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Rússia formaliza anexação de quatro regiões ucranianas

por Joana Raposo Santos, Andreia Martins - RTP

O presidente russo, Vladimir Putin, celebra a anexação de quatro regiões ucranianas junto de dirigentes pró-russos de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia. Foto: Reuters

O presidente russo, Vladimir Putin, formalizou esta sexta-feira a anexação de quatro regiões ucranianas após a realização de referendos, considerados ilegais por grande parte da comunidade internacional. Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia, áreas parcialmente ocupadas pela Rússia na Ucrânia, passam a ser reconhecidas por Moscovo como parte da Federação Russa.

Mais atualizações

Quase em seguida, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky anunciou que Kiev iria pedir com carácter de urgência a adesão da Ucrânia à NATO. Em discurso pronunciado horas depois, o presidente norte-americano, Joe Biden advertiu que a NATO não permitirá que seja anexada qualquer parcela de algum país membro. A advertência contém uma ambiguidade essencial, por estar aparentemente a referir-se à Ucrânia, quando esta não é ainda um país membro da Aliança e quando não há ainda um pronunciamento da Aliança sobre o pedido de adesão ucraniano.

Entretanto, no terreno os combates têm continuado a evoluir favoravelmente para as tropas ucranianas, havendo notícias de que um contingente de uns 5.500 soldados russos corre o risco de ficar cercado na cidade de Lyam, o que constituiria um revés millitar significativo e um golpe psicológico na pior altura para Putin, quando se vê ainda a braços com manifestações contra a mobilização parcial que decretou.



19h18 - Biden avisa Putin que a NATO defenderá "cada centímetro" do seu território

O presidente norte-americano reiterou que os EUA não vão reconhecer a anexação das quatro regiões ucranianas e alertou Vladimir Putin que a NATO defenderá "cada centímetro do seu território".

Joe Biden disse ainda que as ações de Putin mostram que Moscovo "está com dificuldades" na batalha.

19h15 - Países e organizações condenam anexação e convocam embaixadores russos

Vários países e organizações condenaram hoje a anexação russa de territórios ucranianos, denunciando violações de soberania, e alguns aumentaram as sanções a Moscovo e chamaram embaixadores russos para explicações.

O Canadá condenou hoje a Rússia pela "tentativa de anexação" das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, impondo novas sanções económicas contra pessoas e empresas que colaboraram nos referendos separatistas.

As sanções foram anunciadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Canadá, que fala em "aterradoras violações do direito internacional" pelo Presidente russo, Vladimir Putin, acusado de ter "a noção imperial de que o seu regime pode desenhar mapas segundo a sua vontade".

Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, condenou a atitude de Moscovo, reiterando o seu apoio a Kiev para enfrentar "a agressão russa e recuperar a sua plena soberania em todo o território".

Numa mensagem divulgada a partir da residência presidencial, Macron condenou "a grave violação do direito internacional e da soberania da Ucrânia", prometendo que a França irá reforçar a sua ajuda financeira e militar a Kiev.

Palavras idênticas de crítica vieram do Governo neerlandês, que considerou "ilegal" e "totalmente inaceitável", a anexação de territórios ucranianos pela Rússia, lembrando que, neste século, não pode haver "lugar para o imperialismo violento".

A ministra da Defesa dos Países Baixos, Kajsa Ollongren, disse mesmo que "nenhum país normal do mundo reconhecerá esta decisão", garantindo a manutenção do apoio do seu Governo a Kiev.

O chefe da diplomacia neerlandês, Wopke Hoekstra, considerou que a decisão de anexação por parte de Moscovo "ultrapassa todos os limites" e anunciou que vai chamar o embaixador russo em Haia, para lhe transmitir a condenação "nos termos mais fortes".

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Edgars Rinkevics, convocou hoje o embaixador russo, para lhe transmitir a forte condenação do seu Governo às ações de agressão contra "a soberania" de um país independente.

"Não temos ilusões sobre as verdadeiras intenções da Rússia", disse o chefe da diplomacia da Letónia, acusando Putin de "chauvinismo, ódio e pretensões de estilo nazi".

As presidentes da Moldova, Maia Sandu, e da Geórgia, Salomé Zurabishvili, condenaram a atitude de Moscovo, mostrando-se solidários com o esforço de Kiev para rechaçar a invasão russa do seu território.

"O apoio da Moldova à soberania e integridade territorial da Ucrânia permanece inabalável", disse Sandu, num comunicado, enquanto Zurabishvili usou a sua conta na rede social Twitter para lembrar que "uma anexação forçada não tem legitimidade nem futuro".

A cimeira da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) também condenou a "anexação ilegal", dizendo que se trata de um ato "inaceitável".

Num comunicado, a secretária-geral da OSCE, Helga Schmid, lembrou que a anexação "anula o princípio da integridade territorial" e avisou que as ameaças de Putin de poder vir a usar armas nucleares "apenas levarão a uma escalada do conflito".

19h06 - Kiev e Moscovo trocam acusações por morte de 11 civis no leste

Pelo menos 11 civis foram encontrados mortos numa estrada após a retirada das tropas russas de grande parte da região de Kharkiv, com as duas partes em conflito a responsabilizarem-se mutuamente, indicou a agência noticiosa AFP.

Segundo militares ucranianos, que descobriram os civis alegadamente mortos a tiro e com alguns corpos carbonizados no interior dos veículos, os russos atacaram uma coluna de viaturas.

A AFP não confirmou esta versão de forma independente.


18h58 - Portugal não reconhece anexação pela Rússia de 4 regiões ucranianas

Portugal não reconhece a anexação pela Rússia de quatro regiões da Ucrânia, hoje anunciada pelo Presidente russo, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros português, considerando que Moscovo "continua a demonstrar absoluto desprezo pelo direito internacional".

"Portugal não reconhece nem reconhecerá anexações de território ocupado ilegalmente pela Rússia e é totalmente solidário com a Ucrânia", afirma o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, numa declaração hoje divulgada através da rede social Twitter.

Segundo o ministro, o anúncio da anexação de partes do território ucraniano, avançado hoje pelo Presidente russo, Vladimir Putin, demonstra um "absoluto desprezo pelo direito internacional".


18h10 - Rússia facilita acesso a nacionalidade a estrangeiros que se alistem

A Rússia vai facilitar o acesso à nacionalidade russa para estrangeiros que assinem um contrato com as Forças Armadas, através de um decreto assinado hoje pelo Presidente, Vladimir Putin.

"Cidadãos estrangeiros ou apátridas que assinem um contrato de serviço nas Forças Armadas Russas (...), por pelo menos um ano, e participem (ou tenham participado) em operações militares por pelo menos seis meses" podem beneficiar de um procedimento simplificado para obter um passaporte russo, de acordo com o decreto.

Além disso, mulheres, pais e filhos de quem morre no cumprimento de serviço militar podem solicitar a nacionalidade, através de um outro procedimento simplificado, de acordo com a agência de notícias Interfax.

As candidaturas serão processadas num prazo não superior a três meses, a contar da data de apresentação dos documentos necessários, conforme consta do decreto, que entra em vigor a partir do momento da sua assinatura, e procura dar resposta às necessidades militares perante a atual invasão da Ucrânia.

17h57 – NATO promete apoio a Kiev após anexação ilegal "do tamanho de Portugal"

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, assegurou hoje que a anexação ilegal pela Rússia de quatro províncias ucranianas, com "uma área aproximadamente do tamanho de Portugal", não altera o compromisso da Aliança em apoiar a Ucrânia.

"Esta é a maior tentativa de anexação de território europeu pela força desde a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 15% do território da Ucrânia, uma área aproximadamente do tamanho de Portugal, foi tomado ilegalmente pela Rússia com a ponta da pistola", declarou Stoltenberg em conferência de imprensa.

O chefe da NATO considerou que a guerra na Ucrânia está num "momento decisivo" e definiu a anexação "ilegal e ilegítima" desses territórios como "a mais séria escalada" desde o início da guerra, garantindo que os membros da organização militar ocidental jamais reconhecerão estas anexações.

"A Ucrânia tem o direito de retomar estes territórios agora ocupados pela força e iremos apoiá-la para que continue a libertá-los", afirmou.

Stoltenberg também advertiu que a eventual utilização pela Rússia da arma nuclear terá "graves consequências".

17h41 – “Bem-vindos a casa”, diz Putin às populações dos territórios anexados

Vladimir Putin acusou a Ucrânia de retirar a “consciência histórica e destruir as tradições” da população dos territórios agora anexados pela Rússia.

“Estas pessoas levaram no coração o amor à sua pátria histórica” e é por isso que “a Rússia não só abre as portas da casa-natal dos nossos irmãos e irmãs, como também abre o seu coração”, acrescentou. “Bem-vindos a casa”.

O presidente russo frisou que a vitória de hoje se deve aos “soldados heroicos, às milícias do Donbass e aos voluntários” que continuam em batalha, “defendendo heroicamente a escolha das pessoas” nos referendos levados a cabo nos territórios agora anexados.

17h22 – NATO denuncia anexação "ilegítima" pela Rússia e promete apoio à Ucrânia

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, denunciou hoje a anexação "ilegítima" pela Rússia de quatro regiões da Ucrânia.

“Donetsk é Ucrânia. Lugansk é Ucrânia. Kherson é Ucrânia. Zaporizhia é Ucrânia. Tal como a Crimeia”, declarou. “Esta é a segunda vez que a Rússia toma à força territórios ucranianos. Mas isto não muda a natureza do conflito. Continua a ser a guerra agressiva e brutal da Rússia”.

Frisando que a NATO “não é parte deste conflito”, Stoltenberg ofereceu o apoio da Aliança Atlântica a Kiev “para que possa realizar o seu direito de autodefesa, de acordo com a Carta das Nações Unidas”.

O secretário-geral insistiu que a NATO vai “proteger cada centímetro” do território dos seus membros.

17h03 – EUA vão tomar medidas no Conselho de Segurança da ONU

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, avançou há momentos que os Estados Unidos vão tomar medidas no Conselho de Segurança da ONU ainda hoje para responsabilizar a Rússia pela anexação de territórios ucranianos.

16h42 – Biden condena "tentativa fraudulenta" da Rússia de anexar territórios

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou a "tentativa fraudulenta" da Rússia de anexar territórios ucranianos e a diplomacia norte-americana anunciou sanções a mais mil pessoas e empresas envolvidas na invasão.

"Continuaremos a ajudar a Ucrânia nos seus esforços para recuperar o controlo sobre seus territórios", disse Biden, num comunicado, minutos depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado os tratados de anexação de quatro regiões ucranianas.

Biden disse ainda que vai assinar legislação do Congresso que fornecerá mais cerca de 12 mil milhões de dólares (valor idêntico em euros) para ajudar a Ucrânia a resistir à invasão russa.

Logo de seguida, o Departamento de Estado norte-americano anunciou sanções contra mais de mil pessoas e empresas com responsabilidade na invasão russa da Ucrânia, incluindo o Presidente do banco central russo e famílias de membros do Conselho de Segurança em Moscovo.

16h15 – Ucrânia continuará a "libertar as suas terras e o seu povo", diz ministro

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, escreveu no Twitter que o país vai continuar a libertar os territórios ocupados pela Rússia e que "nada muda" com a anexação anunciada por Putin.

"Ao tentar anexar as regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson, Putin tenta conquistar territórios que nem ele próprio controla fisicamente no terreno", referiu.

"Nada muda para a Ucrânia: continuamos a libertar as nossas terras e o nosso povo e a restaurar a nossa integridade territorial".

15h43 – EUA adotam novas sanções contra a Rússia após anexação

Os Estados Unidos anunciaram que vão adotar novas sanções contra Moscovo devido à anexação de territórios ucranianos. O presidente Joe Biden veio já condenar a declaração “fraudulenta” pela Rússia.

Numa advertência severa, Washington insiste que irá sancionar, em concertação com os países do G7, "qualquer país, indivíduo ou entidade" que forneça apoio político ou económico às tentativas da Rússia de "apreender ilegalmente territórios na Ucrânia".

15h26 – Zelensky vai pedir adesão da Ucrânia à NATO e diz que não negoceia com Putin

Em resposta ao anúncio da anexação dos territórios por parte da Rússia, o presidente ucraniano disse esta sexta-feira que Kiev irá pedir a adesão à NATO num “processo acelerado”.

Numa publicação no Telegram, Volodymyr Zelensky vincou que não irá negociar com a Rússia enquanto o presidente Vladimir Putin estiver no poder.

“A Ucrânia não vai negociar com a Rússia enquanto Putin for presidente da Federação Russa. Só negociamos com o novo presidente”, afirmou.

No discurso desta sexta-feira, o presidente russo apelou às autoridades ucranianas para que voltassem à mesa das negociações e parassem “de imediato com todas as ações militares".

15h02 - Ivan Alexandrovich Ilyin. O filósofo que Putin citou no final do discurso

No fim do discurso desta sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, citou um filósofo russo que tem influenciado a liderança no país.

“Se considero a Rússia como a minha pátria, significa que amo e penso em russo, canto e falo em russo, acredito na força do povo russo. O destino do povo é o meu destino. O seu sofrimento é a minha dor. O seu bem-estar é a minha alegria”, afirmou o presidente russo, citando o filósofo do século XX.

Apontado por muitos como o guia intelectual do presidente Vladimir Putin, Ivan Ilyin morreu no exílio na Suíça, em 1954. Grande ideólogo anti-comunista, conotado com ideias de extrema-direita, é admirado pelo presidente russo.

Em 2004, Putin facilitou a repatriação póstuma do filósofo, tendo ordenado que os seus restos mortais fossem transferidos para o Mosteiro Donskoy, em Moscovo.

15h01 – “Vladimir Putin, o seu discurso é uma fraude e uma vergonha”, diz Boris Johnson

O ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, dirigiu-se diretamente a Vladimir Putin através do Twitter.

“Vladimir Putin, o seu discurso é uma fraude e uma vergonha. O mundo nunca deve aceitar os seus falsos referendos ou a sua tentativa cruel e ilegal de colonizar a Ucrânia”, escreveu.

“Estamos com o povo da Ucrânia e vamos apoiá-lo sem vacilar até que o seu país esteja inteiro e livre”, acrescentou Johnson.

14h45 – “Ficamos do lado da Ucrânia”, diz Metsola

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também já reagiu. “Não reconhecemos os falsos referendos da Rússia. Não reconhecemos a anexação ilegal pelo Kremlin. Ficamos do lado da Ucrânia”, escreveu num tweet.

14h38 – Espanha e UE “jamais” reconhecerão anexação, diz Sánchez

O primeiro-ministro de Espanha já reagiu à cerimónia russa desta sexta-feira, aproveitando para condenar o ataque a um comboio humanitário na Ucrânia.

“Condenamos o hediondo ataque da Rússia a um comboio humanitário em Zaporizhia e a morte de civis inocentes”, escreveu Pedro Sánchez no Twitter.

“Um novo massacre cometido no mesmo dia em que Putin assina a anexação ilegal de territórios ucranianos, que a Espanha e a Europa jamais reconhecerão”, sublinhou.

14h24 - Putin poderá anexar novos territórios. A leitura de Evgueni Mouravich

Na leitura do discurso de Vladimir Putin, esta sexta-feira, o correspondente da RTP em Moscovo considera que as palavras do presidente russo evidenciam que as tropas russas não vão parar por aqui.

"Aquilo a que se assiste é cada vez mais uma sensação de uma guerra entre a Rússia e o Ocidente", assinala Evgueni Mouravitch.

14h22 – “Integridade territorial e soberania da Ucrânia não são negociáveis”, diz Borrell

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também já reagiu, dizendo que “a anexação de territórios ucranianos anunciada pela Rússia é uma grande violação do direito internacional e da Carta da ONU. Nenhum referendo simulado pode justificá-lo”.

“A integridade territorial e a soberania da Ucrânia não são negociáveis. O apoio da UE à Ucrânia permanece inabalável”, acrescentou no Twitter.

14h19 - Comissão Europeia vai reforçar sanções contra a Rússia

“Crimeia, Kherson, Zaporizhia, Donetsk e Luhansk são a Ucrânia. A UE não reconhece e nunca reconhecerá esta anexação ilegal”, lê-se num tweet da Comissão Europeia.

“Vamos reforçar as nossas sanções contra a Rússia e continuaremos a dar um forte apoio à Ucrânia pelo tempo que for necessário”, acrescenta.

14h12 - Charles Michel: “Jamais reconheceremos esta anexação”

O presidente do Conselho Europeu também já veio condenar a ação de Vladimir Putin e rejeitar os “falsos referendos”.

“Os 27 líderes condenam a anexação ilegal. Nós não reconhecemos e nunca iremos reconhecer os falsos 'referendos'. Jamais reconheceremos esta anexação ilegal”, declarou no Twitter Charles Michel.

14h06 - Ursula von der Leyen já reagiu ao discurso do presidente russo.

“A anexação ilegal proclamada por Putin não vai mudar nada. Todos os territórios ocupados ilegalmente por invasores russos são terras ucranianas e farão sempre parte dessa nação soberana”, escreveu no Twitter a presidente da Comissão Europeia.

14h03 – Putin e quatro líderes das regiões anexadas dão as mãos

O presidente russo já assinou oficialmente a anexação. No final da cerimónia, os quatro líderes separatistas e Vladimir Putin deram as mãos e gritaram “Rússia” perante a plateia.

14h02 - Anexação de territórios ucranianos acontece em situação distinta da anexação da Crimeia

As circunstâncias da anexação dos quatro territórios ucranianos - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia – são diferentes das que levaram à anexação russa da Crimeia em 2014.

Nessa altura, Moscovo praticamente não encontrou resistência e fez um referendo muito rápido, que culminou com a anexação dessa península.

Agora, a situação é distinta, como explica Cândida Pinto, da RTP.

O discurso desta sexta-feira mostra um Putin desafiador do Ocidente, como tem sido ao longo dos últimos meses.

Após anunciar a anexação, o presidente russo disse querer que o Ocidente e Kiev oiçam que “as populações destas quatro províncias que votaram nos referendos passam a ser nossos cidadãos para sempre”.

13h59 - Russos reagem com cautela e receio à anexação de territórios ucranianos

Os cidadãos russos estão a reagir com cautela e preocupação à anexação de regiões ucranianas, que está esta sexta-feira a ser formalizada pelo presidente Vladimir Putin numa cerimónia.

A população receia que esta nova jogada russa desencadeie um alargamento do conflito e que Putin não se contente apenas com estes territórios, querendo anexar ainda mais regiões em breve, insistindo na ofensiva na Ucrânia para alcançar esse fim.

Também na Estónia, que faz fronteira com a Rússia, está alarmada com a possibilidade de um alastramento do conflito ao seu território.

A atmosfera é de grande incerteza, como constatou o correspondente da RTP, Evgueni Mouravitch.

13h46 - "A Rússia é acusada de tudo"

O presidente russo continua a apontar as falhas dos "estados imperialistas" que pretendem fazer da Rússia "uma colónia".

A Europa, por sua vez, "cede perante os Estados Unidos", que exige o isolamento e aplicação de sanções contra Moscovo.

Vladimir Putin abordou as recentes fugas no Nord Stream, afirmando que a Rússia "é acusada de tudo" e que foram os "anglo-saxões" que atingiram os gasodutos.

O presidente russo aproveitou ainda para atacar as ideias ligadas à ideologia de género, alertando os cidadãos russos para modelos alternativos de parentalidade defendidos pelo Ocidente.

Questionou mesmo a audiência se pretendiam que as “crianças recebessem ofertas para mudança de sexo”, uma prática alegadamente levada a cabo pelos países ocidentais.

Putin atacou o “satanismo” do Ocidente e defendeu os valores “tradicionais” e religiosos que a Rússia incorpora.

13h40 - "Ocidente não tem moral para falar de democracia"

Acusando os países do Ocidente de "russofobia", Vladimir Putin lembra que foram os países ocidentais que começaram a colonização de países terceiros ainda durante a Idade Média.

Por isso, o Ocidente tem "elites colonizadoras" e não tem "moral para falar de democracia", enquanto a Rússia "abriu várias possibilidades" para o desenvolvimento de vários povos. Lembra que foram os Estados Unidos o único país que recorreu a armas nucleares por duas vezes, em Hiroshima e Nagasaki.

13h29 - Cidadãos de regiões ucranianas anexadas serão "nossos cidadãos para sempre"

Perante os deputados e vários responsáveis russos, o presidente lembrou a "tragédia" que foi o fim da União Soviética, assinalando que os povos "foram separados da sua pátria" quando a URSS se desagregou.

No entanto, Putin garante que a Rússia não deseja o regresso da União Soviética, mas garante que os cidadãos das regiões hoje anexadas serão "cidadãos" russos para sempre.

Nesse sentido, o líder russo considerou perante os referendos que Kiev "deve respeitar a vontade do povo". O governo ucraniano deve, por outro lado, voltar à mesa das negociações e "parar de imediato com todas as ações militares".

13h18 - Vladimir Putin já iniciou a comunicação ao país: "Há quatro novas regiões na Rússia"

O presidente russo começou por dizer que "o povo fez a sua escolha" através dos referendos que decorreram nas quatro regiões ucranianas.

A pertença destes territórios russos partiu da "vontade de milhões de pessoas", e é "um direito que ninguém lhes pode tirar". Putin assinalou o "direito à autodeterminação dos povos" que consta da Carta das Nações Unidas. 

"Há quatro novas regiões na Rússia", declarou o presidente russo.

Vladimir Putin anunciou ainda um minuto de silêncio em homenagem aos "heróis" que morreram nos últimos meses durante a "operação militar especial".

13h07 - Kremlin quer definir fronteiras de Kherson e Zaporizhia

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou esta sexta-feira que a Rússia quer "esclarecer" quais serão as fronteiras das regiões de Kherson e Zaporizhia, que serão anexadas.

A Rússia não controla por completo estas duas regiões, mas apenas parte de ambas. As outras duas regiões, Donetsk e Lugansk, serão anexadas por completo, indicou o Kremlin.

De acordo com o think-thank norte-americano Institute for the Study of War, Moscovo controla 88 por cento da região de Kherson e 72 por cento de Zaporizhia.

13h00 – Putin já informou o Parlamento russo sobre plano para anexar regiões ucranianas

Vyacheslav Volodin, presidente da Duma - câmara baixa do Parlamento russo - indicou esta sexta-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, já notificou os deputados sobre a intenção de anexar as quatro regiões da Ucrânia na Federação Russa.

Este é mais uma etapa técnica que antecipa o anúncio formal da anexação.

A confirmação por parte do responsável da Duma surgiu através dos canais oficiais do Parlamento no Telegram.

12h50 - Anexação de território ucraniano "não pode ter só um valor simbólico"

O jornalista António Mateus, enviado da RTP à Ucrânia em diversas ocasiões, destaca que a situação que irá resultar da anexação de territórios ucranianos pela Rússia é incerta.

A anexação estava prevista para novembro, mas Vladimir Putin antecipou estas consultas populares em mais de um mês.

Esta situação justifica-se com o que estava a acontecer no terreno, com as
tropas ucranianas a recuperarem território a grande velocidade.

Com a progressão ucraniana a grande velocidade, graças à ajuda das armas enviadas pelo Ocidente, o presidente russo acelerou o processo.

Recorrendo à experiência no terreno, António Mateus diz não ter encontrado apoiantes russos na Ucrânia e que todos os cidadãos estão unidos contra Moscovo, ainda que não apoiem incondicionalmente o Governo de Kiev.
Quatro regiões vão ser anexadas

A anexação formal das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia culmina esta sexta-feira, num processo apressado que decorreu em menos de duas semanas. A 20 de setembro, há apenas dez dias, os separatistas pró-russos das quatro regiões anunciavam a realização de referendos sobre a integração daqueles territórios na Rússia.

As autoridades próximas de Moscovo procuraram acelerar a realização das consultas populares perante os recentes avanços da contraofensiva ucraniana no leste do país. Entre sexta-feira da última semana e esta terça-feira, os habitantes que restam nestes territórios terão votado de forma esmagadora a favor da anexação formal. De acordo com Moscovo, o apoio à anexação oscilou entre os 87 e os 99 por cento.

No entanto, há uma grande maioria de países e instituições que não reconhece a anexação formal destes territórios. Os referendos foram agendados com poucos dias de antecedência e decorreram em circunstâncias duvidosas, com acusações de vigilância apertada e coerção dos eleitores por parte de soldados russos, fortemente armados.

Por outro lado, os críticos lembram também o grande êxodo de população nestas regiões ao longo dos últimos meses, já que muitas têm sido palco central dos combates entre as tropas russas e ucranianas desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro.
Kiev e aliados rejeitam anexação

Ao incorporar as quatro regiões em território russo, que juntas representam 15 por cento do território ucraniano, Moscovo poderá justificar uma escalada militar no conflito, ao argumentar que está a defender a sua soberania territorial em caso de ataque ucraniano com o apoio do Ocidente.

Na semana passada, no mesmo discurso em que anunciou a mobilização militar de reservistas, Vladimir Putin garantiu que a Rússia irá "usar todos os meios ao seu alcance" para se proteger.

No entanto, para Kiev, este aparato por parte de Moscovo não vem alterar em nada a situação atual.

As regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporizhia e Kherson, assim como a Crimeia ucraniana, continuam a ser territórios soberanos da Ucrânia. A Ucrânia tem todo o direito a restaurar a sua integridade territorial por meios militares e diplomáticos, e continuará a libertar os territórios temporariamente ocupados”, indicava o Ministério ucraniano dos Negócios Estrangeiros na última quarta-feira.

De igual forma, a iniciativa dos referendos foi considerada ilegal pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que apela à Rússia para que respeite a carta das Nações Unidas.

Kiev, Estados Unidos e os seus aliados ocidentais condenaram veementemente os referendos, que classificaram como uma "farsa", e afirmaram que não vão reconhecer a anexação dos territórios.
Anexação da Crimeia aconteceu há oito anos

O anúncio da anexação formal de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhia acontece oito anos depois da anexação da Crimeia, na sequência de uma consulta popular naquela península ucrânia. Tal como agora, também aquele referendo foi amplamente criticado.

Na altura, o referendo não foi reconhecido por grande parte da comunidade internacional e levou à imposição de sanções por parte da União Europeia e Estados Unidos.

Antes destes referendos, Vladimir Putin reconheceu antecipadamente a independência das autoproclamadas Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, que juntas formam a região do Donbass.

O reconhecimento destes territórios como independentes ocorreu a 21 de fevereiro, dias antes da Rússia ter lançado a ofensiva militar sobre a Ucrânia, a 24 de fevereiro.

Em relação a Kherson e Zaporizhia, Vladimir Putin reconheceu formalmente a independência destas regiões na quinta-feira, na véspera de anunciar a anexação das mesmas.