Pedro Nuno Santos demitiu-se do cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
No comunicado do Ministério das Infraestruturas e da Habitação é ainda anunciada a demissão do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes António Cotrim - Lusa

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentou a sua demissão. A renúncia acontece um dia depois da saída da secretária de Estado do Tesouro e após as críticas de toda a oposição ao caso da indemnização paga pela TAP a Alexandra Reis. O secretário de Estado das Infraestruturas também sai do Governo.

O gabinete do ministro das Infraestruturas e da Habitação explica em comunicado que “face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados” em torno da polémica da indemnização da TAP a Alexandra Reis, Pedro Nuno Santos “entendeu, neste contexto, assumir a responsabilidade política e apresentou a sua demissão ao primeiro-ministro”.
Por sua vez, o primeiro-ministro anunciou em comunicado que aceitou o pedido de demissão do ministro das Infraestruturas e Habitação. Na nota, António Costa agradece a Pedro Nuno Santos "pela dedicação e empenho com que exerceu funções governativas ao longo destes sete anos, quer nas áreas da sua direta responsabilidade, quer na definição da orientação política geral do Governo". No comunicado do Ministério das Infraestruturas e da Habitação é ainda anunciada a demissão do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.

"No seguimento das explicações dadas pela TAP, que levaram o Ministro das Infraestruturas e da Habitação e o Ministro das Finanças a enviar o processo à consideração da CMVM e da IGF, o Secretário de Estado das Infraestruturas entendeu, face às circunstâncias, apresentar a sua demissão", lê-se na nota à qual a RTP teve acesso.

O gabinete do Ministério das Infraestruturas e da Habitação explica que Alexandra Reis, na altura administradora da TAP, foi substituída no cargo a pedido da CEO da empresa após a saída do acionista privado Humberto Pedrosa “por manifesta incompatibilização, irreconciliável, entre a CEO e a vogal do Conselho de Administração”.

“Para preservar o bom funcionamento da Comissão Executiva e, portanto, o sucesso da implementação do Plano de Reestruturação, foi dada autorização para se proceder à rescisão contratual com a Engª Alexandra Reis”, explica a nota.

A TAP informou, posteriormente, o secretário de Estado das Infraestruturas de que “tinham chegado a um acordo que acautelava os interesses da TAP”. Na altura, o “secretário de Estado das Infraestruturas, dentro da respetiva delegação de competências, não viu incompatibilidades entre o mandato inicial dado ao Conselho de Administração da TAP e a solução encontrada”, afirma o gabinete do ministro em comunicado.

“Todo o processo foi acompanhado pelos serviços jurídicos da TAP e por uma sociedade de advogados externa à empresa, contratada para prestar assessoria nestes processos, não tendo sido remetida qualquer informação sobre a existência de dúvidas jurídicas em torno do acordo que estava a ser celebrado, nem de outras alternativas possíveis ao pagamento da indemnização que estava em causa”, conclui a nota.
Dez demissões em menos de nove meses

A saída de Pedro Nuno Santos e de Hugo Santos Mendes faz aumentar para dez o número de demissões no Executivo de Costa em menos de nove meses.

Após estalar a polémica da indemnização da TAP a Alexandra Reis no valor de 500 mil euros, os ministros das Finanças e das Infraestruturas pediram esclarecimentos à transportadora, que afirmou que a saída da antiga governante ocorreu por iniciativa da companhia aérea.

Na terça-feira, depois de António Costa ter admitido que desconhecia os antecedentes de Alexandra Reis, Fernando Medina anunciou a demissão da então secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização TAP, tutelada por Pedro Nuno Santos.

Esta quarta-feira, o Ministério das Finanças garantiu à RTP que não tinha conhecimento da indemnização paga a Alexandra Reis quando a convidou para secretária de Estado do Tesouro.

Em resposta à RTP, o gabinete de Fernando Medina revela que só soube do acordo para a saída de Alexandra Reis da TAP na sequência das notícias sobre os 500 mil euros de indemnização à antiga administradora.

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