Exército israelita reivindica morte de responsável do Hamas em operação no hospital Al-Shifa

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Ahmed Zakot - Reuters

O exército israelita reivindicou, esta segunda-feira, a morte do chefe do departamento de segurança interna do movimento islamita Hamas durante a incursão desta madrugada no hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza. O exército afirmou ainda ter “eliminado” 20 combatentes palestinianos no mesmo hospital.

Responsáveis miliares israelitas anunciaram, esta segunda-feira, que “as forças de segurança mataram o chefe de departamento de segurança interna do Hamas”, Faaq Mabhu.

De acordo com os militares, Faaq Mabhu foi morto “numa troca de disparos” no interior do hospital Al-Shifa onde “trabalhava para promover atividades terroristas”. Fayq Al-Mabhouh, apresentado como “responsável pela coordenação das atividades terroristas do Hamas na Faixa de Gaza”, é irmão de Mahmoud Al-Mabhouh, um dos fundadores do braço armado do Hamas, que foi morto em 2010, no Dubai.

Para além de Faaq Mabhu, o exército israelita afirmou ainda ter “eliminado” 20 combatentes palestinianos durante a operação militar no hospital Al-Shifa.

“Vinte terroristas foram eliminados até agora no hospital Al-Shifa e dezenas de suspeitos detidos estão atualmente a ser interrogados”, declarou o exército em comunicado.


As mortes ocorreram durante uma "operação de alta precisão", lançada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) na madrugada desta segunda-feira, nas redondezas do hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza.

O exército israelita justificou a sua operação com “a presença de terroristas de alto escalão do Hamas” nas instalações do hospital Al-Shifa e apelou à retirada da população civil para das zonas circundantes do complexo hospitalar.

"No hospital foram localizados dinheiro e armas para serem distribuídos aos agentes terroristas do Hamas. Esta é mais uma prova da utilização sistemática pelo Hamas de hospitais e infraestruturas civis para as suas atividades terroristas", alega o exército israelita. Al-Shifa, o maior hospital da Faixa de Gaza, é agora uma das únicas instalações de saúde que está parcialmente operacional no norte do território e também alberga centenas de civis deslocados.

De acordo com relatos citados pela comunicação internacional, o edifício cirúrgico do Complexo Médico Al-Shifa estava “lotado de feridos” quando foi atingido por mísseis israelitas e, em consequência, ficou em chamas.

O Ministério palestiniano da Saúde em Gaza também indicou que há várias vítimas mortais e pessoas feridas, incluindo casos de asfixia de mulheres e crianças que estavam abrigadas no complexo hospitalar.

“Há vítimas, incluindo mortos e feridos, e é impossível resgatar alguém devido à intensidade do incêndio e ao ataque a qualquer pessoa que se aproxime das janelas”, disse o Ministéri
o.
Autoridades de Gaza acusam Israel de cometer “flagrantes crimes de guerra”
As autoridades da Faixa de Gaza acusaram o Exército israelita de cometer “flagrantes crimes de guerra” na sua incursão militar e de “atacar diretamente os edifícios do hospital, sem preocupação pelos doentes, os médicos ou os deslocados que estão no interior”.


O gabinete de imprensa das autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas, acusou também os militares israelitas de espancamento e detenção de diversos jornalistas no interior deste hospital, e considerou que o exército israelita “tem total responsabilidade sobre a segurança e a vida dos trabalhadores dos ‘media’ que levou para destino desconhecido”.

O comunicado das autoridades de Gaza revela que os militares “prenderam um grupo de jornalistas e trabalhadores dos ‘media’ que faziam a cobertura da agressão israelita no interior do hospital Al-Shifa e relatando o sofrimento do povo palestiniano, dos feridos, dos doentes e dos famintos”.

“Condenamos nos termos mais firmes estas flagrantes violações cometidas pelo Exército de ocupação”, prossegue o comunicado, antes de também responsabilizar os Estados Unidos e a comunidade internacional pela segurança destes jornalistas.

O texto emite ainda um apelo às organizações internacionais dos ‘media’, incluindo a Federação internacional de jornalistas (FIJ) que “exerçam todas as formas de pressão sobe a ocupação para que termine a sua guerra genocida” e denunciou que desde o início do atual conflito israelo-palestiniano, em 07 de outubro passado, já foram mortos 135 jornalistas.

c/agências
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