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AD venceu eleições nos Açores sem maioria absoluta. O que se segue?

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
André Kosters - Lusa

A coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu as eleições nos Açores, no domingo, tendo conquistado 42,02 por cento dos votos e assegurado 26 mandatos. Apesar de ter ficado a três deputados da maioria absoluta, o líder desta aliança, José Manuel Bolieiro, já assegurou que governará com uma maioria relativa, rejeitando ceder às chantagens do Chega. A bola fica, assim, do lado do PS, que não é claro sobre a viabilização do Governo Regional da AD.

A noite de domingo foi de festa para o PSD-Açores, uma vez que esta foi a primeira vez em 30 anos que os social-democratas conseguiram derrotar o PS nas eleições legislativas regionais.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu as eleições com 42,08 por cento dos votos, assegurando 26 dos 57 lugares no Parlamento regional. O PS ficou em segundo lugar, com 35,91 por cento e 23 deputados.

Apesar de ter ficado a três lugares da desejada maioria absoluta, o líder regional do PSD, José Manuel Bolieiro, anunciou que irá governar com “uma maioria relativa” e garantiu que não irá ceder a chantagens.

“Eu governarei com uma maioria relativa. E não se trata de uma minoria, uma vitória nunca é uma minoria, é uma maioria de votos e de mandatos”
, afirmou Bolieiro na noite de domingo na sede do PSD/Açores, em Ponta Delgada, ao lado do líder social-democrata, Luís Montenegro.
Bolieiro deixou também recados claros ao Chega, sublinhando que “esta liderança da governação não pode ceder a chantagens”. O líder regional do PSD rejeitou, assim, ficar "refém" do Chega, que passou de dois para cinco deputados.

Por sua vez, André Ventura observou que só uma "maioria clara" entre a AD e o Chega permitirá afastar o PS do poder. “Só haverá estabilidade governativa nos Açores se houver um acordo de governo para os próximos quatro anos”, disse André Ventura, garantindo estar “disponível para começar a trabalhar num processo que pode vir a ser demorado”.
“Da nossa parte, a partir de amanhã (segunda-feira) começaremos a construir essa alternativa de governo”, disse o líder do Chega, mesmo não tendo recebido qualquer convite por parte do PSD.

“Eu dialogo com todos. Não faço cercas sanitárias e sou um conciliador por natureza. Mas não aceito chantagens”, reiterou Bolieiro em declarações aos jornalistas.

O líder regional do Chega, José Pacheco, não partilha, porém, da mesma opinião que André Ventura e disse que “não há governo para ninguém” com o CDS e o PPM.

“Numa sala em que estejam Artur Lima e Paulo Estêvão, José Pacheco não entra. Sabem como é que se diz aqui em São Miguel? Desengatem-se. Ou então liguem para Marcelo Rebelo de Sousa e marque novamente eleições”, declarou.
PS deixa viabilização do governo da AD em aberto
Ao descartar o Chega e com o Iniciativa Liberal (IL) e o PAN a manterem ambos apenas um lugar na Assembleia Legislativa, a coligação de direita fica dependente da viabilização do Partido Socialista.

O líder do PS-Açores, Vasco Cordeiro, reconhece a derrota, mas não esclarece se vai viabilizar o governo regional da AD.

“Os resultados são o que são. A coligação venceu. Há a possibilidade de uma maioria de direita, coisa que nunca foi rejeitada pelo líder da coligação e, portanto, nos próximos dias haverá certamente espaço para esse debate”, disse Vasco Cordeiro na noite de domingo.
Já o secretário-geral do PS recusou fazer leituras nacionais da derrota nas eleições dos Açores e remeteu para os órgãos socialistas regionais a questão da viabilização do governo açoriano.

“Não podemos extrapolar a realidade açoriana para a realidade nacional. São planos diferentes, que têm respostas diferentes consoante a realidade que está em causa. No plano regional, será o PS Açores a determinar”, disse Pedro Nuno Santos.

No entanto, no plano nacional e perante um cenário em que a AD vença sem maioria absoluta, o líder dos socialistas avisa que há linhas vermelhas bem vincadas e é claro: “Não haja ilusões, o PS não viabiliza um governo de direita”.

“Estamos focados na vitória e é sobre esse cenário que nós trabalhamos. Qualquer outro cenário, eu posso dizer-vos que é muito difícil, praticamente impossível, que o PS possa viabilizar um governo da direita”, disse Pedro Nuno Santos.

O líder do PS nacional sublinhou, no entanto, que “é preciso esperar pelas decisões que forem tomadas pelos órgãos regionais do partido no quadro da autonomia regional”.

“Vamos esperar por essa decisão com a certeza que será uma boa decisão apoiada por todos os socialistas no plano nacional. Temos um profundo respeito pela autonomia dos Açores e não me vou substituir aos socialistas açorianos”, salientou.
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