Aguiar-Branco aplaude desafio de Montenegro a Rio

por RTP
“A minha primeira preocupação é com o país”, afirma o antigo ministro da Justiça e da Defesa em entrevista ao <i>Expresso</i> Ueslei Marcelino - Reuters

Na véspera da reunião extraordinária do Conselho Nacional do PSD, que terá sobre a mesa uma moção de confiança à liderança de Rui Rio, José Pedro Aguiar-Branco manifesta concordância com o repto de Luís Montenegro para eleições diretas. Em entrevista ao Expresso, o antigo ministro da Justiça e da Defesa sustenta que o atual presidente do partido não conseguiu assumir-se como alternativa ao PS de António Costa.

Além de se colocar ao lado do desafio do ex-líder parlamentar dos social-democratas, Aguiar-Branco anuncia a intenção de renunciar ao mandato de deputado, excluindo também candidatar-se nas próximas eleições legislativas, em outubro deste ano.

Na entrevista ao jornal, considera mesmo que as figuras críticas de Rui Rio só não se excluem das listas por estarem, nas suas palavras, “agarrados aos lugarzinhos”.José Pedro Aguiar-Branco é entrevistado às 12h00 na RTP3.


O antigo governante esclarece igualmente que não vai estar no Conselho Nacional extraordinário, marcado para a tarde de quinta-feira – uma opção que tem valido críticas à direção. Propugna, todavia, que a moção de confiança a Rui Rio seja submetida a votação secreta.

O apoio à iniciativa de Montenegro tem, para Aguiar-Branco, um argumento essencial de base: a necessidade de construir uma “alternativa clara e inequívoca” à atual solução governativa, com o PS à cabeça.

“A minha primeira preocupação é com o país. É importante para o país que haja a afirmação clara e inequívoca de uma alternativa ao PS e ao atual Governo, e a minha divergência de estratégia política é porque hoje verifico que essa alternativa não é visível nem é reconhecida pelos portugueses”, afirma.

“O PSD não pode ter como objetivo central os acordos de regime com o PS, como parece ser, isto não faz sentido. Como pessoa atenta ao que se passa no país, acho que é o interesse nacional que reclama que haja uma alternativa clara e inequívoca a esta governação, e que o presidente do PSD seja uma alternativa clara e inequívoca a António Costa. Por tudo isto não me revejo na estratégia que o partido tem seguido até agora”, reforça.
"Foi assim com Sá Carneiro"

Sobre o repto de Luís Montenegro, Aguiar-Branco sustenta que a “afirmação de uma alternativa” - reclamada pelo “interesse nacional” - “justifica o desafio que Luís Montenegro lançou”.

“Sempre que o PSD foi vitorioso em eleições foi quando se afirmou de forma inequívoca como alternativa ao PS. Foi assim com Sá Carneiro, quando constituiu a primeira Aliança Democrática, foi assim com Cavaco Silva, quando se mostrou contrário ao Bloco Central, e foi assim também com as maiorias que aconteceram com Durão Barroso e Passos Coelho”, enumerou.

“Esse reconhecimento de uma alternativa não existe neste momento e é isso que permite compreender o desafio que foi feito por Luís Montenegro”, insiste Aguiar-Branco.
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