Alerta OMS. Próximo ano da pandemia vai ser mais letal do que o ano passado

por RTP
Tedros Adahnom Ghebreyesus, director-geral da OMS Reuters

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde deixou esta sexta-feira em Genebra um alerta grave face à pandemia. Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que a organização espera um agravamento dos contágios e das mortes em áreas mais pobres do planeta e apelou à solidariedade na distribuição de vacinas.

“Estamos a caminho de que este ano da pandemia seja ainda mais letal do que o primeiro”, afirmou Tedros Ghebreyesus durante a conferência de imprensa apresentação do relatório da OMS. A pandemia de Covid-19 matou até agora mais de 3.34 milhões em todo o mundo desde que o vírus SARS-CoV-2 surgiu na China, em finais de 2019. Mais de 160 milhões de pessoas foram infetadas.

Na semana passada, cerca de 40 por cento dos óbitos a nível mundial devido à pandemia registaram-se nalgumas áreas do continente americano.

Na Ásia, as infeções por SARS-CoV-2 estão a alastrar a enorme velocidade, com consequências devastadoras.
Perigo a oriente
A Índia tem quebrado recordes sucessivos e está a registar tantos casos de Covid-19 diariamente como o total do resto do mundo. Conta 24 milhões de casos e pelo menos 160 mil perderam já a vida devido à Covid-19. O país começou a receber esta sexta-feira os primeiros lotes de milhares de vacinas russas Sputnik V.

Países como o Nepal, o Sri Lanka, o Vietname, o Camboja, a Tailândia e o Egito, estão a registar igualmente aumentos do número de casos e de hospitalizações por Covid-19, sublinhou Tedros Ghebreyesus.

O Japão, até agora relativamente pouco afetado pela pandemia, prolongou o estado de emergência em várias regiões, a menos de 10 semanas dos Jogos Olímpicos. Ativistas já conseguiram 350 mil assinaturas numa petição a apelar ao cancelamento dos Jogos.

Taiwan, até agora um modelo mundial no controlo da pandemia com apenas 1.290 casos registados e 12 mortes, vai encerrar a partir de sábado, sem data de reabertura, vários locais de entretenimento, incluindo cafés e bares, assim como bibliotecas e centros de desporto, devido a um surto de casos com origem entre pilotos.
Doar vacinas em vez de vacinar os jovens
Os países mais ricos estão a conseguir controlar a pandemia graças à vacinação em massa e começam a relançar as suas economias, especialmente o turismo.

Infelizmente, somente 0,3 por cento das vacinas produzidas globalmente foram destinadas a países de baixo rendimento, revelou o responsável pela organização global de saúde.
"Em janeiro falei sobre uma potencial catástrofe moral e infelizmente é o que está a acontecer agora" com a distribuição a "conta-gotas" das vacinas, lamentou Tedros Ghebreyesus.


A impossibilidade de impor e de vigiar confinamentos, a falta de testagem de milhões de seres humanos nestes países e os baixos níveis económicos e sanitários em que vivem, criam ainda as condições ideais para o desenvolvimento de novas variantes do SARS-CoV-2, potencialmente mais perigosas.

A vacinação em massa é cada vez mais urgente.

Tedros Ghebreyesus apelou esta sexta-feira os países ricos, “que compraram a maioria das vacinas disponíveis”, a não vacinarem os mais jovens e adolescentes, de forma a doarem essas vacinas aos países onde elas escasseiam.

"Eu entendo que esses países querem vacinar as suas crianças e os seus adolescentes, porém, encorajo estes países a reconsiderarem esta decisão e a doarem as suas vacinas ao Covax", disse o diretor-geral da OMS, sem referir qualquer país em específico.
Pandemia recua nos EUA e UE
Os Estados Unidos iniciaram quinta-feira a vacinação aos adolescentes dos 12 aos 15 anos, antes do próximo ano letivo, no mesmo dia em que foi anunciado o fim de obrigação do uso de máscara para os cidadãos já vacinados.

Estes representam quase 60 por cento dos aultos norte-americanos. Os novos casos de infeção estão em queda no país, para uma média de 38 mil por semana ou11 por 100 mil habitantes.

França e Canadá já receberam o acordo dos respetivos reguladores para a utilização da vacina na mesma faixa etária e a Alemanha que seguir o mesmo caminho. Berlim aguarda apenas pela "luz verde" da Agência Europeia do Medicamento (EMA).

Tedros Ghebreyesus confirmou que ele próprio já foi vacinado mas reiterou que em muitos países mais pobres os profissionais de saúde que combatem a pandemia ainda não foram imunizados.

Um “reflexo triste da grande distorção no acesso às vacinas" a nível global, lamentou o diretor-geral da OMS.

Com Lusa
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