uma enorme cobertura vacinal e há uma dose de reforço”.

“É brutal a distância entre o número de casos que nós tínhamos há um ano e os que temos agora. Mas também é brutal a diferença entre o número de internamentos, internamentos em cuidados intensivos e óbitos”, afirmou Henrique Barros. E continuou: “Nestas circunstâncias podemos dizer que (…) há uma dissociação inequívoca entre o número de casos, a infeção, a circulação de vírus e a sua presença e identificação e a gravidade consequente”.


11h02 – Novos casos diários podem atingir entre 42 mil a 130 mil já em janeiro

Com base em cálculos matemáticos, o INSA prevê que o número de novas infeções por SARS-CoV-2 seja “muito elevado”, com entre 42 mil a 130 mil no seu pico já em janeiro.

O INSA estima ainda que possa haver entre 1300 a 3700 camas ocupadas em enfermaria na última semana de janeiro ou primeira semana de fevereiro, consoante o nível de propagação do vírus até ao final do mês atual.

Em Unidades de Cuidados Intensivos estima-se que possa haver uma ocupação de entre 180 a 450 camas na primeira ou segunda semana de fevereiro.

Ainda assim, os números ficarão “muito aquém do máximo observado no final de janeiro de 2021 para as hospitalizações e o máximo observado no início de fevereiro de 2021 para as camas em Cuidados Intensivos”, explicou o especialista Baltazar Nunes.

10h48 – Casos de Ómicron estão a crescer 12% a cada dia

Baltazar Nunes, do INSA, explicou na conferência de imprensa que neste momento há, em toda a Europa, uma maior transmissibilidade do vírus e maiores níveis de incidência.

Em Portugal, o crescimento da variante Ómicron parece ter sido ainda mais acentuado do que, por exemplo, na Inglaterra e Dinamarca.

Esta estirpe está a crescer 12 por cento ao dia a nível de casos a nível nacional. Já as hospitalizações no país estão a crescer dois por cento ao dia.

O INSA estima que tenha havido um aumento dos contactos em dois momentos: no Natal, um aumento de cerca de 25 por cento; e, no Ano Novo, um aumento de 15 por cento.

A entidade diz também haver uma potencial diminuição da efetividade da vacina com o passar do tempo.


10h35 – Estudos revelam menos severidade da variante Ómicron mas capacidade de reinfeção 10 vezes maior

De acordo com um estudo realizado na Escócia, e apresentado por Ana Paula Rodrigues, a variante Ómicron revela menos severidade e “uma redução no risco de internamento de cerca de um terço”.

“Ou seja, os casos internados pela ómicron representavam um terço daquilo que seria esperado se houvesse um igual risco de internamento do que o observado na variante Delta”, explicou a especialista do INSA.

Também foi observado “um risco de reinfeção dez vezes superior nos casos da variante ómicron, fruto do provável escape imunológico desta variante”.

Segundo um estudo norte-americano, comparando casos ómicron e casos delta, o risco de hospitalização “foi menor” nos casos de infetados por esta nova variante.

“Não há diferenças nos grupos etários nestas conclusões, embora os valores variem”, adiantou a especialista. “Em todos os grupos etários vemos (…) um menor risco quer de internamento quer de ida à urgência”.

Isto resulta, segundo Ana Paula Rodrigues, da conjugação de dois fatores: “por um lado temos a potencial menor gravidade da infeção (…), da menor capacidade de ligação do vírus às células do pulmão”, e por outro “temos o papel da imunidade que adquirimos, quer por vacinação quer por infeção”.

Baseando-se num estudo britânico, Ana Paula Rodrigues afirmou ainda que, quanto a efetividade da vacinação na variante Ómicron, “é globalmente e em todas as situação mais baixa do que a estimada para a Delta”.

No entanto, com o reforço vacinal observa-se “um aumento da efetividade vacinal mesmo nos casos contra ómicron, variando esta efetividade quer com o tempo desde a terceira dose quer com o tipo de vacina que foi feita inicialmente”.

Por isso, a especialista do INSA diz que a efetividade contra infeção podemos classificar depois do reforço vacinal “entre moderada a elevada”. Há, contudo, um “decaimento mais rápido desta imunidade da variante ómicron do que na Delta, fruto da maior capacidade de escape imunitário”.

A efetividade da vacina contra infeção no caso da variante Ómicron, indicou, situa-se entre os 40 e os 70 por cento e é considerada "moderada contra a infeção sintomática".

Já a efetividade contra a hospitalização, independentemente do tipo de vacina, no caso da Ómicron, e após o reforço vacinal, é de 88 por cento. Após a segunda dose situa-se entre os 52e os 72 por cento "dependendo do tempo que decorreu entre última toma da vacina", disse.

Os dados apontam para valores inferiores na efetividade da vacina relativamente ao que se verificava na variante Delta, "mas após o reforço aproxima-se. Contudo, não se sabe ainda qual é o decaimento no risco de hospitalização com o tempo, mas espera-se que seja menor", acrescentou.

10h33 – Variante Ómicron. Dados epidemiológicos revelaram “maior risco de hospitalização nas crianças com menos de 5 anos e nos adultos com mais de 60 anos”

Ana Paula Rodrigues do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, falou da “aparente menor gravidade da infeção”, baseando-se nos dados epidemiológicos de vários países, e de que “forma pode afetar” a situação em Portugal, considerando “um novo padrão de infeções”.

Referindo-se à nova variante Ómicron, a perita recordou que os primeiros dados surgiram na África do Sul mais ou menos “na altura em que surgiram novas medidas em Portugal”, quando havia ainda “um grande desconhecimento” sobre a gravidade desta infeção. Na África do Sul verificou-se, explicou, “um risco de internamento” de cerca de um quinto da probabilidade, comparando com os que estavam infetados com a variante Delta.

Contudo, não havia dentro dos casos de internados “uma diferença no risco da evolução para um agravamento dos casos internados para Ómicron e Delta”.

Com base nos dados disponíveis, a especialista do INSA referiu que havia “maior risco de hospitalização nas crianças com menos de 5 anos e nos adultos com mais de 60 anos”.

No entanto, “a variante Ómicron começou por afetar adultos mais jovens no início e portanto não havia tanta certeza sobre o seu comportamento nos grupos mais velhos”.

10h27 – Ómicron multiplica-se 70 vezes mais rápido do que Delta

Falando sobre a transmissibilidade da Ómicron, o especialista do INSA João Paulo Gomes referiu um estudo segundo o qual esta variante se multiplica 70 vezes mais rápido do que a variante Delta nas células das vias respiratórias superiores.

No entanto, é dez vezes mais lenta a reproduzir-se nas células do pulmão, o que explica a menor severidade da doença provocada por esta estirpe.

O especialista explicou ainda que a maior transmissibilidade não parece estar associada à quantidade de vírus expelidos por aerossóis, mas sim à maior rapidez com que nos tornamos infeciosos e à capacidade da Ómicron de fugir ao nosso sistema imunitário.

10h18 – Ómicron representa 90% dos casos a nível nacional

João Paulo Gomes, do INSA, falou na conferência de imprensa do Infarmed sobre a evolução da prevalência da variante Ómicron em Portugal.

Na semana antes do Natal, a região de Lisboa e Vale do Tejo já tinha Ómicron com uma prevalência de cerca de 50 por cento, adiantando-se a todas as outras regiões.

A estirpe espalhou-se rapidamente e, na terça-feira, representava já 90 por cento dos casos a nível nacional, avançou o especialista.

Segundo João Paulo Gomes, em Portugal estão a ser utilizadas duas estratégias para monitorizar a prevalência da Ómicron no país. A primeira baseia-se na sequenciação e representa uma vigilância semanal. A outra monitorização é através da falha do gene “S” e é realizada diariamente com base nos testes de diagnóstico.


10h06 – Incidência com tendência "fortemente crescente" em todas as regiões do país

Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde, apresentou a situação epidemiológica em Portugal, referindo que estamos “numa fase diferente da pandemia”.

Esta fase, segundo o especialista, caracteriza-se pelo “número de novos casos mais elevado desde o início da pandemia”, com valores históricos nos últimos dias. A incidência cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes é de 2007 casos, o que corresponde “a mais 131 por cento relativamente ao período homólogo”.

“Este aumento de incidência traduz-se numa tendência fortemente crescente”, afirmou o representante da DGS, acrescentando que a média diária era de 121.000 casos na semana passada.

Além disso, observa-se uma tendência fortemente crescente em todas as regiões do país, especialmente na região de Lisboa e Vale do Tejo e região autónoma da Madeira.

Verificando a incidência por grupos etário, Pedro Pinto Leite referiu que o grupo dos 20 aos 29 anos continua a ser o que mantém maior incidência, seguindo-se o dos 30 aos 39 anos. Já o grupo dos 60 aos 69 anos ultrapassou a incidência de 960 casos por 100 mil habitantes.

“Temos um aumento da incidência em todos os grupos etários, mas este aumento foi maior nos grupos etários mais jovens relativamente aos mais velhos”.

Quanto à testagem, o especialista da DGS começou por dizer que na última semana foi “a semana com maior número de testes realizados”, cerca de 1.700.000 testes. E verifica-se um aumento na proporção da positividade dos testes de cerca de 10 por cento – um valor superior ao valor de referência de 4 por cento determinado pelo ECDC.

A grande maioria dos testes realizados nos últimos dias, continuou, são testes rápidos de antigénio.

Fazendo uma breve avaliação da situação vacinal no país, Pedro Pinto Leite indicou que há, atualmente, pelo menos 90 por cento da população vacinada com uma dose e 89 por cento com o esquema vacinal primário completo. Já o reforço vacinal no grupo de 65 ou mais anos encontra-se nos 86 por cento – “o que representa uma elevada cobertura vacinal e proteção da vacina na população portuguesa”.

Perante um número elevado de novos casos, e considerando a taxa de vacinação e a menor gravidade da variante Ómicron, Pedro Pinto Leite considera que se deve verificar o aumento de infeções “com alguma cautela”, principalmente no que diz respeito aos internamentos, a pressão no sistema de saúde e no setor social e económico.

O número de internamentos total tem uma tendência crescente, mas a nível de cuidados intensivos a tendência mantém-se estável. Caracterizando os casos de internamentos, o especialista refere que a maioria dos casos pertence ao grupo etário dos 80 ou mais anos.

O risco de internamento, contudo, mantém-se reduzido nos grupos com esquema vacinal completo. E a nível do impacto da mortalidade, a taxa a 14 dias é de 19 óbitos por milhão de habitantes – “muito abaixo dos valores que já tivemos ao longo da pandemia”.

10h03 - Começou a reunião do Infarmed

Marta Temido abriu a reunião do Infarmed, apresentando o painel de especialistas que vão estar presentes na sessão.

10h00 - Início da reunião do Infarmed está marcada para esta hora.
Situação epidemiológica em Portugal

Nos últimos dias, devido à disseminação da variante Ómicron, as infeções em Portugal tem registado históricos de infeções, embora haja menos internamentos e vitimas mortais devido à covid-19, comparativamente ao período homólogo de 2021. Na terça-feira, a incidência de infeções com SARS-CoV-2 subiu para 1.805,2 casos por 100 mil habitantes e o índice de transmissibilidade (Rt) também registou um aumento, passando para 1,43. Segundo o mais recente boletim da Direção-Geral da Saúde, houve mais 25.836 casos de infeção no país e 15 mortes.

Na reunião na sede do Infarmed, em Lisboa, apenas estarão presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, além da ministra da Saúde, Marta Temido, e dos especialistas.

A situação epidemiológica em Portugal será apresentada por Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde, enquanto João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), falará sobre a evolução da prevalência e transmissibilidade da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2.

A Ana Paula Rodrigues, também do INSA, caberá apresentar dados sobre a gravidade da infeção e a eficácia das vacinas, seguindo-se Baltazar Nunes, do mesmo instituto, que explicará o cenário de impacto da Ómicron na população portuguesa.

As certezas e incertezas da pandemia é o tema que será abordado por Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, cabendo a Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública, expor os comportamentos e as perceções sociais durante o período das festas.

As recomendações para a gestão da pandemia estarão a cargo de Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, ao que se seguirá um ponto de situação da vacinação contra a covid-19 pelo coronel Carlos Penha-Gonçalves.

Este encontro no Infarmed, na véspera do Conselho de Ministros, ocorre numa altura em que a incidência de infeções com o coronavírus SARS-CoV-2 subiu para 1.805,2 casos por 100 mil habitantes e o índice de transmissibilidade (Rt) também registou um aumento, passando para 1,43.