O regime de Teerão quer garantias de que os efeitos das sanções económicas norte-americanas ao Irão serão minimizados por outras potências e mostra-se insatisfeito com a resposta obtida. Mostra-se combativo e não pensa ficar de braços cruzados.
Teerão promete mesmo uma resposta "mais decisiva" se as potências europeias e a
China falharem na oposição às sanções reimpostas por Washington.
Garantia deixada pelo vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros após a reunião desta sexta-feira em Viena de Áustria com os restantes países signatários do Plano Comum de Ação Abrangente - nome oficial do Acordo Nuclear com o Irão, assinado em 2015.
"Foi um passo em frente", disse Abbas Mousavi, no final do encontro, considerado a última oportunidade para salvar o acordo, denunciado pelos Estados Unidos em maio de 2018. "Mas ainda é insuficiente e não corresponde às expetativas iranianas", acrescentou.
Teerão já se disse disposta a renunciar a alguns compromissos do acordo, já a partir de 7 de julho próximo.
O regime iraniano apresentou ainda queixa no
Conselho de Segurança da ONU, esta sexta-feira, contra os Estados Unidos,
devido à violação do seu espaço aéreo por um drone norte-americano no início de junho, descrita como uma "agressão".
As potências signatárias - os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha - avisaram Teerão de que o país tem de se manter fiel aos termos do acordo, mas, com os iranianos a exigir antes de mais nada alívio das sanções impostas pelos norte-americanos, a esperança de uma resolução favorável para a crise é mínima.
Num outro sinal de esfriar de relações, Abbas Mousavi referiu que também "a implementação do mecanismo europeu de comércio", o INSTEX, elaborado pela Alemanha, França e Reino Unido, para contornar algumas das sanções americanas, "foi adiada por falta de compromisso".
"Se o INSTEX não responder às exigências iranianas no quadro do acordo nuclear, iremos dar os próximos passos de forma mais decisiva", alertou Mousavi, referindo que a decisão final pertence a Teerão.
Os Estados Unidos alargaram entretanto o âmbito do cerco ao regime dos Ayatolas, ameaçando esta sexta-feira sancionar todos os países que importem petróleo iraniano, sem quaisquer exceções. A revelação foi feita pelo enviado especial norte-americano ao Irão, Brian Hook, em Londres.
"Iremos sancionar quaisquer importações de crude iraniano", afirmou, quando questionado sobre a venda de petróleo do Irão aos países asiáticos, particularmente à China. Hook garante que estes fornecimentos em particular serão analisados pela Administração, no que promete ser uma nova frente na atual batalha comercial entre Washington e Pequim.
Hook sublinhou que as sanções serão impostas à "aquisição ilícita" do petróleo iraniano. Em reação, o enviado chinês a Viena de Áustria, para as conversações que tentam salvar o acordo nuclear com o Irão, lembrou que o seu país rejeita as sanções ao Irão.
"Rejeitamos a imposição unilateral de sanções e para nós a segurança energética é importante", afirmou Fu Cong. "Não aceitamos esta política zero dos Estados Unidos", respondeu ainda, quando questionado sobre se a China irá comprar petróleo iraniano.
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