Agência Europeia do Medicamento dá luz verde a vacina da AstraZeneca

por Andreia Martins - RTP
Reuters

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) anunciou esta sexta-feira a aprovação da vacina Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford. A vacina, a terceira a ser recomendada no espaço comunitário, pode ser usada em doentes com mais de 18 anos.

Depois das vacinas da Pfizer e Moderna, a Agência Europeia do Medicamento aprovou também a inoculação da AstraZeneca, assegurando aos cidadãos dos 27 Estados-membros que a vacina cumpre as normas da União Europeia.

"Com esta terceira resposta positiva, expandimos ainda mais o arsenal de vacinas disponíveis para os estados-membros da União Europeia e do Espaço Económico Europeu no combate à pandemia e para proteção dos cidadãos", disse Emer Cooke, diretora-executiva da EMA.  

Mais acrescenta que os "resultados combinados" de quatro diferentes ensaios clínicos no Reino Unido, Brasil e África do Sul mostraram que "a vacina é eficaz na prevenção da Covid-19 em pessoas a partir dos 18 anos de idade".
"Espera-se que haja proteção" acima dos 64 anos
A vacina foi aprovada no espaço europeu sem um limite máximo de idade. "A maioria dos participantes nesses estudos tinha entre 18 e 55 anos. Ainda não há resultados suficientes em participantes mais velhos (com mais de 55 anos) para nos dar dados sobre quão bem a vacina irá pode funcionar neste grupo. No entanto, espera-se que haja proteção, visto que se observa uma resposta imunitária neste grupo etário, e também com base na experiência com outras vacinas", referem os especialistas.

No entanto, aguarda-se "mais informação de estudos em curso, que incluem uma maior proporção de participantes mais idosos", acrescentam os peritos da EMA.

Na quinta-feira, as autoridades alemãs recomendaram a administração desta vacina apenas a utentes entre os 18 e os 64 anos, justificando a decisão com a ausência de dados sobre a eficácia desta inoculação em doentes mais idosos.

“A vacina AstraZeneca, ao contrário das vacinas de mRNA, só deve ser administrada a pessoas com idade entre os 18 e os 64 anos”, apontavam os especialistas alemães.

Tal como as anteriores vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento, também a vacina da AstraZeneca se divide em duas doses, sendo que a segunda pode ser dada entre quatro a 12 semanas após a primeira.

A vacina da Oxford/AstraZeneca representa um avanço importante no combate à Covid-19, uma vez que é mais fácil de armazenar e distribuir do que, por exemplo, a vacina da Pfizer/BioNTech, que deve ser guardada a temperaturas à volta de -70ºC.
"Acesso amplo e equitativo"

A aprovação desta nova vacina dentro do bloco europeu surge num momento conturbado e de polémica entre a farmacêutica e as instituições europeias. Recentemente, o laboratório britânico anunciou que não irá conseguir cumprir com o fornecimento contratualizado com a Comissão Europeia. 

Após um braço-de-ferro que já dura há alguns dias, Bruxelas publicou esta sexta-feira o contrato firmado com a AstraZeneca, pretendendo evidenciar que a farmacêutica está a falhar com os seus compromissos.

No início da semana, o CEO da AstraZeneca indicava que não seria possível cumprir com o número de doses esperadas pelo bloco europeu no primeiro trimestre de 2021. Mas ao mesmo tempo, a farmacêutica garantia ao Reino Unido a produção de dois milhões de doses semanais para o país, a fim de cumprir com o contrato com Downing Street, no valor de 100 milhões de doses.

Pascal explicava numa entrevista que “o acordo com o Reino Unido foi alcançado em junho, três meses antes do acordo com a União Europeia” e que o contrato com Londres estabelece que "o fabrico no Reino Unido vai primeiro para a cadeia de fornecimento do Reino Unido". 

Já esta sexta-feira, num comunicado após a aprovação da Agência Europeia do Medicamento, a AstraZeneca saudou a decisão dos peritos europeus. Pascal Soriot garante no comunicado de hoje que está a trabalhar "com Governos, organizações internacionais e colaboradores de todo o mundo para garantir um acesso amplo e equitativo" à vacina.
pub