Vacinação obrigatória é "assunto em aberto"

por RTP
Lusa

O Governo apresentou na Assembleia da República um projeto de lei sobre saúde pública onde há um capítulo sobre vacinação. Em entrevista no Telejornal, o ministro da Saúde admitiu a necessidade de se discutir a vacinação obrigatória.

Questionado na RTP sobre se não seria melhor tornar a vacinação obrigatória, Adalberto Campos Fernandes explicou que é necessário haver bom senso. O ministro da Saúde diz que o Governo tem como objetivo lidar da melhor maneira possível com o surto epidémico e esclarecer a população, particularmente os pais.

Adalberto Campos Fernandes mostrou o seu pesar para com os pais da adolescente que morreu esta madrugada no hospital D. Estefânia. "Merecem a nossa solidariedade e o nosso respeito".

Para o ministro da Saúde discutir a obrigatoriedade das vacinas em Portugal é um assunto que se encontra em aberto e adiantou que no Parlamento já deu entrada um projeto lei que visa o capítulo da vacinação. "A presença da lei na Assembleia da República é uma boa oportunidade para que esse debate e discussão se iniciem".

"Esta é uma matéria que deve ser discutida no parlamento, com audição de peritos, porque se trata de uma alteração das liberdades", disse o ministro.
Ciência e opinião

Mais do que o plano político, o ministro da Saúde pediu que este dossier fosse colocado em destaque no plano científico. "A ciência tem perdido sistematicamente o combate com a opinião e hoje assistimos a movimentos de opinião absolutamente incompreensíveis, que não têm nenhuma sustentabilidade científica".

Questionado sobre a taxa de vacinação no país, Adalberto Campos Fernandes afirmou que Portugal tem uma das taxas de cobertura nacional mais elevadas da Europa. Acrescentou no entanto que o país está aberto à comunidade exterior pelo que os cidadãos estarão sempre em risco de contrair a doença.

"A vacinação é uma marca extraordinária civilizacional", disse o ministro, que se mostrou crítico sobre aqueles que lhe tiram credibilidade, afirmando que se tratam de atos que mostram pouca responsabilidade. Adalberto Campos Fernandes voltou a falar da boa taxa de cobertura nacional e comparou-a com a dos Estados Unidos, onde a vacinação é obrigatória.

"Há países que têm obrigatoriedade imposta, nomeadamente os Estados Unidos, e nem por isso os indicadores, principalmente da mortandade infantil, são melhores do que os indicadores portugueses".
Escolas

Confrontado com questão de alunos matriculados que não apresentam as vacinas em dia e que podem ser focos de contágio, Adalberto Campos Fernandes explicou que a ação a aplicar é a de "afastar as crianças infetadas por um período de 21 dias e instar ao ato vacional".

O ministro da Saúde confirmou que quando existirem casos de alunos que não estejam vacinados ou tenham a doença e entrem em contacto com outras pessoas, as crianças em questão poderão ser suspensas por um período que é o de incubação da doença. "[Fica] Afastado da escola, fora da atividade escolar para não contaminar outras crianças".

Para o ministro da Saúde a grande prioridade no momento é que o fenómeno, que diz ser mais contido que em outros países europeus, seja estabilizado, reduzido e controlado.

Instado a comentar se os bebés deveriam ser vacinados ainda mais cedo que o normal (aos doze meses), Adalberto Campos Fernandes disse que a norma hoje emitida pela Direção Geral de Saúde prevê essa situação mas apenas quando há prescrição médica, não sendo obrigatória a sua administração.
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