SOS Racismo requer processo disciplinar à PSP após publicação no Facebook

por RTP
Ativistas durante a concentração "Unidos Contra O Fascismo" em Lisboa António Cotrim - Lusa

No centro da polémica está uma publicação na rede social Facebook de uma página denominada “Corpo de Intervenção da PSP”, onde se ironiza com o pedido de proteção policial por parte da deputada Joacine Katar Moreira e de um dos dirigentes da SOS Racismo, Mumadou Ba, enquanto “duas pessoas que nutrem um ódio enorme pelos polícias”. A associação considera as declarações “muito graves” e sugere que, caso o autor do comentário seja um membro da PSP, este seja alvo de um processo disciplinar.

A Associação SOS Racismo recebeu um e-mail onde dava um prazo de 48 horas para que dez pessoas abandonassem o território português. Entre essa lista estão incluídos nomes como Mamadou Ba, dirigente da SOS Racismo, e os das deputadas Joacine Katar Moreira, Mariana Mortágua e Beatriz Gomes Dias.

Na sequência destas ameaças, pelo menos nove das pessoas em causa pediram proteção policial.

Na rede social Facebook, uma página denominada “Corpo de Intervenção da PSP” ironizou este pedido de proteção: “Joacine Moreira e Mamadou, duas pessoas que nutrem um ódio enorme pelos polícias, agora pedem proteção das mesmas? Então os Polícias agora já não são racistas e nem violentos? Então agora a polícia já não é uma “bosta”? Polícia agora já não é quem abusa da força policial? Pois é, afinal quando o medo aperta, toda a arrogância desaparece…”.

Em comunicado, a associação antirracista apelidou estas declarações como “muito graves”. “As forças de segurança, perante todo o tipo de ameaças, têm o dever de proteger todas/os as/os cidadãs/ãos e têm de saber lidar com as críticas da sociedade civil e as suas organizações”, escreve a SOS Racismo.

“Os recentes fenómenos de ameaças por parte de movimentos e grupos de extrema-direita, fascistas e neo-nazis são demasiado graves e preocupantes para que se questione a proteção às e aos visadas/os. Num Estado de direito democrático a segurança e a integridade das pessoas está acima de qualquer discussão política ou opinião distorcida”, sublinha a associação.

A SOS Racismo solicita à PSP “que se demarque deste comentário e destes grupos” e exige mesmo que, caso o autor do comentário seja do Corpo de Intervenção da PSPS, este seja alvo de um processo disciplinar. “Se não for um elemento da PSP, deverá ser apresentada queixa contra terceiros”, acrescenta a associação.

A publicação em causa foi eliminada do Facebook e o grupo alterou o seu nome para “Página de apoio ao Corpo de Intervenção da PSP” de modo a “que fique bem claro e não haja qualquer dúvida que esta página é apenas uma forma de prestar tributo e homenagear o Corpo de Intervenção da PSP”.


O grupo esclarece ainda que “esta página nunca esteve e nunca estará ligada a nenhum partido político, nem à esquerda, nem à direita, nem ao centro, e muito menos ao CHEGA ou a outros similares”.

No seguimento das ameaças à SOS Racismo e a três deputadas, centenas de portugueses saíram às ruas de Lisboa e Porto no passado fim-de-semana para exigir ao Governo mais ação contra o racismo e o crescimento da extrema-direita. A Polícia Judiciária está a investigar estas ameaças.
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