La Meccanica del Colore
03 ago. 2025
Em La Meccanica del Colore, ópera de câmara de Nuno Costa com libreto de Madalena dos Santos, o ridículo e o grotesco reúnem-se em torno da insatisfação contínua que acompanha a busca da perfeição. A frustração do protagonista leva-o a refletir sobre a catalisação da arte, até que, sem aviso, os papéis das personagens se invertem drasticamente à medida que se adaptam à ação em palco.Sob várias perspetivas, materializa-se o conflito constante entre o descrédito da identidade humana e o desejo de domínio humano. E antes de o pano cair, a narrativa emocionará o público com um clímax inspirado no absurdo contemporâneo ou, em contraste, na ópera clássica.O protagonista desta ópera de câmara constrói um robô humanóide programado para pintar as paisagens que ele próprio já não pode ver pessoalmente, devido a uma ferida na perna. Embora o homem seja a personagem principal, é o robô que ocupa o palco e se revela como a forma dominante, irremediavelmente mecânica e implacável, na escuridão interrompida por pinceladas de cor berrantes.Com a ajuda de um assistente tímido e hesitante, o homem continua a fazer alterações ao aparato elétrico e eletrónico do robô, mas as pinturas que este produz mantêm-se irreais. Ele nutre secretamente a esperança de que o robô se torne melhor do que ele próprio; paradoxalmente, porém, embora se sinta inferior, deseja continuar a controlá-lo, permanecendo assim num conflito constante entre o descrédito da identidade humana e a vontade de supremacia do homem.