Açores. Aliança Democrática quer governar com maioria relativa e garante que não irá ceder a chantagens

por Joana Raposo Santos, Andreia Martins, Inês Geraldo - RTP
Eduardo Costa - Lusa

A coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu este domingo as eleições nos Açores, arrecadando 42,08 por cento dos votos e assegurando 26 mandatos. O líder desta aliança, José Manuel Bolieiro, veio já assegurar que governará com uma maioria relativa e que não irá ceder a chantagens.

O PS ficou em segundo lugar, com 35,91 por cento e 23 deputados. Segue-se o Chega (9,19 por cento e cinco mandatos), o Bloco de Esquerda (2,54 por cento, um mandato), a Iniciativa Liberal (2,15 por cento, um mandato) e o PAN (1,65 por cento, um mandato).

Sem deputados ficam o PCP-PEV, que obteve 1,58 por cento dos votos, o Livre (0,64 por cento), JPP (0,54 por cento), ADN (0,33 por cento) e, por fim, MPT.Aliança (com apenas quatro votos).

Houve ainda 2,18 por cento de votos em branco e 1,22 por cento de votos nulos. A abstenção fixou-se nos 49,67 por cento, percentagem menor à das últimas eleições regionais.

Nas eleições açorianas de 2020 o PS foi o vencedor, mas perdeu na altura a maioria absoluta para a coligação pós-eleitoral de direita, que acabou por ficar com uma maioria de 29 deputados após assinar acordos com o Chega e a Iniciativa Liberal.

André Ventura veio já declarar que só uma "maioria clara" entre a AD e o Chega permitirá afastar o PS do poder. O líder do partido considera que uma solução parlamentar não é suficiente e que será necessário um acordo de Governo entre as duas partes.
“Valeu a pena esta coesão”, diz Bolieiro
José Manuel Bolieiro já reagiu à vitória do seu partido. “Estou feliz e alegre pela confiança que me transmitem”, disse aos açorianos o líder da coligação PSD/CDS/PPM.

Para o líder social-democrata, a vitória resume-se “a um valor”: 48.668 votos. “É a crescer que confirmamos a confiança e o caminho que prosseguimos, com vantagem para o povo”, declarou.

“Também quero agradecer ao PSD e a todas as suas estruturas”, assim como ao CDS e ao PPM, disse Bolieiro, falando em “coesão na coligação, sentido de missão ao povo e à nossa democracia”.
“Valeu a pena esta coesão”, vincou o líder da Aliança Democrática dos Açores.

O líder da Aliança Democrática nos Açores declarou ainda que o seu objetivo é manter o seu perfil político e o seu perfil pessoal, “dialogante, conciliador, com sentido de missão, com a responsabilidade de não deixar ninguém para trás, mas liderar sem ceder a chantagens”.
Sobre as eleições de 10 de março no continente, Bolieiro disse querer um primeiro-ministro que “saiba reconhecer o Portugal inteiro, que seja amigo dos Açores, que seja amigo da autonomia política” e que olhe para a projeção atlântica “não como um fardo, mas como uma melhor oportunidade de Portugal ter relevo na Europa e no mundo”, apelando à vitória de Luís Montenegro.

Questionado sobre eventuais coligações, o vencedor disse que prometeu cumprir com a soberania do povo. “Também sei que a coerência e a coesão pela estabilidade só foi assegurada por esta coligação PSD/CDS/PPM e mais ninguém”, sublinhou. “Esta liderança da governação não pode ceder a chantagens. Governarei com uma maioria relativa”, garantiu José Manuel Bolieiro.

“Tenho a responsabilidade de liderar um Governo desta coligação. Creio que foi bem claro o povo: castigou o líder de uma coligação negativa que disse, durante a campanha eleitoral, que tinha aprendido nestes três anos de oposição que precisava de ser mais dialogante”, acrescentou o presidente da coligação vencedora.
Primeira derrota do PS nos Açores desde 1996

Os socialistas venciam as eleições legislativas regionais desde 13 de outubro de 1996, ano em que foi eleito, sem maioria absoluta, Carlos César, interrompendo então um ciclo vitorioso do PSD de Mota Amaral desde as primeiras eleições regionais (a 8 de setembro de 1976).

Em declarações aos meios de comunicação social, Vasco Cordeiro admitiu que o PS não teve o resultado esperado nos Açores e que deu os parabéns a José Manuel Bolieiro pela vitória da coligação Aliança Democrática nas eleições regionais dos Açores.
Questionado sobre se irá continuar na liderança do PS/Açores, Vasco Cordeiro não respondeu e disse que qualquer decisão será para ser tomada noutro local e noutra altura.
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