Ben Gvir na Esplanada das Mesquitas. Ministro israelita da Segurança provoca palestinianos
Itamar Ben Gvir pouco faz para apaziguar os ânimos na Palestina. O ministro israelita de extrema-direita decidiu esta terça-feira rezar na Esplanada das Mesquitas, um dos três lugares sagrados do Islão, à semelhança do que foi já feito anteriormente pela liderança israelita quando pretendeu provocar o povo palestiniano, em concreto a visita de Ariel Sharon, que provocaria a Segunda Intifada. As críticas ao fundamentalista Ben Gvir vêm da ONU e da União Europeia, mas, mais significativamente, dos aliados de Washington, que consideram a atitude de “inaceitável”.
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, já veio denunciar “as provocações” do ministro da Segurança, que arrastou atrás de si 3000 fiéis até ao lugar sagrado de Jerusalém Oriental e que alberga a Mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do Islão depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita.
A Esplanada das Mesquitas está construída sobre as ruínas do segundo templo judaico, destruído em 70 d.C. pelos romanos. Trata-se, para os judeus, do local mais sagrado do judaísmo: o Monte do Templo.
“A UE condena veementemente as provocações do ministro israelita Ben Gvir que, durante a sua visita aos locais sagrados, apelou à violação do statu quo”, segundo o qual os não-muçulmanos podem ir a esta esplanada mas sem poder rezar, escreveu Josep Borrell na rede social X.
Também as Nações Unidas falam de uma “provocação inútil”, com um porta-voz da organização a afirmar liminarmente que a ONU está “contra qualquer tentativa de mudar o statu quo relacionado com os locais sagrados”.
“Este tipo de comportamento não ajuda e é uma provocação desnecessária”, afirmou o porta-voz, Farhan Haq, em declarações aos jornalistas.
Reação firme chegou também de Washington, que navega por estes meses em águas pouco claras no que respeita aos seu posicionamento face às ações bélicas do Estado de Israel contra centenas de milhares de civis na Faixa de Gaza, tendo já Telavive matado cerca de 40 mil palestinianos uma parte considerável crianças e bebés.
“Inaceitável”, disse Washington.
“É não só inaceitável, como também desvia as atenções do que acreditamos ser um momento vital quando trabalhamos para chegar a um acordo de cessar-fogo” em Gaza, lamentou Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado.
A condenação surgiu também da Autoridade Palestiniana, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros a atribuir esta acção a extremistas judeus que desejam “impor um controlo total” e alertando para “repercussões perigosas” que este tipo de ações pode ter na região, mas que parece ser exatamente o objetivo dos radicais israelitas.
Egito e pela Jordânia juntam-se a estas críticas ao ministro fundamentalista Ben Gvir.
A ação desta manhã coincide com o dia em que os judeus assinalam a destruição dos seus templos sagrados no local. Alguns dos judeus hastearam bandeiras israelitas e rezaram no local, apesar de estarem proibidos de o fazer.
Nos termos do statu quo acordado em 1967 entre Israel e os países árabes liderados pela Jordânia, o culto no recinto está reservado aos muçulmanos. Os judeus só podem entrar como visitantes em horários predeterminados, caminhar ao longo de um percurso definido, acompanhados por polícias, e rezar no Muro das Lamentações, que se encontra nas proximidades.
c/ Lusa