Variante Delta já representa 55% das novas infeções em Portugal

por RTP
Ação de fiscalização da ASAE, com o apoio da Polícia Municipal de Lisboa, no Bairro Alto Mário Cruz - Lusa

A variante Delta está a impor-se em território português. No espaço de um mês, a prevalência passou de quatro para 55,6 por cento, mostra o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 no país, agora divulgado. É “uma subida galopante”.

A variante Delta, inicialmente identificada na Índia, teve “uma subida galopante” na frequência à escala nacional, embora a distribuição seja “ainda muito heterogénea entre regiões”, lê-se no relatório do INSA.
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A distribuição vai dos 3,2 por cento nos Açores aos 94,5 no Alentejo. Mas “é expectável que esta variante se torne dominante em todo território nacional durante as próximas semanas”.

Segundo o Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge, do conjunto de sequências da variante Delta analisado até à data, 46 apresentam a mutação K417N na designada proteína Spike.
Perto de 50 por cento dos casos dizem respeito a duas cadeias de transmissão locais, ou seja, a circulação comunitária aparenta ser, por ora, limitada: a frequência relativa do perfil Delta+K417N é, na amostragem nacional de junho, de 2,3 por cento.

Entre as sequências analisadas, a variante Alpha (B.1.1.7), associada ao Reino Unido, foi detetada por sequenciação com uma frequência relativa de 40,2 por cento, evidenciando uma quebra expressiva na frequência a nível nacional; em maio era de 88,4 por cento.

Ainda assim, “esta variante é ainda a mais prevalente na região Norte (62,7 por cento) e nas regiões autónomas dos Açores (96,8 por cento) e Madeira (69,8 por cento)”.

A frequência relativa das variantes Beta (B.1.351) e Gamma (P.1) permanece baixa e sem tendência de crescimento.

“Em particular, destaca-se que a variante Beta foi detetada a uma frequência de 0,1% e em apenas duas regiões (Lisboa e Vale do Tejo e Região Autónoma da Madeira)”, indica o relatório.
Monitorização contínua
No quadro da vigilância genómica, foram obtidas 1087 sequências da amostragem nacional de junho, que incidiu sobre o período entre os dias 2 e 15 e abrangeu laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, num total de 131 municípios.

Foram analisadas, até ao momento, 9846 sequências do genoma do coronavírus que causa a Covid-19, a partir de amostras de mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 284 concelhos. O INSA implementou, a partir de junho “uma nova estratégia de monitorização contínua da diversidade genética do novo coronavírus em Portugal”, que tem por base “amostragens semanais de amplitude nacional”.

“Esta abordagem permitirá uma melhor caracterização genética do SARS-CoV-2, uma vez que os dados serão analisados continuamente, deixando de existir intervalos temporais entre análises”, assinala o instituto.
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