Eduardo Cabrita reúne consensos para reestruturar Proteção Civil

por Sandra Salvado - RTP
António Cotrim - Lusa

Restruturação da Proteção Civil, reforma da gestão da floresta, prevenção e combate aos incêndios são algumas das principais tarefas do próximo ministro da Administração Interna. Eduardo Cabrita toma posse no próximo sábado, no Palácio de Belém, substituindo Constança Urbano de Sousa. Com uma longa experiência governativa na área de gestão do território, os representantes dos bombeiros e das forças de segurança acreditam que o “peso político” do governante pode ajudar a resolver algumas das questões que estão em aberto.

Depois de um ínicio de outono trágico e um verão negro de incêndios, que provocaram mais de 100 mortos, pede-se diálogo, entendimento, vontade e estabilidade. Pelo menos é isso que se espera do próximo ministro da Administração Interna.

Muito próximo de António Costa, de quem foi secretário de Estado, tem agora a tarefa de restruturar o modelo de prevenção e combate a incêndios.

O próximo ministro da Administração Interna tinha até agora a tutela das autarquias e coordenava o processo de descentralização de competências. O acolhimento e integração dos refugiados em Portugal era outra das áreas da sua responsabilidade.

Eduardo Cabrita foi escolhido ao fim da tarde de quarta-feira pelo primeiro-ministro para o cargo de ministro da Administração Interna, substituindo assim Constança Urbano de Sousa, que se demitiu.
Licenciado em direito, Eduardo Cabrita nasceu no Barreiro em 1961 e é casado com Ana Paula Vitorino, que também integra o atual Governo como ministra do Mar.


Já desempenhou funções governativas noutros executivos socialistas, tendo sido secretário de Estado adjunto quando António Costa exerceu o cargo de ministro da Justiça, no último Governo liderado por António Guterres. Depois voltou às funções de governante no primeiro governo liderado por José Sócrates, como secretário de Estado Adjunto e da Administração Local.

Membro da Comissão Política Nacional do Partido Socialista, Eduardo Cabrita foi ainda deputado do PS na IX, XI e XII legislaturas, entre 2002 e 2005 e entre 2009 e 2015, tendo integrado a Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e a Comissão de Defesa Nacional.

No XIII Governo, Eduardo Cabrita desempenhou também o cargo de Alto-comissário da Comissão de Apoio à Reestruturação do Equipamento e da Administração do Território.

Reconhecido como um dos mais proeminentes dirigentes socialistas de Setúbal, círculo eleitoral por onde foi várias vezes eleito deputado nas listas do PS, Eduardo Cabrita foi também candidato a presidente da Federação Distrital do PS/Setúbal, em junho de 2012, mas não foi eleito, além de ter sido presidente da Assembleia Municipal do Barreiro entre 2002 e 2006.

Na anterior legislatura pertenceu ainda às comissões parlamentares de Negócios e Comunidades Portuguesas e à de Defesa Nacional, tendo ainda sido, entre 1988 e 1990, professor na Faculdade de Direito da Universidade de Macau.
“Dimensão e experiência política”
Nas reações a esta nomeação, o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, já veio dizer que o Ministério da Administração Interna estava a precisar de alguém com "dimensão e experiência política", considerando Eduardo Cabrita um homem de "grandes decisões".

Já a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) esperam que o próximo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita "venha com vontade de resolver os problemas" dos profissionais da guarda, esperando "peso político" no Governo e não "promessas vãs".

Para o presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP-PSP), Mário Andrade, o novo ministro da Administração Interna devia ser alguém fora do atual Governo, referindo que teme que sejam mantidas "as mesmas linhas orientadoras".

Fernando Curto, presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais, considerou o nome de Eduardo Cabrita uma "boa escolha" para a pasta da Administração Interna.

Também César Nogueira, da Associação de Profissionais da Guarda, espera soluções porque está cansado de promessas. Também Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, espera que o novo ministro conheça os problemas do setor.

Quanto ao presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SinSEF), Acácio Pereira, considera Eduardo Cabrita um ministro "com peso político", de quem espera uma mudança "na indefinição" que é o Ministério da Administração Interna.


c/Lusa
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