A Bolsa de Nova Iorque registou esta segunda-feira uma forte queda na sequência do desabamento dos mercados bolsistas por todo o mundo, devido aos receios de uma recessão nos Estados Unidos. O candidato presidencial Donald Trump veio já aproveitar a ocasião para atacar a adversária democrata Kamala Harris, considerando que os mercados estão a rejeitar a sua candidatura.
Pouco depois das 14h30, hora a que abriu a sessão, o índice Dow Jones perdia quase 2,38 por cento, o Nasdaq caía 3,81 por cento e o S&P 500 3,16 por cento. Dez minutos depois, estes índices tinham baixado ainda mais. Segundo analistas, a volatilidade atingiu hoje níveis não vistos desde a queda das bolsas em março de 2020, por causa da pandemia de covid-19.
Os índices de Wall Street começaram a cair acentuadamente na sexta-feira, depois de revelados os dados do emprego relativos a julho, com um aumento da taxa de desemprego de 4,1 por cento para 4,3 por cento. A criação de emprego abrandou para 114.000, em comparação com 179.000 em junho.
Nessa altura, o Nasdaq entrou na zona de correção, perdendo 2,43 por cento para 16.776,16 pontos. O Dow Jones cedeu então 1,51 por cento para 39.737,26 pontos e o índice alargado S&P 500 perdeu 1,84 por cento, para 5.346,56 pontos.
Na manhã desta segunda-feira, a Apple perdeu 5,08 por cento, a Nvidia 6,77 por cento e a Tesla 5,72 por cento.
Trump ataca Kamala
Donald Trump já aproveitou a queda das bolsas para atacar a rival democrata Kamala Harris, alegando que os mercados estão a rejeitar a sua candidatura.
Numa série de mensagens na rede social Truth, o republicano garantiu que "os mercados nunca aceitarão" Harris por esta ser "uma lunática radical de esquerda".
"Os eleitores têm uma escolha: a prosperidade de Trump ou o crash de Kamala e a Grande Depressão de 2024, para não mencionar a probabilidade de uma Terceira Guerra Mundial se estas pessoas se mantiverem no cargo", defendeu o candidato.
As declarações de Trump surgem no dia em que o Partido Democrático conclui a votação para oficializar Kamala Harris como a sua candidata às eleições de 5 de novembro.
“Disparar primeiro, fazer perguntas depois”
Para lutar contra a elevada taxa de inflação, a Reserva Federal mantém desde há um ano as taxas nos níveis mais altos desde 2001, entre 5,25% e 5,50% e deixou-as inalteradas na passada quarta-feira.
Agora surgem receios sobre se a demora do banco central em cortar os juros não levará a uma desaceleração da economia mais acentuada.
Para Peter Cardillo, da Spartan Capital, a derrocada do mercado foi "o resultado de uma combinação de fatores, entre os receios de um abrandamento da economia americana e a retirada do carry-trade", operação que consiste em comprar a moeda de um país onde as taxas são mais baixas e vendê-la de imediato noutro país com taxas de jutos maiores.
Na opinião do analista Sam Stovall, "os investidores adotaram uma mentalidade de 'disparar primeiro, fazer perguntas depois'". "As preocupações com uma recessão e a queda do mercado japonês numa zona de correção no espaço de alguns dias estão a causar pânico entre os investidores", acrescentou à AFP.
Pedro Lino, analista de mercado da Optimize, considerou em entrevista à RTP ser caso para falar numa "segunda-feira negra" no caso do Japão, cuja bolsa caiu cerca de 13 por cento, "algo que não se via desde 1987".
A bolsa de Lisboa encerrou esta segunda-feira em baixa, em linha com as principais praças europeias, mas atenuou as perdas no final da sessão, terminando com o índice PSI a descer 1,87% para 6.467,97 pontos.
Das 16 cotadas que integram o PSI, 14 desceram e só duas subiram, tendo o grupo EDP liderado as descidas. A EDP caiu 4,71% para 3,66 euros e a EDP Renováveis baixou 4,21% para 14,11 euros.
Em terreno positivo, a Jerónimo Martins avançou 0,94% para 16,16 euros e o BCP, único banco que integra o PSI, subiu 0,61% para 0,36 euros.
Nas principais bolsas europeias, Madrid desceu 2,34%, Milão 2,27%, Londres 2,04%, Frankfurt 1,82% e Paris 1,42%.
c/ agências
Tópicos