Combustíveis preocupam direita. António Costa admite alargar serviços mínimos

por RTP
"Estamos em diálogo com as partes para verificar se os serviços mínimos devem ser modelados", avançou António Costa João Relvas - Lusa

A greve dos motoristas de matérias perigosas foi um dos temas em destaque no debate quinzenal desta quarta-feira, com António Costa a admitir um alargamento dos serviços mínimos - até agora garantidos apenas na Grande Lisboa e Grande Porto - a outras áreas de Portugal continental. PSD e CDS-PP mostraram-se preocupados com a situação que desde ontem afeta o país e lembraram que Portugal "não é só Lisboa e Porto".

O primeiro-ministro explicou no Parlamento que os serviços mínimos decretados pelo Governo foram os solicitados pela ANTRAM, “que considerou necessário decretar relativamente à Grande Lisboa e ao Grande Porto”.

No entanto, “perante notícias de que pode ser necessário estender esta área, o Governo está em contacto com a ANTRAM e com os sindicatos para alargar o que for necessário” a nível dos serviços mínimos para assegurar o abastecimento”.

António Costa esclareceu ainda que a greve dos trabalhadores levou a que apenas um avião fosse desviado pois preferiu abastecer noutro local e garantiu que o funcionamento dos serviços de aviação, de segurança e de emergência se encontra assegurado.

O primeiro-ministro respondeu desta forma às preocupações de Fernando Negrão, líder da bancada parlamentar do PSD, depois de este considerar que “ontem assistimos a um país em sobressalto, com bombas de combustíveis fechadas, aviões desviados e transportes em risco, especialmente os transportes que dizem respeito às forças de segurança e às forças de emergência”.

Negrão tinha ainda questionado António Costa sobre “como foi possível, em dia e meio, esta situação ter atingido estas proporções”, e relembrou que “os serviços mínimos foram decretados para Lisboa e para o Porto” mas não para as outras regiões do país, nomeadamente as mais turísticas, como o Algarve.

Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, registou “com alguma perplexidade a preocupação da direita”, por não entender se esta está preocupada por “acompanhar as reivindicações destes trabalhadores e a exigência que fazem de aumento salarial, o que seria uma novidade”, ou se está preocupada “e quer acabar com o direito à greve”.

Assunção Cristas, do CDS-PP, revelou a mesma preocupação que a bancada do PSD em relação aos serviços mínimos nas várias regiões do país.

O senhor primeiro-ministro está sempre a correr atrás do prejuízo, não é capaz de prevenir um problema nem de antecipar um conflito, e agora também não é capaz de compreender que o país não é Lisboa e Porto e que há muita gente em todo o país neste momento muito preocupada e já sem combustíveis”, declarou.

Quando questionado pela líder do CDS-PP sobre qual a reação do Governo ao ter conhecimento da greve dos motoristas de matérias perigosas, António Costa disse ter cumprido “de acordo com a Lei”.

“Quando há um pré-aviso de greve no setor privado, são desencadeados os mecanismos para que as partes cheguem a acordo quanto à fixação de serviços mínimos. Na ausência de serviços mínimos acordados entre as partes, o Governo fixou os serviços mínimos. Quando, ao fim das primeiras horas, se constatou o incumprimento dos serviços mínimos, fez o que lhe competia e decretou a requisição civil”.

“Estamos em diálogo com as partes para verificar se os serviços mínimos devem ser modelados em função das necessidades do país e é assim que o devemos fazer, mas sem promover o alarmismo”, pois tal levaria “a uma corrida injustificada aos postos de abastecimento, acelerando a pressão”, defendeu o primeiro-ministro.

Jerónimo de Sousa salientou a necessidade da “intervenção do Governo para a resolução do conflito” e alertou ainda para os que usam esta greve “e a forma que está a assumir para criar alarme e pôr em causa o direito constitucional à greve”.
Rio faz apelo

Tal como Fernando Negrão e Assunção Cristas, também Rui Rio apelou ao Governo para que os serviços mínimos “se alarguem rapidamente a todo o território nacional”.


Através da rede social Twitter, o líder do PSD declarou que “não faz sentido” que estes serviços “estejam restringidos a Lisboa e Porto. Os portugueses têm de ser todos tratados por igual”, acrescentou.
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