China vai limitar o abastecimento de petróleo a Pyongyang

por RTP
Yuri Maltsev - Reuters

A China anunciou este sábado que vai limitar o abastecimento de petróleo à Coreia do Norte a partir de 1 de outubro, de acordo com as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU.

É o cortar de ligações económicas do aliado histórico de Pyongyang, ao mesmo tempo o maior parceiro económico do regime. Pequim anunciou este sábado as restrições no abastecimento de petróleo a partir do próximo mês, e em gás natural liquefeito com efeitos imediatos.

O Ministério do Comércio chinês anunciou também em comunicado a proibição geral das importações de têxteis norte-coreanos, uma medida que poderá ter o impacto de 700 milhões de dólares por ano. 

Segundo a agência France Presse, os preços de combustível aumentaram 20 por cento em Pyongyang, ao longo dos últimos dois meses. A China representa cerca de 90 por cento do comércio norte-coreano.

A China é o principal parceiro comercial de Pyongyang e, tradicionalmente, o seu principal apoio político, mas nos últimos meses aceitou a aprovação de duras sanções contra o país liderado por Kim Jong-un.

A Rússia também tem aprovado as sanções, mas ambos os países conseguiram atenuar as medidas propostas pelos Estados Unidos. Ainda assim, as sanções foram vistas por Pyongyang como "ato de hostilidade" para com a Coreia do Norte.

O novo pacote de sanções aprovado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas a 11 de setembro visa pressionar Pyongyang a acabar com os seus programas de desenvolvimento de armas nucleares e mísseis."Crianças num infantário"

Para este sábado é esperado o discurso do ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, perante a Assembleia Geral, na sede das Nações Unidas, num contexto de escalada de tensão entre os líderes dos dois países.

No seu discurso proferido ao início da semana, também em Nova Iorque, Donald Trump prometeu "destruir totalmente" a Coreia do Norte, caso a estratégia de ameaça e os ensaios nucleares e balísticos não cessassem.

O Presidente norte-americano frisou que os Estados Unidos não terão problemas em agir contra Pyongyang em caso de ameaça direta ao país ou aos seus aliados.

A Coreia do Norte tem reagido a estas palavras nos últimos dias com grande animosidade. Kim Jong-un já anunciou que Trump vai "pagar caro" as suas ameaças. O líder da Coreia do Norte considerou que o Presidente norte-americano está "mentalmente perturbado".

Na sexta-feira, ameaçou lançar uma bomba nuclear de hidrogénio no Oceano Pacífico, ao que Trump ripostou, no Twitter, que Kim Jong-un é "um louco que não se preocupa com a fome e em matar o seu povo" e que vai ser testado "como nunca".

O Kremlin, que também condenou os lançamentos norte-coreanos no seu discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas e pediu uma solução diplomática, já veio entretanto tentar acalmar os ânimos. Sergei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, disse que é necessário "uma pausa para acalmar as cabeças quentes".

Para o responsável russo, a troca de palavras entre Trump e Kim assemelha-se a "uma luta de crianças no infantário", e que Moscovo e Pequim vão continuar a procurar "uma abordagem razoável, não emocional".

"Sim, é inaceitável assistir silenciosamente às aventuras nucleares da Coreia do Norte, mas também é inaceitável desencadear uma guerra na península coreana", frisou Lavrov.

c/ Lusa

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