União prepara-se para ataques informáticos com "jogos de guerra"

por RTP
A Rússia é também acusada de tentar lançar um ataque cibernético à sede de um órgão de fiscalização de armas químicas quando decorria uma operação militar holandesa Steve Marcus - Reuters

Na sequência de uma série de incidentes que alarmaram os governos do bloco comunitário, a União Europeia vai realizar “jogos de guerra” cibernéticos para preparar a resposta a eventuais operações desencadeadas a partir da Rússia ou da China.

Um alegado ataque aos computadores da União Europeia em Moscovo, no início de junho, acendeu os sinais de alarme entre os diretórios europeus.O novo regulamento para matérias de cibersegurança, que entrou esta quinta-feira em vigor, visa dotar a União Europeia de um quadro de certificação de produtos, processos e serviços.

Governantes de países-membros da União vão participar, nos próximos meses, em exercícios conjuntos de preparação para eventuais ataques a estruturas online.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto, afirma que se impõe uma resposta dos Estados-membros: os ministros do Interior e das Finanças dos 28 vão realizar exercícios, em cenários fictícios, durante as reuniões marcadas para julho e setembro em Helsínquia.

“As autoridades militares e civis geralmente podem, em tempo de crise, fazer apenas aquilo para o qual foram treinadas”, disse Haavisto em declarações à agência Reuters.

A Finlândia especializou-se em lidar com esta questão, tendo mesmo criado um Centro Europeu de Excelência para Combater Ameaças Híbridas. O ministro finlandês acredita que a Rússia foi responsável por bloquear os sinais de GPS em outubro, durante um exercício militar das forças finlandesas na Noruega.

A Rússia é também acusada de tentar lançar um ataque cibernético à sede de um órgão de fiscalização de armas químicas quando decorria uma operação militar holandesa.
"Prevenir e responder"
Pekka Haavisto considera que tanto a Rússia como a China procuram vulnerabilidades. É necessário, segundo o ministro finlandês, que “os Estados-membros fortaleçam as capacidades para prevenir e responder a ameaças” - entre as quais a proliferação de notícias falsas e o consequente enfraquecimento da confiança, ou ataques a sistemas de energia e comunicação.

A Rússia é frequentemente responsabilizada, no Ocidente, por este tipo de operações, acusações repetidamente refutadas por Moscovo. Tal como a China. Presumíveis piratas informáticos conotados com o Ministério chinês da Segurança do Estado foram esta semana acusados de invadir as redes de oito dos maiores fornecedores de serviços de tecnologia do mundo, com o objetivo de roubar propriedade intelectual, noticia o jornal britânico Guardian.

Os líderes europeus reunidos numa cimeira em Bruxelas, na semana passada, comprometeram-se a responder de forma “coordenada às amaeças híbridas e cibernéticas”, apelando à Comissão Europeia e aos 28 Estados-membros para que “trabalhassem em medidas para melhorar a resiliência e a cultura de segurança”.

Os ministros da Defesa dos países-membros da UE participaram já em 2017 numa primeira série de “jogos de guerra” cibernética.
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