O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, ameaçou hoje a embaixadora dos Estados Unidos na Geórgia, Robin Dunnigan, de que "reconsiderará substancialmente" as relações bilaterais se Washington persistir na imposição de sanções a responsáveis georgianos.
"Outra decisão como esta por parte dos Estados Unidos e a Geórgia provavelmente levará a cabo uma revisão substancial da sua posição sobre as relações com os Estados Unidos", afirmou Kobajidze, sublinhando que as sanções norte-americanas a cidadãos georgianos "aproximaram as relações bilaterais de um estado crítico", apesar de os dois países serem parceiros estratégicos desde 2009.
O Governo da Geórgia condenou hoje as sanções impostas pelos Estados Unidos por atentarem contra a democracia, sustentando que estas visam influenciar os resultados das eleições legislativas de outubro na ex-república soviética.
"Estas sanções não são sérias e causam-nos grande tristeza. Nós estendemos-lhes a mão, dissemos-lhes que estamos dispostos a falar de qualquer assunto, apesar de nos últimos quatro anos muitas coisas se terem degradado nas relações bilaterais", disse o chefe do executivo georgiano numa conferência de imprensa.
Classificou também as sanções de "absolutamente contraproducentes" e salientou que as instituições norte-americanas também estão a debater-se com problemas, no período que antecede as eleições presidenciais, agendadas para 05 de novembro.
Contudo, mostrou-se convicto de que "o eleitor georgiano responderá com firmeza nas eleições parlamentares de 26 de outubro, remetendo para o passado o Movimento Nacional Unido".
"Ninguém será capaz de trazer de volta ao poder o regime de guerra, destruição, tortura, assassínio e extorsão", afirmou.
O Departamento de Estado norte-americano informou na segunda-feira que impôs restrições de vistos a mais de 60 cidadãos georgianos responsáveis ou cúmplices de minar a democracia no país.
A 28 de maio de 2024, apesar de semanas de protestos em massa, o partido governante Sonho Georgiano aprovou a lei que exige que as organizações e entidades não-estatais, incluindo os órgãos de comunicação social, que recebam mais de 20% do seu financiamento de fontes estrangeiras se registem como organizações "que prosseguem os interesses de uma potência estrangeira".
A Geórgia, que se recusou a atender os pedidos de derrogação da lei feitos pela Presidente da República e pelos Governos ocidentais, normalizou relações com a Rússia, o que lhe granjeou críticas da Ucrânia, dos Estados Unidos e da União Europeia.