SIRESP. Governo avalia 25 milhões como "investimento baixo"

por RTP
A proposta do grupo de trabalho para as melhorias no SIRESP “representa um investimento baixo”, na perspetiva do Ministério da Administração Interna Nacho Doce - Reuters

A proposta do grupo de trabalho encarregue de formular soluções para melhorar o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, que pode significar até 25 milhões de euros, foi esta quinta-feira classificada pelo Governo como “um investimento baixo”, tendo em conta aquele que “foi realizado desde a criação da rede”. O braço português da Altice considera, por sua vez, que o relatório em causa revela “alguma ignorância”.

O relatório, sublinha em comunicado o Ministério da Administração Interna, é o produto de um grupo de trabalho “independente, especializado e multidisciplinar”, formado por iniciativa do Executivo e “que estuda a rede SIRESP há vários anos”.

“O trabalho visa preparar o período posterior a 2021 e representa um investimento baixo relativamente ao que foi realizado desde a criação do sistema”, prossegue o Ministério de Eduardo Cabrita, para acrescentar que o relatório estima que “não houve falhas consideráveis e que os problemas verificados na rede em 2017 foram em grande parte resolvidos”.

Na edição desta quinta-feira, dia em que o grupo de trabalho é ouvido no Parlamento, o jornal Público revelou que o relatório recomenda alterações de fundo no SIRESP com um custo que pode situar-se “entre 20 a 25 milhões de euros”. Mudanças que terão de estar em prática a partir de 1 de julho de 2021, momento em que expira o atual contrato.

Joana Machado - RTP

O painel encabelado por Carlos Salema, presidente do Instituto de Telecomunicações, sustenta mesmo que o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança “já foi pior, mas não é seguro”, desde logo em “situações extraordinárias”.

No mesmo comunicado, citado pela agência Lusa, a Administração Interna aponta ainda o facto de o grupo de trabalho recomendar que a atual rede permaneça a funcionar após 2021, por “motivos de experiência, conhecimento dos utilizadores e investimentos efetuados, e que a evolução para uma nova tecnologia deve ser feita de forma progressiva e complementar, resultando num sistema multitecnologia”.

O Ministério faz também referência à redundância por satélite, que “era a única intervenção que podia ser feita em 2018 para ter uma solução no verão”. “Qualquer outra solução levaria mais de dois anos a instalar”, acrescenta, baseando-se no teor do relatório.

Em declarações à Antena 1, durante a manhã, o secretário de Estado da Proteção Civil havia já argumentado que parte dos problemas identificados no relatório do grupo de trabalho estaria resolvida, nomeadamente a gestão pública.

O Ministério da Administração Interna assinala, por último, a importância da rede SIRESP para o funcionamento de serviços críticos, suportando comunicações a 40 mil utilizadores de 125 entidades, além de 433 corpos de bombeiros.
"Alguma ignorância"

Também o presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, já se pronunciou sobre o relatório. Em tom crítico.

“Parece-me, desde logo, que é fruto de apenas uma dissertação de teor eminentemente académico que mostra um profundo desconhecimento e até mesmo alguma ignorância sobre aquilo que é a realidade do nosso país”, reagiu o administrador, que falava aos jornalistas à margem de um evento da empresa no Algarve.

Alexandre Fonseca entende que o estudo mostra também “algum deslocamento” face à realidade da montagem de redes no país.

“Dizer que o que temos que fazer é esquecer as redes atuais e reconstruir, de raiz, uma rede em fibra ótica e que recorra ao enterramento dessa rede e depois falar em valores de 25 milhões de euros é totalmente surreal”, acentuou, para frisar que a estruturação de uma tal rede, que “nunca será inferior a 40 mil quilómetros”, implica investir “mais de mil milhões de euros”.

O Estado adquiriu por sete milhões de euros a participação dos operadores privados Altice e Motorola no SIRESP. A transferência vai acontecer em dezembro, mas a parceria público-privada vai perdurar até ao fim do contrato, em 2021.

c/ Lusa
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