Montenegro mostra "certeza absoluta" sobre as intenções de Miguel Relvas

por RTP
Luís Montenegro acredita que Miguel Relvas não teve intenção de condicionar jornalistas RTP

Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, manifestou hoje a sua “certeza absoluta” de que Miguel Relvas nunca teve intenção de condicionar o trabalho dos jornalistas. Em Díli, onde se encontra a acompanhar a visita do Presidente da República, o deputado, mesmo assim, defende que o Parlamento deve aguardar pela investigação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre o caso que envolve o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares e o jornal Público.

Apesar de defender que o Parlamento deve aguardar pelas conclusões do inquérito que a ERC hoje irá iniciar sobre o caso Relvas/Público, Luís Montenegro mostrou uma “certeza absoluta” sobre as intenções do ministro quando fez os telefonemas para os jornalistas do diário.

Para Luís Montenegro, Miguel Relvas nunca teve qualquer intenção de condicionar o trabalho dos jornalistas e que o Governo continuará a manter respeito pela liberdade de expressão.

"Acreditamos que, como até aqui, o Governo no futuro vai continuar a relacionar-se com respeito pela liberdade de expressão e informação", referiu Montenegro em Díli à margem da visita de Estado que efetua a Timor-Leste integrado na comitiva de Cavaco Silva.

Ainda sobre o assunto o líder parlamentar do PSD referiu ainda o seu "agrado" por o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, ter solicitado junto da ERC uma averiguação sobre o que se terá passado.

Luís Montenegro
"Julgo que é importante não desvalorizar o cumprimento das capacidades e competências da ERC sob pena de estarmos a desvirtuar o sistema"
Quando ao pedido já tornado público do Partido Socialista em ouvir Miguel Relvas no Parlamento, Luís Montenegro refere que esse assunto ainda vai ser discutido esta quarta-feira na Assembleia da República, mas reforçou a importância da Assembleia aguardar pelas conclusões do trabalho da ERC.

"Julgo que é importante não desvalorizar o cumprimento das capacidades e competências da ERC sob pena de estarmos a desvirtuar o sistema", referiu Montenegro ao mesmo que lembrava “a vocação especial" que esta entidade tem para aferir sobre este e outros casos.
Montenegro destaca divergências dentro do Público
Luís Montenegro referiu ainda o facto de Miguel Relvas já ter desmentido os factos de que é acusado pelos jornalistas do Público ao mesmo tempo que destaca a divergência de opiniões sobre o assunto mesmo dentro do órgão de comunicação social que fez as acusações.

"É verdade que houve acusações feitas a um membro do Governo, que já desmentiu os factos que lhe foram imputados, mas também é verdade que dentro do órgão de comunicação social onde aconteceram esses factos também há divergências de opinião", referiu.

Sobre as condições de continuidade de Miguel Relvas no Governo, Luís Montenegro escusou-se a comentar factos que diz não estarem ainda comprovados ao mesmo tempo que repetiu a importância de que a “ERC tenha condições para fazer rapidamente o seu trabalho e dotar o Parlamento das suas conclusões para, com base nelas, o Parlamento fazer a sua missão".

Recorde-se que o conselho de redação do Público revelou na passada sexta-feira em nota tornada publica que Miguel Relvas ameaçou queixar-se ao regulador do setor, promover um "blackout" de todos os ministros ao jornal diário e divulgar, na Internet, dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma notícia sobre o caso das secretas.

A notícia, da autoria da jornalista Maria José Oliveira, pretendia evidenciar "as incongruências" das declarações do ministro quando este esteve no Parlamento a ser ouvido sobre o caso das secretas, notícia que acabou por não ser publicada tendo a direção do jornal justificado a não publicação pela não existência de "matéria publicável" ao mesmo tempo que garantia que tinha tomado a decisão antes de conhecer as ameaças do ministro.
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