Ministro israelita afirma que "é altura de entrar em Gaza com toda a força necessária"

O ministro israelita da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir (extrema-direita), afirmou esta sexta-feira que "é altura de entrar na Faixa de Gaza com toda a força necessária", depois de o movimento palestiniano Hamas ter manifestado reservas quanto à nova proposta americana de cessar-fogo.

Cristina Sambado - RTP /
Ammar Awad - Reuters

“Primeiro-ministro, depois de o Hamas ter rejeitado mais uma vez o acordo proposto, não há mais desculpas (...). Já perdemos demasiadas oportunidades. É altura de entrar com toda a força necessária, sem pestanejar, para destruir e matar totalmente o Hamas” na Faixa de Gaza, afirmou, em hebraico, nas redes sociais.


As declarações de Itamar Ben Gvir surgem depois do Hamas ter afirmado, na noite de quinta-feira, que a nova proposta americana de cessar-fogo na Faixa de Gaza, aceite por Israel segundo a Casa Branca, não satisfaz as “exigências do povo palestiniano no território”.

No entanto, Bassem Naim, um dos líderes exilados do Hamas, remeteu uma resposta final para a direção do movimento islamita.

"A resposta à ocupação [de Israel] significa essencialmente a perpetuação da ocupação, a continuação dos assassínios e da fome, mesmo durante o período temporário de trégua, e não vai ao encontro de nenhuma das exigências do nosso povo”, frisou Bassem Naim.

O dirigente palestiniano acrescentou que a liderança do movimento “está a examinar, com grande sentido de responsabilidade e patriotismo, como responder a esta proposta".

O plano norte-americano para um cessar-fogo de 60 dias na Faixa de Gaza inclui a libertação de 28 reféns israelitas – vivos ou mortos - na primeira semana e a libertação de 125 prisioneiros palestinianos condenados a prisão perpétua e os restos mortais de 180 palestinianos mortos.

A proposta norte-americana, que já teve o aval de Israel, inclui o envio de ajuda humanitária para Gaza assim que o Hamas assinar o acordo de cessar-fogo.

De acordo com o plano, o cessar-fogo de 60 dias poderá ser prolongado se as negociações para um cessar-fogo permanente não forem concluídas dentro do período estabelecido.A ajuda será entregue pelas Nações Unidas, o Crescente Vermelho e outros canais acordados.


As profundas divergências entre o Hamas e Israel têm impedido as tentativas anteriores de restabelecer um cessar-fogo que foi interrompido em março.

Israel tem insistido que o Hamas se desarme completamente, seja desmantelado como força militar e governamental e devolva todos os 58 reféns ainda detidos em Gaza antes de concordar em acabar com a guerra.

O Hamas rejeitou a exigência de entregar as suas armas e diz que Israel deve retirar as suas tropas de Gaza e comprometer-se a acabar com a guerra.

Israel lançou a sua campanha em Gaza em resposta ao ataque do Hamas no seu sul, a 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e viu 251 israelitas serem feitos reféns em Gaza, de acordo com os registos israelitas.

Das 251 pessoas raptadas na altura, 57 continuam detidas em Gaza, incluindo pelo menos 34 mortos, segundo as autoridades israelitas.

c/ agências
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