A antiga governante birmanesa Aung San Suu Kyi viu esta quinta-feira a pena acumulada de 20 anos de prisão agravada com mais três. Os crimes que lhe são atribuídos correspondem a alegadas violações da Lei do Segredo de Estado de Myanmar. A condenação de três anos abrange também um antigo assessor de Suu Kyi para as questões económicas, o australiano Sean Turnell.
Esta é a mais recente de uma série de sentenças. Com 77 anos, a ex-governante destituída pela junta militar em Myanmar já tinha sido condenada por crimes relacionados com fraude e corrupção. Enfrenta agora uma pena total de prisão de 23 anos.
Para além da condenação de Suu Kyi, Nobel da Paz em 2021, o mesmo tribunal militar sentenciou com igual pena o seu conselheiro Sean Turnell, economista australiano da Universidade Macquarie, em Sydney.
Ambos se declararam inocentes das acusações de
violar a Lei do Segredo de Estado, crime para o qual está prevista uma
sentença máxima de 14 anos.
De acordo com os media estatais, Turnell tinha em sua posse documentos com informações secretas do Estado e teria tentado sair do país.
"Três anos cada, sem trabalho forçado", disse à Reuters fonte familiarizada com o processo, a coberto do anonimato.
O economista foi detido poucos dias depois do último golpe militar e está preso há quase dois anos. Turnell também foi acusado de crimes associados à imigração, razão pela qual ainda pode ver somados à pena mais cinco anos de prisão.Suu Kyi, Turnell e muitos outros membros da equipa
governativa estão entre os milhares presos desde que os militares
derrubaram o governo eleito num golpe, no início de 2021.
A Austrália já pediu a libertação de Turnell. "O Governo australiano rejeitou consistentemente as acusações contra o professor Turnell e rejeita a decisão judicial de hoje e pede a sua libertação imediata", reagiu, em comunicado, a ministra australiana das Relações Exteriores, Penny Wong.
A Austrália já pediu a libertação de Turnell. "O Governo australiano rejeitou consistentemente as acusações contra o professor Turnell e rejeita a decisão judicial de hoje e pede a sua libertação imediata", reagiu, em comunicado, a ministra australiana das Relações Exteriores, Penny Wong.
Desde que a junta militar voltou a tomar o poder em Myanmar as liberdades e direitos no país deterioraram-se e a repressão alastrou, nomeadamente nos julgamentos à porta fechada, alertam as organizações de Direitos Humanos e observadores.