Ofensiva turca em Afrin fez 200 mil desalojados, acusam curdos-sírios

por RTP
Reuters

Mais de 200 mil pessoas fugiram do assalto do exército turco e dos combatentes do Exército Livre da Síria a Afrin, este fim-de-semana, e estão sem abrigo e a necessitar de auxílio, denunciou Hevi Mustafa, responsável curdo-sírio.

Os deslocados estão ainda sob ameaça de ataques dos combatentes apoiados pela Turquia, afirma.Ancara lançou dia 20 de janeiro uma ofensiva apoiada por grupos armados, para dominar a zona norte da Síria junto à sua fronteira, dominada pelas milícias curdas YPG. Este domingo considerou dominada a zona central de Afrin, centro nevrálgico do governo local curdo.

Esta segunda-feira, o principal porta-voz do Governo turco garantiu que as forças turcas não irão permanecer na região e irão retirar-se deixando-a aos "verdadeiros donos", sem especificar a quem se referia.

Para um vice-primeiro-ministro turco, Bekir Bozdag, depois de capturar Afrin a Turquia reduziu significativamente a ameaça às suas fronteiras.

Na operação, as forças turcas confiscaram "a maioria" das armas entregues às milícias YPG pelos Estados Unidos para combater o grupo islamita Estado Islâmico, referiu. As armas foram abandonadas pelos curdos durante a fuga da cidade, acrescentou Bozdag.

A Turquia acusa as milícias curdas-sírias de apoiarem com armas e logística o PKK, grupo curdo que há mais de três décadas contesta a hegemonia de Ancara através da luta armada e política.

A ofensiva lançada a 20 de janeiro terá recebido o apoio tácito da Rússia, aliada do Governo sírio, e Damasco enviou apenas alguns combatentes em resposta aos pedidos de ajuda dos curdos-sírios.

Milhares de pessoas abandonaram tudo perante o avanço dos soldados e dos combatentes do Exército Livre da Síria (ELS), para procurarem refúgio em Afrin. Depois da cidade ter caído sob controlo turco, voltaram a fugir e estão agora à mercê dos combates e ao relento, denunciam as autoridades curdas.

"As pessoas com carros estão a permoitar dentro deles, as pessoas sem estão a dormir sob as árvores com os filhos", disse Hevi Mustafa num telefonema com a agência Reuters.

Mais de 200 mil pessoas estão a precisar de ajuda urgente, precisou.
Cruz Vermelha pede acesso a Afrin
O presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha exigiu entretanto o acesso humanitário a Afrin.

"Atualmente, com os combates, temos um grande número de pessoas deslocadas. Devemos por isso encontrar a melhor forma de ajudar essa população nos próximos dias e semanas, e espero que isso seja possível", disse este responsável.
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