Acordo da AD com o Chega? Ventura insiste, Montenegro desmente

por Joana Raposo Santos - RTP
As eleições legislativas realizam-se já este domingo Pedro A. Pina - RTP

"Se houver maioria parlamentar à direita, eu tenho 99 por cento de garantia e de certeza de que vai haver um governo à direita", assegura André Ventura. "É uma coisa da cabeça do doutor André Ventura, mais nada", contrapõe Luís Montenegro. Apesar de ambos quererem afastar o Partido Socialista do poder, os líderes do Chega e da Aliança Democrática têm visões diferentes acerca do desfecho das eleições de dia 10 de março.

Em entrevista à RTP esta semana, Ventura falou das forças vivas do PSD que defendem um entendimento com toda a direita. Numa arruada na noite de terça-feira, insistiu que ainda nesse dia voltou a ouvir "pessoas do PSD" dizerem isso e que "não é nada de novo".

"Eu vou repetir estas palavras que são minhas e só a mim me responsabilizam. Se houver maioria parlamentar à direita, eu tenho 99 por cento de garantia e de certeza de que vai haver um governo à direita", vincou perante os jornalistas em Évora.

"Eu não me quero desviar disto um segundo e assumo as minhas palavras: haverá um governo à direita. Podem votar à direita, se alguém tiver que sair não será a direita, será Luís Montenegro", acrescentou.

Questionado sobre quem tirará o líder do PSD do cargo, indicou que "certamente que aqueles que acreditam que tem que haver um governo à direita o farão", escusando concretizar.

O candidato pelo Chega às legislativas de domingo disse ainda que não vai estar refém do líder social-democrata para "ter uma alternativa ao socialismo", acreditando que existe "uma hipótese histórica de ter um governo alternativo" e que "só um tonto é que não o fará e deixará o PS a governar".
"Coisa da cabeça" de André Ventura
As teorias de Ventura não são, porém, apoiadas por Luís Montenegro. O presidente do PSD tem rejeitado fazer qualquer acordo de governação com o Chega após as eleições legislativas de domingo, garantindo que "não é não", e tem repetido que só será primeiro-ministro se vencer as eleições.

Na entrevista à RTP transmitida terça-feira, o social-democrata assegurou que os anúncios para um eventual acordo à direita com o Chega são criações de André Ventura para se fazer notar e referiu que está na corrida para ser primeiro-ministro e não líder da oposição.

Questionado sobre as palavras do líder do Chega, Montenegro respondeu que "não têm explicação" e falou num episódio "entre muitos que o doutor André Ventura tem tentado lançar para ver se as pessoas olham para ele nesta campanha eleitoral". "É uma coisa da cabeça do doutor André Ventura, mais nada", garantiu.

"Cada vez mais sinto que há muitos eleitores, que eram potenciais eleitores quer do Chega quer do Partido Socialista, que não se reveem nesta campanha, que traz casos, que traz polémicas, em vez de trazer propostas, equipas, soluções para os seus reais problemas", argumentou o candidato da AD.

"Sinto que aquilo que procurei fazer até agora está ainda mais vivo neste últimos dias da campanha, em que muitos eleitores poderão ter dúvidas", continuou. "E é na Aliança Democrática que vão encontrar um porto seguro para podermos ter uma mudança".

As eleições legislativas realizam-se já este domingo. A última sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público dava a vitória à Aliança Democrática, com 33 por cento dos votos, seguida do PS, com 27 por cento. O Chega surge em terceiro lugar, reunindo 17 por cento das intenções de voto.

Pode consultar aqui as principais propostas dos partidos com assento parlamentar.

c/ Lusa
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