Lula da Silva entregou-se com duas horas de atraso relativamente ao combinado com a PF

por RTP
O momento em que Lula saiu pelo opróprio pé da sede do Sindicato dos Metalúrgicos para se entregar à Polícia Federal brasileira. Reuters

Pouco antes das 23h00 em Portugal, eram 18h40 no Brasil, o ex-Presidente brasileiro fez nova tentativa para abandonar a sede do Sindicato dos Metalúrgicos e entregar-se à polícia. À segunda foi de vez e Lula da Silva saiu do local sob escolta.

A caravana de automóveis dirigiu-se à Superintendência da Polícia Federal, PF, em São Paulo, para serem feitos exames médicos a Lula.

Dali, o ex-Presidente foi levado de helicóptero para o aeroporto de Congonhas, embarcando num avião da PF para seguir até Curitiba.

Em várias cidades do Brasil houve celebrações quando foi anunciada a prisão de Lula da Silva.

Junto ao edifício da Superintendência ter-se-ão registado confrontos entre apoiantes e opositores do ex-chefe de Estado.

De acordo com o jornal A Folha de São Paulo, Lula saiu a pé do sindicato e entrou num dos carros da PF estacionado numa viela próxima.

Duas horas antes, tinha sido impedido por militantes do PT de sair à hora acordada com a PF para se entregar.

Os militantes, que bloquearam depois os corredores dentro da própria sede do Sindicato, tentando impedir Lula da Silva de se entregar, acabaram por ceder diante a ameaça de intervenção da polícia de choque e dos apelos da direção do PT, preocupada com as consequências da resistência.

A própria presidente do PT e senadora, Gleisi Hoffmann, apelou aos apoiantes para deixarem Lula sair.

"A coisa que eu mais queria era resistência", disse.

Esta gerou contudo um pedido de prisão preventiva por parte do Ministério Público e o juiz Sérgio Moro avisou a direção do PT de que estava disposto a avançar com ele. Uma eventualidade que iria dificultar à defesa do ex-Presidente avançar com novos recursos.

Gleisi alertou também  para o risco da polícia recorrer à violência para retirar os manifestantes do local, abrindo passagem a Lula.

"O que vamos fazer: ficar com Lula preso sem poder recorrer?" perguntou a senadora.

Os apelos acabaram por surtir efeito e o ex-Presidente deverá dentro de algumas horas iniciar em Curitiba o cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão a que foi condenado num processo ligado à operação Lava Jato.

Lula é acusado de receber um apartamento de luxo da construtora OAS em troca de favorecer os contratos da empresa com a estatal brasileira Petrobras, mas diz-se inocente e alvo de perseguição política.
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