Probabilidade de PS rejeitar Orçamento "é reduzidíssima"

O secretário-geral do PS calculou esta terça-feira em “0,001 por cento” a “probabilidade” de o maior partido da Oposição votar contra o Orçamento do Estado para 2012. A dois dias da aprovação da proposta de lei em Conselho de Ministros, António José Seguro salienta que não deixará de “olhar para o conteúdo” do documento elaborado pelo Governo de Pedro Passos Coelho, mas atesta desde já que os socialistas vão ser “parte da solução”. Isto porque não vislumbra “uma situação em concreto” que o levasse a fazer o contrário.

RTP /
O líder socialista confessa que, por agora, não consegue ver “uma situação em concreto que levasse o PS a votar não” Estela Silva, Lusa

Com António José Seguro no lugar que pertenceu a José Sócrates, o Executivo do PSD e do CDS-PP deverá contar com os socialistas quando fizer aprovar o Orçamento do Estado para o próximo ano. O secretário-geral do PS já o tinha admitido na passada sexta-feira, quando aproveitou um jantar com novos militantes em Aveiro para dizer que “a postura do principal partido da Oposição” é “bem diferente” daquela que os social-democratas patenteavam há um ano: “Não fazemos a este Governo aquilo que o atual primeiro-ministro, como líder da Oposição, fez ao PS, quando era governo minoritário e o país precisava de um Orçamento”.

Seguro volta agora a sinalizar que “o PS fará parte da solução”. Fê-lo, desta feita, na rádio TSF. Menos de 24 horas depois de o Governo ter remetido para a próxima quinta-feira a aprovação da proposta de lei do Orçamento do Estado, o líder socialista deixou escapar que “é reduzidíssima” a hipótese de o seu partido votar contra o documento. “A probabilidade de isso acontecer é reduzidíssima, é reduzidíssima. É de 0,001 por cento”, assegurou.

Quanto a possíveis razões para um voto contra, o líder partidário admitiu que, por ora, não vê “uma situação em concreto que levasse o PS a votar não”. António José Seguro adiantou que conta reunir-se a breve trecho com o primeiro-ministro para discutir a proposta de Orçamento. Na próxima semana estará a percorrer capitais europeias, prevendo manter uma série de encontros com responsáveis políticos, entre os quais o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

“Em nome do interesse nacional”
Questionado na segunda-feira sobre declarações de Passos Coelho, que descreveu o Orçamento para o próximo ano como o “mais difícil de fechar e de executar” de que há “memória em Portugal”, Seguro evitava alargar-se em comentários. “Porque o senhor primeiro-ministro não falou comigo a esse propósito”, resumiu.

Na reunião da passada quinta-feira da Comissão Política Nacional dos socialistas, e segundo uma fonte partidária citada pela agência Lusa, António José Seguro prometera já fazer uma destrinça “entre o sinal político e conteúdo da proposta” de Orçamento do Estado. Mas deixou também a garantia de que o seu PS atuaria sempre “em nome do interesse nacional”. Ainda assim, indicaram responsáveis socialistas à agência de notícias, o líder do partido terá frisado que o documento “não é do PS”: “Não somos autores nem coautores. A proposta de Orçamento é do Governo PSD-CDS”.

Decorridas 24 horas, o próprio Seguro confirmava a fórmula de partida para a discussão e votação do Orçamento, ao dizer que o seu partido saberia “distinguir o sinal político que é necessário dar ao país, à Europa e aos que estão a ajudar Portugal num momento difícil da vida nacional”. “O PS tem uma posição claríssima. Queremos conhecer a proposta de Orçamento. Se dependesse dos votos do PS, não deixaria o país sem Orçamento, em particular num momento de grande dificuldade. Agora o PS olhará para aquilo que for a proposta de Orçamento, como é normal e é exigido a um partido responsável”.

“Uma reflexão” sobre a Madeira
No programa Fórum TSF, o líder socialista falou ainda dos resultados obtidos pelo seu partido nas eleições de domingo para a Assembleia Legislativa da Madeira. A passagem à condição de terceira força política no arquipélago, atrás do CDS-PP, e a perda de um deputado regional impõem “uma reflexão”, reiterou António José Seguro.

“O PS nunca chegou aos 30 por cento na Madeira. Está muito longe daquele que é o seu papel na política portuguesa e isso acontece exclusivamente na Madeira. Como não é pontual, é recorrente, é necessário que haja uma reflexão”, sublinhou o secretário-geral do PS, que no domingo defendera a abertura de um novo ciclo na estrutura regional do partido.

Assumindo, uma vez mais, a defesa do cabeça de lista do PS na Madeira, Maximiano Martins, Seguro argumentou que “o problema não tem a ver com rostos”. “O problema é anterior, é de base, tem muito a ver com a forma como se faz política na Madeira”, concluiu.
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