Reino Unido anuncia medidas mais rígidas de visto para reduzir imigração

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Fabrizio Bensch - Reuters

O Governo britânico anunciou na segunda-feira um pacote de medidas para tentar reduzir os níveis de imigração no país, aumentando o salário mínimo exigido aos imigrantes de 26.200 libras (cerca de 30.600 euros) para 38.700 libras (45.200 euros) anuais, reformulando a lista de empregos para os quais estão previstas exceções devido à escassez e endurecendo as regras para os familiares dos profissionais de saúde. As novas medidas deverão entrar em vigor na primavera do próximo ano.

O ministro britânico do Interior, James Cleverly, anunciou um plano para reduzir os níveis de migração e travar os abusos do sistema de imigração, de modo a alcançar a maior redução de sempre na migração líquida, inclusive de pessoas que chegam ao país por vias legais e a encorajar as "empresas a procurarem primeiro o talento britânico e a investirem na sua força de trabalho".

"O meu plano permitirá a maior redução de sempre da migração líquida e significará que cerca de 300 000 pessoas que vieram para o Reino Unido no ano passado não o teriam podido fazer”, afirmou o ministro britânico do Interior, na segunda-feira numa declaração no Parlamento.

James Cleverly disse estar a “tomar medidas decisivas para travar o aumento drástico das nossas rotas de vistos de trabalho e reprimir aqueles que procuram tirar partido da nossa hospitalidade”. Através do aumento do salário mínimo que os trabalhadores estrangeiros - à exceção dos profissionais de saúde e cuidados - e britânicos ou pessoas estabelecidas no Reino Unido que patrocinam membros da família devem auferir o executivo espera conseguir travar o número de pessoas dependentes que vão para o país e combater a exploração do sistema. "Todos aqueles que querem trabalhar e viver no Reino Unido devem ser capazes de se sustentar, contribuir para a economia e não sobrecarregar o Estado" pode ler-se em comunicado do ministério do Interior.

Em causa está o elevado número de pessoas que continuam a imigrar para o Reino Unido, mesmo depois do Brexit em fevereiro de 2020, muitas vezes ao abrigo das exceções criadas pelo país para colmatar a escassez de mão-de-obra de que sofre em determinadas áreas. De acordo com dados divulgados na semana passada, o saldo migratório atingiu um recorde de 745 mil pessoas em 2022, um valor muito superior à media dos 300 mil por ano anterior ao Brexit.

"É evidente que a migração líquida continua a ser demasiado elevada. Ao sairmos da União Europeia, passámos a ter controlo sobre quem pode vir para o Reino Unido, mas é necessário fazer muito mais para reduzir esses números, de modo a que os trabalhadores britânicos não sejam prejudicados e os nossos serviços públicos sejam menos sobrecarregados", esclareceu Cleverly. 

Segundo dados do ministério do Interior, até setembro de 2023 foram emitidos 101 mil vistos de Saúde e Cuidados a trabalhadores deste setor, com uma estimativa de 120 mil vistos concedidos a dependentes associados. "A maioria dos quais estimamos que não trabalham, mas continuam a utilizar os serviços públicos" considera o ministério em comunicado.

O Governo britânico tenciona igualmente acabar com o desconto de 20 por cento sobre o salário para as profissões em falta e reduzir o número de profissões incluídas na lista, de modo a combater “a mão-de-obra barata proveniente do estrangeiro”. Assim como aumentar a sobretaxa anual de saúde para os imigrantes de de 624 libras (728 euros) para 1.035 libras (1207,78 euros), de modo a assegurar que contribuem justamente para os serviços públicos, incluindo o serviço nacional de saúde britânico (NHS).
Visto de estudante visado 

Também no início deste ano, o Governo de Rishi Sunak tinha anunciado um pacote de medidas para reduzir o número de vistos de estudos emitidos, nomeadamente a exclusão do direito dos estudantes internacionais trazerem família para o Reino Unido no período de estudos e de entrarem no mercado de trabalho antes de concluírem a sua formação. 

Esta medida entrará em vigor para os cursos com início em janeiro de 2024, segundo informa o ministério do Interior em comunicado.
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