PS termina jornadas. Costa reivindica lançamento de "bases do futuro"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Estamos a corrigir grandes défices acumulados nos quatro anos da anterior legislatura”, insistiu o secretário-geral dos socialistas em Viseu Nuno André Ferreira - Lusa

No discurso que encerrou as jornadas parlamentares do PS, em Viseu, António Costa quis esta terça-feira insistir na ideia de que o Governo foi capaz de lançar “bases do futuro” na atual legislatura, corrigindo “grandes défices acumulados nos quatro anos da anterior”. O secretário-geral dos socialistas afirmou ainda que “valeu a pena” acertar posições com BE, PCP e PEV.

“Estamos a corrigir grandes défices acumulados nos quatro anos da anterior legislatura, como, por exemplo, no Serviço Nacional de Saúde. Falta-nos muito para fazer, mas há uma coisa que é verdade: não nos limitámos a gerir o presente, estivemos sempre também a preparar o futuro”, sustentou Costa, num discurso próximo do tom de campanha.

Num contexto de alguma crispação com as forças políticas à esquerda, em particular com o Bloco, a propósito das taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde, o secretário-geral socialista propugnou que o seu partido cumpriu tudo o que foi acertado. Assinalou mesmo que, no arranque da legislatura, o entendimento era visto como “uma missão impossível”.

“Alguns achavam até que era tanto otimismo que era até um otimismo irritante”, prosseguiu António Costa, que antes recordara Pedro Passos Coelho com “um iPad na mão sempre a dizer que vinha aí o diabo e um novo resgate financeiro”.Costa sublinhou em Viseu que o PS “tem o dever democrático de ser humilde”.


O primeiro-ministro lançaria mão de um conjunto de indicadores, entre os quais o de que Portugal “é o terceiro país mais seguro do mundo”, ou o de que “criou as condições para voltar a ter saldos migratórios positivos”.

“Somos um Estado entre os quatro países do mundo com políticas mais amigas da família, que investe na qualificação dos seus jovens e na requalificação dos seus adultos, que aumenta significativamente o investimento em investigação e desenvolvimento”, enumerou.

Depois de invocar também o facto de o país ter sido aquele que, na União Europeia, mais reduziu no ano passado as emissões poluentes, o líder socialista argumentou que este “não é um Estado que esteja só a olhar para os dias que correm, mas que está focado no futuro dos portugueses”.

Olhando às últimas eleições para o Parlamento Europeu, António Costa recusou a ideia de que o PS tenha recebido “um cheque em branco”.

“O voto de confiança que recebemos foi uma pesada responsabilidade de conseguirmos fazer mais e melhor do que no passado. Mas temos orgulho do que fizemos e temos muita ambição e determinação de dar continuidade e estabilidade para cumprirmos os objetivos de uma agenda para a década”, completou.
“Maioria expressiva”

Antes da intervenção de António Costa, Carlos César - a quem coube, na véspera, deixar recados ao Bloco de Esquerda – pediu uma “maioria expressiva” nas próximas eleições legislativas. Para “evitar bloqueios” e “inércias”.

“Se é verdade que tivemos a ajuda da maioria parlamentar do PEV, do BE e do PCP para cimentar a recuperação social, tivemos por outro lado a difícil e bem-sucedida missão de recuperar a confiança, de recuperar a economia, de equilibrar as finanças públicas, não permitindo aventuras orçamentais que nos levariam ao colapso e à desconfiança internacional”, apontou o presidente do PS, ao abrir os trabalhos do segundo e último dia das jornadas parlamentares.

“Passámos a crescer mais do que a maioria dos Estados-membros da Zona Euro e da União Europeia, gerámos centenas de milhares de empregos em Portugal. E isso não aconteceu por os empresários ou os investidores nacionais ou estrangeiros se terem encantado com o Governo anterior, ou se terem enamorado pelos comunistas ou esquerda do Bloco”, continuou.

O caminho percorrido nos últimos quatro anos, clamou o líder parlamentar dos socialistas, “deveu-se a políticas no centro das quais esteve e está o PS sob a liderança de António Costa e deveu-se à garantia do que representa o PS na condução de políticas amigas da economia”.

“Contámos com a ajuda de outros partidos, mas o PS precisa de contar mais, precisa deter mais força para prosseguir este caminho sem bloqueios, sem constantes dificuldades, sem inércias. Para isso, precisamos de uma grande votação, de uma grande manifestação de confiança dos portugueses nas próximas eleições”, carregou.
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