"Convergência na oposição à direita". Partidos à esquerda aceitam repto do BE para reuniões

por RTP
“Devem ser mantidas abertas as portas do diálogo e procurar a máxima convergência na defesa do que é essencial” João Relvas - Lusa

Partido Socialista, Livre, PCP e PAN aceitaram o convite do BE para se reunirem tendo vista o debate de "elementos de convergência" na oposição a um governo de direita e na construção de uma alternativa. Mariana Mortágua lançou o convite na terça-feira.

O primeiro a aceitar o repto foi o PS, que disse estar “naturalmente disponível para receber o Bloco de Esquerda”.

O Livre, que vai ser recebido esta quarta-feira pelo presidente da República, também disse “sim” ao convite do Bloco de Esquerda.

O PAN também vai marcar presença nas reuniões do Bloco de Esquerda, mas mostrou-se também disponível para encontros com parte da direita.

O PCP também alinhou na reunião, manifestando-se disponível para “toda a convergência”, mas avisou que essa convergência tem de ser “robusta e imediata”.

Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, após uma reunião do Comité Central do partido, Paulo Raimundo avisou também que não pretende “diluir-se em qualquer projeto”.

“Nós estaremos disponíveis para toda a convergência no concreto, com uma certeza absoluta. É que, se há coisa que o PCP não fará, nem isso serviria os trabalhadores e o povo, é diluir-se em qualquer projeto que seja, qualquer ideia de projeto que implique a sua diluição”, avisou.
“Nós não negamos nenhuma possibilidade de convergência, partindo deste princípio: aquilo que se coloca neste momento é a convergência concreta, nas questões concretas e, penso que é justo não pedirem ao PCP nem a ninguém, que dilua o seu próprio projeto. Porque nós temos uma alternativa, na qual estamos na disputa, da criação dessa alternativa”, referiu Raimundo. Nessa mesma conferência de imprensa, o PCP anunciou também que vai apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD.

Na terça-feira à noite, o Bloco de Esquerda pediu reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN para “debater os elementos de convergência, não só na oposição ao governo da direita mas na construção de uma alternativa".
"Procurar a máxima convergência"
Num vídeo publicado nas redes sociais, Mariana Mortágua considera que os resultados das eleições "mudaram a face política do país" e que, tendo em conta o atual contexto, “devem ser mantidas abertas as portas do diálogo e procurar a máxima convergência na defesa do que é essencial”.
“Os partidos do campo democrático, os partidos ecologistas, os partidos da esquerda têm obrigação de manter abertas as portas do diálogo e de procurar convergências”, disse Mortágua, que alertou que os resultados obtidos pela AD, bem como a “subida da extrema-direita”, colocam o país “sob o risco de um retrocesso e uma ameaça aos direitos sociais”.

"Não abdicamos da memória, do futuro, nem do Estado social, nem do objetivo da igualdade. Queremos garantir que, juntos e juntas, faremos este ano as maiores manifestações da comemoração do 25 de abril", afirmou ainda Mariana Mortágua.

No final da noite eleitoral de domingo, a coordenadora bloquista já tinha assegurado que o BE será “parte de qualquer solução que afaste a direita do Governo”.

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
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