Zelensky disposto a aceitar o fim da guerra em troca de adesão à NATO

por Joana Raposo Santos - RTP
Foto: Alina Smutko - Reuters

O presidente da Ucrânia sugeriu esta sexta-feira que seria possível chegar a um acordo de cessar-fogo se o território ucraniano que controla fosse colocado "sob a alçada da NATO", mesmo que a Rússia não devolva imediatamente os territórios apreendidos.

Em entrevista à estação britânica Sky News, Volodymyr Zelensky explicou que a adesão à Aliança Atlântica teria de ser oferecida às partes não-ocupadas do país para pôr fim à "fase quente da guerra", desde que o próprio convite da NATO reconhecesse as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia.
"Se quisermos terminar a fase quente da guerra, temos de colocar sob a alçada da NATO o território da Ucrânia que temos sob o nosso controlo", afirmou.

"Temos de o fazer rapidamente. E depois, o território [ocupado] da Ucrânia, a Ucrânia pode recuperá-lo de forma diplomática".
Zelensky disse ser necessário um cessar-fogo para "garantir que [o presidente russo Vladimir] Putin não volte" para reclamar mais território ucraniano.
Na opinião do presidente ucraniano, a NATO deve cobrir "imediatamente" a parte da Ucrânia que permanece sob o controlo de Kiev, algo de que a Ucrânia precisa "muito” para impedir o regresso de Putin no futuro.

Esta é a primeira vez que Volodymyr Zelensky dá a entender que aceitaria um acordo de cessar-fogo que incluísse o controlo russo de parte do território ucraniano.

Ao longo do conflito, o líder do país invadido nunca revelou sinais de aceitar ceder território ucraniano ocupado à Rússia, incluindo a Crimeia, que Moscovo reclamou em fevereiro de 2014 e anexou formalmente no mês seguinte.
Zelensky quer “partilhar ideias” com Trump
O líder da Ucrânia falou também acerca das eleições nos Estados Unidos, defendendo que o seu país “tem de trabalhar com o novo presidente”, Donald Trump, de modo a “ter o seu maior apoiante” – os EUA.

"Quero trabalhar com ele diretamente porque há diferentes vozes de pessoas à sua volta. É por isso que não devemos [permitir] que alguém destrua a nossa comunicação", vincou.

"Isso não seria útil, seria destrutivo. Temos de tentar encontrar um novo modelo. Quero partilhar ideias com ele e quero ouvi-lo”, assegurou.

Zelensky disse ter conversado com Trump em setembro e classificou o diálogo como “muito caloroso, bom, construtivo” e “um primeiro passo importante”.

c/ agências
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