Psiquiatra desaconselha libertação antecipada de Anders Breivik. "Não podemos confiar nele"

por RTP
Anders Breivik no segundo dia das audiências sobre o seu pedido de libertação antecipada ao fim de 10 anos de cumprimento de pena Reuters

O extremista norueguês de matou 77 pessoas, na sua maioria jovens, em 2011, está a pedir a libertação antecipada por ter cumprido 10 anos da pena. Uma psiquiatra que o observou emitiu contudo uma recomendação negativa esta quarta-feira, dizendo que Breivik "mantém o diagnóstico de sempre teve".

Anders Breivik foi condenado a 21 anos de prisão, por ter deflagrado uma bomba no bairro governamental de Oslo e ter depois massacrado 67 pessoas num campo de verão para jovens ativistas políticos na ilha de Utoeya. A lei norueguesa prevê a possibilidade de indultos ao fim de 10 anos de detenção.

As audições de análise ao pedido dos advogados de Breivik começaram terça-feira e decorrem na prisão de Skien, a sul de Oslo.

Chamada a pronunciar-se, a psiquiatra Rani Rosenqvist afirmou esta quarta-feira que “não alterou o risco” quanto a “futuros atos de violência” por parte de Breivik, atualmente com 42 anos, “quando comparado ao que ele era” quando primeiro o avaliou em 2012.

“Ele é inconsistente e não podemos confiar nele” disse Rosenqvist, enquanto testemunha para a procuradoria. Sobre o comportamento do extremista desde o massacre, a psiquiatra referiu que “ele muda de tática face ao que considera apropriado”.

Ele mantém traços narcisistas. Continua com tendência a construir cenários. Não é psicótico, mas poderia sob diversos contextos, viver as suas fábulas na realidade”, explicou Rosenqvist.

A maioria dos especialistas considera pouco provável que Breivik seja libertado, contudo as autoridades insistiram que ele tem os mesmos direitos que qualquer outro detido, com o argumento de que trata-lo de forma diferente iria minar os princípios que regem a sociedade norueguesa, incluindo a regra do Estado de Direito e de liberdade de expressão.

Anders Breivik vive em isolamento com três células à sua disposição. Terça-feira, garantiu que renunciou à violência, ao mesmo tempo que defendia a supremacia branca e fazia saudações Nazi.

Já esta quarta-feira, interrogado pelo seu advogado, Breivik reclamou os seus direitos. “Dão uma oportunidade a todas as pessoas. Porque não posso eu ter também uma oportunidade?

“Fui esmagado até aos átomos durante os últimos 10 anos. Mudei tanto que não me é possível mudar mais”, garantiu.

Emily Krokann, jurista dos Serviços Correcionais Noruegueses na cadeia onde Breivik cumpre pena, Skien, referiu que, tal como a psiquiatra, os responsáveis do estabelecimento estão convictos “da existência de perigo iminente de que ele cometa novamente os crimes graves pelos quais foi condenado se for libertado agora”.

“Existe o perigo iminente de violência e terror se for libertado. As condições não são suficientes para garantir a proteção social”, afirmou Krokann.

Nos ataques de Brevik, ocorridos com duas horas de intervalo, ficaram feridas mais de 240 pessoas.

A explosão de um carro armadilhado junto ao prédio onde o então primeiro-ministro noruegês, Jens Stoltenberg, tinha o seu gabinete em Oslo, matou oito pessoas e feriu 209, 12 gravemente. Na ilha de Utoya, onde Breivik desembarcou de um ferry após apresentar uma falsa identidade, o extremista passeou calmamente a disparar sobre quem via. Matou 67 pessoas e feriu 32.

Entre os mortos de Utoya encontavam-se amigos de Stoltenberg e o meio-irmão da princesa Mette-Marit, casada com o herdeiro da coroa.
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