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EUA acusam Irão de "extorsão" e anunciam agravamento de sanções

por Graça Andrade Ramos - RTP
Uma rua de Teerão, capital iraniana Reuters

A notícia de que novas sanções contra o Irão vão ser substancialmente agravadas "em breve", foi dada pelo Presidente norte-americano Donald Trump, no seu meio de comunicação mais habitual, a rede Twitter. Quase no mesmo fôlego, na reunião de emergência da Agência Internacional para a Energia Atómica, os Estados Unidos acusavam Teerão de "tentativa de extorsão" da comunidade internacional.

Em comunicado ao conselho da AIEA, reunido em Viena de Áustria, os EUA repetiram ainda que se mantêm abertos ao diálogo, "sem pré-condições", desde que o Irão retroceda quanto às recentes iniciativas nucleares.

O Irão tem rejeitado liminarmente submeter-se a esta estratégia do chicote. Pelo contrário, Teerão respondeu esta semana à pressão norte-americana, com o anúncio de que irá, a partir de agora, produzir urânio enriquecido a 4,5 por cento, bem além do limite autorizado no acordo nuclear estabelecido em 2015 em Viena de Áustria.

Os EUA retiraram-se do acordo em maio de 2018, acusando o Irão de nunca ter cumprido a sua parte e voltando a impor sanções económicas ao país.

Teerão, insatisfeito com o fracasso nos últimos meses dos países europeus signatários do acordo em garantir formas de contornar as sanções norte-americanas, voltou a armazenar urânio e a enriquecer urânio acima do permitido.
Sanções agravadas
Segunda-feira, o Governo iraniano ameaçou mesmo retomar a produção em centrifugadoras desativadas e aumentar o enriquecimento de urânio para 20 por cento.

Donald Trump sente-se justificado nas suas acusações.

"O Irão tem estado a "enriquecer" há muito tempo em segredo, em total violação do horrível acordo de 150 mil milhões de dólares realizado por John Kerry e a Administração Obama", tweetou Trump esta quarta-feira.

"As sanções vão em breve ser agravadas, substancialmente", acrescentou.

Esta quarta-feira, os membros da AIEA reuniram-se de emergência para analisar se ainda é possível salvar o acordo de 2015, que ofereceu ao Irão a reintegração na comunidade económica internacional e auxílio financeiro, em troca da suspensão do seu programa nuclear.
Acusação de "extorsão"
Perante o conselho da AIEA, os Estados Unidos repetiram a sua vontade de dialogar, enquanto acusavam o Irão de "tentativa de extorsão" e alertavam Teerão de que está a isolar-se na cena internacional.

"Não há qualquer razão credível para o Irão expandir o seu programa nuclear, e não há outra forma de olhar isto além de uma tentativa transparente de extorquir pagamentos da comunidade internacional", acusou em conferência de imprensa, a embaixadora americana à AIEA, Jackie Walcott.

"Apelamos ao Irão para reverter os seus recentes passos nucleares e parar quaisquer futuros planos de desenvolvimento. Os Estados Unidos tornaram claro que estão abertos à negociação sem pré-condições, e que estamos a oferecer ao Irão a possibilidade de uma total normalização das relações", acrescentou.

O porta-voz iraniano para a AIEA, Behrouz Kamalvandi, criticou por seu lado Washingont, por ter abandonado o acordo de 2015, conhecido pela sigla JCPOA, correspondente à designação em inglês do Plano Comum de Ação Abrangente.

"Abandonarem o acordo foi um enorme erro dos americanos, que causou todos os problemas. Os europeus tiveram tempo suficiente para salvar o pacto", afirmou.
Risco de navegação
Nas últimas duas semanas, o Irão ultrapassou duas regras fundamentais do JCPOA. O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, sustentou contudo que as medidas adotadas estavam dentro do Plano.

Washington está apostada em isolar o Irão, para o forçar a renegociar o pacto nuclear, além do seu programa de mísseis, e para conter a sua influência na região de Médio Oriente.

No fim de junho, os Estados Unidos ameaçaram sancionar qualquer país que compre petróleo ao Irão.

Esta quarta-feira, soube-se que o Egipto, após um pedido norte-americano, arrestou há 10 dias no Canal do Suez um petroleiro ucraniano que alegadamente transportava petróleo iraniano.

Na quinta-feira passada, a marinha britânica apreendeu por sua vez, ao largo de Gibraltar, um petroleiro iraniano acusado de transportar petróleo para a Síria, em violação das sanções impostas pela União Europeia.

Teerão prometeu retaliar. Em resultado, um petroleiro com bandeira britânica está a ser escoltado por um vaso de guerra também britânico, na sua travessia do Estreito de Ormuz. Um outro petroleiro britânico preferiu voltar para trás e refugiar-se num porto saudita.

Os Estados Unidos anunciaram entretanto a intenção de formar uma coligação internacional para patrulhar águas ao largo do Irão e do Iémen, para garantir "a liberdade de navegação".
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