Reportagem

Regresso a Monchique. As respostas aos incêndios e às alterações climáticas

por RTP

Uma semana após a extinção do incêndio de Monchique, o maior da Europa em área ardida desde o início do ano, a RTP esteve no barlavento algarvio, com uma emissão especial durante todo o dia sobre a recuperação das comunidades. Políticos, autoridades locais e especialistas participaram ao longo de uma maratona informativa em que também se falou dos efeitos das alterações climáticas e das melhores formas para evitar a ocorrência de novas tragédias em território português.

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23h00 - Encerramos aqui a emissão especial conduzida ao longo do dia na RTP3 sobre o impacto dos incêndios florestais e os efeitos das alterações climáticas, uma semana após o grande fogo de Monchique.

"Precisamos de colocar a coesão territorial no centro da atividade política nacional"

Helena Freitas, professora universitária na área da ecologia, refere que o país está cada vez mais vulnerável aos grandes incêndios devido às condições atmosféricas e climáticas que propiciam esses fenómenos.

A especialista lembra ainda a menor atividade associada aos territórios, como a agricultura e o pastoreio, que permitem a acumulação de matéria vegetal.

Em entrevista à RTP, Helena Freitas defende uma aposta mais séria na prevenção dos riscos de incêndio, ao nível nacional e regional.

Sugere ainda a criação de um Ministério da Coesão Territorial, uma questão "importante e urgente", uma vez que a "desigualdade que contamina todas as políticas" desde a educação, bem-estar à saúde, por exemplo.

"Precisamos de colocar a coesão territorial no centro da atividade política nacional", refere Helena Freitas, recorrendo ao exemplo de França, que já conta com esse Ministério específico no Governo.

A perita destaca ainda que a questão das assimetrias territoriais é cada vez mais "uma questão global" e salienta que os partidos políticos em Portugal não estão preparados para construir políticas para o Interior, uma vez que prevalece uma lógica "fragmentada" na resolução dos problemas.

Chamas chegaram à zona urbana de Coimbra em 2005

Há treze anos, as chamas entraram onde nunca tinham chegado na cidade de Coimbra. O fogo vindo de concelhos vizinhos invadiu a zona urbana da cidade e deixou um rasto de destruição.

Milhares de hectares de floresta arderam, incluindo grande parte da Mata Nacional de Vale de Canas.

Eucalipto, espécie predominante da floresta portuguesa

Portugal tem mais de um milhão de hectares de floresta de eucalipto. A espécie de crescimento rápido está a disseminar-se exponencialmente em zonas do país.


Autarca de Moinchique exige os mesmos apoios dados às vítimas dos incêndios de 2017

Em declarações ao programa 360 da RTP3, o presidente da Câmara de Monchique, Rui André, destaca que grande parte das populações afetadas pelo incêndio no início do mês tem parcos recursos económicos.

Na sua maioria, as populações afetadas são reformadas e não terão capacidade de arcar com as despesas, realça o autarca.

Soube-se esta quinta-feira que o financiamento do Governo para a reconstrução das casas não vai ser feita a 100 por cento, e parte da despesa será suportada por quem foi afetado. Rui André recorda os apoios concedidos após os grandes incêndios de 2017 e exige um tratamento igual.

"Não queremos ter um apoio superior, mas também não queremos ter menos apoios. Se em Pedrógão as pessoas foram apoiadas a 100 por cento, aqui também se deveria pensar numa solução dessa forma", refere o autarca.

O objetivo do presidente da Câmara de Monchique é promover alterações ao programa divulgado hoje pelo executivo, de forma a permitir o mais rápido possível que as pessoas retomem as suas vidas e a sua atividade económica.

Monchique. Agricultores com despesas feitas após incêndio vão ser ressarcidos

Em declarações no programa 360 da RTP3, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, refere que há cerca de 500 agricultores afetados pelo incêndio de Monchique. O concurso para recuperação de bens perdidos vai estar aberto durante um mês.

O ministro conta ter concluído o pagamento de todas as ajudas no final de novembro.

Capoulas Santos refere ainda que todos os agricultores considerados elegíveis com despesas efetuadas a partir da data do incêndio vão ser ressarcidos.

Tal como o primeiro-ministro, o responsável pela pasta da Agricultura reforça que a principal preocupação das autoridades foi com a proteção de vidas humanas.

Feridos graves nos incêndios de 2018 vão ter pagamento intercalar

A provedora de Justiça anunciou que o valor global é de cerca de dois milhões de euros, mas nem todos os feridos vão ser contemplados. Dos 195 requerimentos de feridos graves, 188 foram aceites pela provedora de justiça.


Pinhal de Leiria continua a ser limpo um ano depois de ter ardido

Um ano depois de ter ardido, o pinhal de Leiria ainda está a ser limpo. O incêndio de outubro destriuiu 85 por cento daquela zona. Há quem tenha dificuldade de chegar aos locais para limpar. 


Monchique. Ministério da Agricultura faz levantamento dos danos

Faz esta quinta-feira uma semana que os bombeiros conseguiram dominar o incêndio em Monchique. Equipas do Ministério da Agricultura continuam a fazer o levantamento dos danos dos agricultores.

A maioria dos agricultores declarou a perda total de culturas, alfaias e animais, em alguns casos meios de subsistência.  Os vários postos de atendimento nas juntas de freguesia mais afetadas têm recebido mais de 50 pessoas por dia.

"Porta de Entrada". Famílias vão pagar obras durante 15 anos

As famílias de Monchique com casas afetadas pelos incêndios vão ter de pagar parte das obras durante 15 anos. A alternativa a esta modalidade é pagar a renda de uma nova habitação num equivalente a 25 por cento do seu rendimento médio mensal.


O programa de apoio às famílias com casas afetadas pelos fogos chama-se "Porta de Entrada", financiado pelo Orçamento do Estado,  está já a merecer críticas por parte da oposição.

O PSD diz não compreender por que razão Monchique tem um tratamento diferenciado em relação a outros incêndios. No caso do incêndio de Pedrogão Grande, por exemplo, a comparticipação veio de várias entidades e o financiamento foi a 100 por cento.

Prevenção de aluviões deve ser "desígnio regional" na Madeira

O geógrafo Raimundo Quintal recorda que o mais trágico de todos os aluviões da história da Madeira ocorreu em outubro de 1803, onde morreram mais de 1000 pessoas. Já nessa altura, as circunstâncias foram muito semelhantes às atuais.

O especialista refere ainda que pouco foi feito ao nível de ordenamento ao longo dos últimos oito anos, desde que ocorreu o último grande aluvião, em fevereiro de 2010.

Raimundo Quintal destaca a importância de trabalhos de reflorestação e criação de zonas de corta fogo como um "desígnio regional" para a Madeira.

Madeira. Aluviões já provocaram centenas de mortos ao longo da história

A tragédia mais recente aconteceu em fevereiro de 2010. A vaga de destruição provocada pela força das enxurradas fez mais de 40 mortos.

Na história da ilha dos últimos séculos, contabilizam-se mais de quatro dezenas de aluviões, mas cada vez mais a violência tende a aumentar. A subida do nível médio da água do mar também pode ser problemática.

Arouca dois anos depois dos grandes incêndios

Dois anos depois de grandes incêndios no concelho de Arouca que devastaram quase por completo as zonas florestais em Arouca, a RTP foi perceber o que mudou.

Nas medidas mais imediatas está a criação de uma equipa de intervenção permanente dos bombeiros locais ou a limpeza das vias municipais. Mas a autarquia reclama mais apoios.

Períodos de seca nos Açores podem ser "mais intensos, mais prolongados no tempo e mais frequentes"

Diamantino Henriques, responsável pelo IPMA nos Açores, destaca que há várias atividades económicas daquele arquipélago que são dependentes das condições meteorológicas.

Para o responsável, a seca que se tem vindo a sentir nos últimos tempos está a ser mais intensa. Registam-se, por exemplo, casos de "seca extrema" em São Miguel ou de "seca severa" na Terceira.

Diamantino Henriques destaca que a seca é um fenómeno meteorológico que ocorre com frequência e que ainda é preciso mais tempo para estudar o efeito das alterações climáticas nas mesmas.

No entanto, reconhece que a frequência deste fenómeno aumentou nos últimos dez anos e que, segundo a análise feita por especialistas, os períodos de seca podem ser ""mais intensos, mais prolongados no tempo e mais frequentes".

O responsável dá ainda o exemplo do furacão de categoria 3 que ocorreu recentemente nos Açores como um possível sinal das alterações climáticas que se sentem no arquipélago.

Açores, espaço privilegiado para o estudo da climatologia

A atravessar um longo período de seca, as ilhas dos Açores apresentam sinais das alterações climáticas, que se vão refletindo um pouco por todo o mundo.


A jornalista Fátima Parreira foi ouvir o professor Eduardo Brito de Azevedo, coordenador de uma das principais estações mundiais para o estudo das nuvens.

Provedoria de Justiça decide pagamento intercalar aos feridos graves dos incêndios de 2017

A Provedora de Justiça decidiu avançar com um pagamento intercalar às vítimas dos incêndios de junho e outubro de 2017, mas apenas às consideradas como "feridos graves" pelo Instituto Nacional de Medicina Legal.

O valor desta primeira fase ronda os dois milhões de euros. Em nota enviada às redações, a Provedoria informa que recebeu 195 requerimentos de indemnização. 188 foram admitidos.

Deram entrada no Instituto de Medicina Legal 163, dos quais 61 foram qualificados como "feridos graves" tendo em conta os requisitos de "dano biológico, dor e dano estético".

Nos incêndios florestais do ano passado morreram 115 pessoas e 350 ficaram feridas.

Incêndio da Grécia foi o mais mortífero da Europa

No final de julho, há 3 semanas, os incêndios na Grécia foram notícia em todo o mundo. A zona balnear de Mati foi a mais afetada.

Quatro mil casas ficaram danificadas neste que é o incêndio mais mortífero da Europa.

AR não criará obstáculos à reconstrução de Monchique

O presidente da Assembleia da República esteve presente na reunião que decorreu esta quinta-feira na Câmara Municipal de Monchique e afirmou, à saída, que o Parlamento não criará obstáculos à reconstrução da zona afetada pelos incêndios.

Ferro Rodrigues aproveitou para manifestar a solidariedade da Assembleia da República para com "as populações e todos os que sofreram perdas com o incêndio".

Agradeceu ainda a "todos os que combateram o fogo e conseguiram salvar bens e pessoas".

Declarou, por fim, que "não será pela Assembleia da República que haverá qualquer obstáculo a que o Governo seja rápido nas respostas no terreno".

Presidente da Câmara de Monchique pede medidas concretas

Rui André, presidente da Câmara de Monchique, afirmou, no final da reunião com a comissão parlamentar que o “importante é medidas concretas”

“Não basta as palavras e as visitas, que são importantes para as pessoas se inteirarem das questões. Mas acima de tudo, agora é importante ter medidas concretas”.

O autarca defende que é importante “que se olhe para os agricultores” que necessitam de “dinheiro para comprar umas tubagens, umas máquinas”.

“Neste momento está-se a fazer um levantamento e depois será necessário, numa segunda fase, uma candidatura. Quando vier esse dinheiro já passou muito tempo, já as culturas que neste momento podiam ser recuperadas se perderam”, alertou.

Rui André esclareceu que o que pede “é uma medida de emergência. Um fundo para apoio direto a estas pessoas”.

O presidente da câmara defende que é “necessário simplificar os processos para ajudarem as pessoas. Porque estas pessoas precisam de uma resposta imediata e não podem esperar mais tempo”.

Populações sentem-se desprotegidas

Cristóvão Norte, deputado do PSD que integra a comissão parlamentar de Agricultura e Florestas, afirmou à RTP que na reunião de hoje umas das preocupações que foram levantadas foi “a circunstância destas pessoas se sentirem desprotegidas e encararem com grande angústia e apreensão ao futuro”.

Para o deputado as populações sentem-se “desprotegidas e exigem de uma forma pronta que se lhes de esperança. E essa esperança exige ação concertada, forte para ser capaz de reavivar esta economia”.

Prosseguem limpezas no Pinhal de Leiria

Quase 86 por cento do Pinhal de Leiria ardeu em outubro do ano passado.

Não há sinais para já de quebra no turismo e as limpezas continuam nos 11 mil hectares de pinhal.

Próximos anos vão ser “anormalmente” quentes

Os próximos quatro anos vão ser " anormalmente" quentes em todo o mundo. A conclusão é de um estudo feito por dois cientistas europeus que acrescentam que 2018 é apenas o início de um período de muito calor.

A probabilidade de existirem dias de frio intenso vai ser cada vez mais reduzida.

Para esta projeção os dois climatólogos procuraram encontrar situações semelhantes de vagas de calor que tenham ocorrido nos séculos XX e XXI.

O dia mais quente dos últimos 18 anos, em Portugal continental, foi registado a 4 de agosto, em Alcácer do Sal, os termómetros chegaram aos 46ºC.

Sibéria, Japão, Suécia e Reino Unido são alguns exemplos de países que foram recentemente afetados por ondas de calor.

Produtores florestais repensam o futuro

A floresta do concelho de Monchique, constituída em 70 por cento por eucaliptos, sofreu grandes perdas.

Uma semana depois do incêndio, os produtores florestais deitam contas à vida.

Operadores temem afastamento de turistas

Os operadores turísticos de Monchique temem que o incêndio afaste os visitantes da região.

Já foram canceladas reservas em hóteis e restaurantes e também em atividades relacionadas com a natureza.

A serra costuma ser procurada por estrangeiros para caminhadas e agora grande parte dos trilhos estão destruídos.

Contas aos prejuízos

O incêndio de Monchique provocou muitos prejuízos em várias aéreas. No turismo, na agricultura e na habitação. Siza Viera, ministro adjunto, revelou, em entrevista à RTP, o que foi feito até agora, o que falta fazer e como vai ser feito.

“O Governo está desde sexta-feira passada (…) a fazer o levantamento de todos os prejuízos que ocorreram na região. Não apenas no concelho de Monchique, mas também em dois concelhos limítrofes, em várias áreas que necessitam de atenção. A mais significativa, obviamente, tem a ver com as habitações”, afirmou.

Segundo o ministro adjunto, “neste momento há cerca de 33 habitações permanentes que foram afetadas pelos incêndios. É preciso tratar dos realojamentos de emergência destas pessoas”.

Em termos da agricultura, Siza Vieira revelou que “houve algumas explorações agrícolas, sobretudo no concelho de Silves, que ficaram afetadas. E estamos a tratar do apoio à recomposição desse potencial agrícola afetado”.

“Temos empresas turísticas que vão ter perda de receita, porque vivem muito do turismo de natureza. E é preciso apoiar o fundo de maneio, a tesouraria destas empresas num contexto de quebra de receitas”.

O governante recorda que também é necessário não esquecer “o território rural”.

“Temos de tratar, desde já, como forma de emergência da estabilização das encostas, da consolidação dos taludes das linhas de água. E temos que despois pensar a mais longo prazo”, realçou.

O objetivo é evitar “aquilo que não conseguimos fazer depois dos incêndios de 2003 e 2004”.

O ministro Adjunto explicou ainda que as famílias atingidas vão poder recorrer ao programa "Porta Aberta", que prevê não só o realojamento de emergência, como ajuda no financiamento para a reconstrução.

Fogo de Monchique destruiu 5 vezes mais área do que os 6.505 até julho

A área ardida no fogo que lavrou em Monchique de 3 a 10 deste mês foi quase cinco vezes superior à dos sete primeiros meses do ano, segundo dados do último relatório provisório de incêndios rurais do ICNF.

Entre 1 de janeiro e 31 de julho registaram-se 5.564 hectares de área ardida, nos 6.505 incêndios ocorridos, enquanto o fogo de Monchique, Algarve, destruiu uma área de 27.635 hectares, de acordo com os dados do relatório provisório e do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, respetivamente.

"O ano de 2018 apresenta, até 31 de julho, o terceiro valor mais reduzido em número de ocorrências e o valor mais reduzido de área ardida, desde 2008", refere o relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Madeira: Rocha da Silva defende a criação de mais emprego na área florestal

Rocha da Silva, engenheiro florestal, responsável pelas florestas na Madeira durante vários anos, disse à RTP que os incêndios são inevitáveis mas que cabe às autoridades promoverem um "conjunto de medidas que minimizem os efeitos desses incêndios.


Rocha da Silva acrescenta que um bom planeamento florestal é fundamental, com emprego na área florestal.

Associação de Produtores Florestais inconformados

Emílio Vidigal, da Associação de Produtores Florestais, disse ao início da tarde, na RTP 3, que esta associação tinha uma candidatura apresentada para atuar na zona de Monchique, com a criação de faixas de combustíveis.

"Logo por azar foi exatamente onde houve a ignição o local onde queríamos atuar". Emílio Vidigal não quer agora polémicas, mas apenas tentar resolver o problema para o futuro.

Chamas consumiram 8% da ilha da Madeira

Em agosto de 2016, as chamas consumiram oito por cento da ilha da Madeira. O incêndio começou na serra e terminou praticamente junto ao mar.

Três pessoas morreram, cerca de mil ficaram desalojados e centenas de edifícios destruídos.

Os prejuízos ultrapassaram os 150 milhões de euros.

Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos lideram no despovoamento

Depois do incêndio, há outros problemas que afetam a região de Pedrogão: O despovoamento.

Castanheira de Pêra, Pedrogão Grande e Figueiró dos Vinhos têm somados cerca de 13 mil habitantes de acordo com os últimos censos.


Há pessoas a desistir de Portugal e a rumar para o estrangeiro.

Os habitantes temem que a zona seja apagada do mapa.

Monchique: Ajuda começa a chegar à população

Carrinhas de ajuda pública chegam esta quinta-feira a Monchique para auxiliar a população.

Em Monchique arderam 22 casas em Alferce, a aldeia mais afetada, e mais 11 nas imediações da vila.

Silves: “Articulação” foi a palavra-chave

Em Silves, a articulação entre autoridades, Proteção Civil, Bombeiros e civis foi essencial no combate às chamas no concelho de Silves.

A Presidente da Câmara de Silves recorda que “trabalhamos com populares”.

“Temos uma relação muito próxima com algumas pessoas que têm máquinas de rasto e é com esses que nós, de certa forma, conseguimos intervir neste fogo que aqui tivemos”, afirmou Rosa Palma à RTP.

A autarca defende que antes de se definir o que se deve fazer “primeiramente temos que avaliar aquilo que foi feito e como se desenrolou perante a situação do incêndio”.

“É muito importante que as pessoas possam fazer esta avaliação. Este diagnóstico para que nos possamos ver aquilo que não correu tão bem. Aquilo que poderia correr melhor e o que não correu tão bem, o porque de não correr bem”, acrescentou.


Segundo a presidente da Câmara de Silves “é muito importante fazer esta avaliação. É a partir daqui é que se poderá começar a falar de ordenamento da floresta, estratégias diferentes”.

Rosa Palha frisa que “o posto de comando tem que fluir com pessoas que tenham conhecimento do próprio território. Porque todas as pessoas que agiram aqui, agiram e tiveram dedicadas de boa fé. Deram tudo por tudo. Só que, por vezes, não conhecem o território. O território tem determinadas situações que são as pessoas locais, são os próprios que aqui estão que têm esse conhecimento e é ai que se deve fazer o elo de ligação. Tem de ser por aí”

Portugal tem vindo a melhorar a estrutura de combate a incêndios

O presidente do Fórum Florestal, António Louro, considera que Portugal tem "vindo lentamente a melhorar a estrutura de combate e a fazer pequenas intervenções que tendem sempre a melhorar”.

“Nós temos um sistema de combate a incêndios dos melhores do mundo. Temos uma grande capacidade de intervenção nos primeiros momentos. E com isso asseguramos mais de 99,9 por cento dos incêndios”,

Em entrevista à RTP, o presidente do Fórum Florestal frisa que o problema está “quando não seguramos naquele primeiro combate inicial”.

“As condições que estão na nossa paisagem são tão propícias ao rápido ganhar de dimensão dos fogos que gera um fenómeno, praticamente incontornável. Enorme velocidade de propagação, enorme intensidade de fogo. E isso é extremamente difícil de combater”.

“Se nós não conseguirmos quando são pequenos. Assim que eles ganham dimensão gera-se um novo fenómeno”, sublinhou.

António Louro frisa ainda que “infelizmente temos muito a melhorar” na forma de enfrentar os incêndios. “Tem sido uma resposta do Governo nos últimos tempos melhorar a coordenação das forças, a capacidade técnica de análise desses fogos”.

“Nos fogos pequenos a tática é simples. É tudo ao molho e fé em Deus. Todas as coisas são bem feitas. Nos grandes é preciso escolher uma estratégia, recuar, escolher o sítio certo, agrupar os homens, poupar as forças. É preciso estabelecer uma planificação para podermos ter algum sucesso. E ainda assim isso é extremamente difícil de atingir”, disse.


O presidente do Fórum Florestal “teme que grande parte da nossa paisagem está em tais condições de indefensabilidade que não vai restar outro caminho se não vê-los arder”.

“Se olharmos com atenção. Os sítios que arderam nos anos 80, quinze anos depois voltaram a arder. Com um incêndio maior ainda. 15 anos depois voltaram a arder e temos hoje territórios como Monchique que já vão na quarta volta do fogo”.

“Não está a resultar. E eu acho que sem irmos ao cerne da questão que é a gestão do território, o ordenamento da paisagem. O criarmos uma paisagem mais parecida com a que tivemos nos anos 50, 60, com muito menos carga combustível. Não vamos sair deste círculo”, alertou.

António Louro avisa que “como país vamos continuar a ter muitos e grandes fogos. Não é no próximo ano. É na próxima década. Se começarmos a trabalhar já hoje para tentar everter o processo”.

O presidente do Fórum Florestal afirma que o “despovoamento do interior e o desaparecimento da figura do agricultor do minifúndio, que labutava no seu interesse. Mas que em conjunto com a comunidade criava uma paisagem /…) e o seu desperecimento deixou vago o espaço e a natureza ocupo-o com muita biomassa”.

“Temos de perceber que não tendo essa ferramenta de gestão do território temos que encontrar outras. Temos que as desenvolver. Temos que as estudar. À escala da paisagem. À escala do problema que temos. E com os recursos necessários para que isso aconteça. O país tem que se mentalizar que tem aqui um enorme problema”, rematou.

“Se tomarmos as medidas certas e percebermos o que está a acontecer”, afirmou em entrevista à RTP.

Para o especialista, “o primeiro grande recado que a natureza nos está a dar é que nos locais onde se instalaram os primeiros grandes incêndios florestais, na década de 80, só voltou a crescer uma coisa. Incêndios maiores ainda”.

“Na década de 80 começámos por achar grandes os incêndios de 10 e 15 mil hectares. Hoje vamos em incêndios de 50 a 60 mil hectares. Alguma coisa não está a correr bem aqui”, acrescentou.

O presidente do Fórum Florestal considera que existe “de base um problema estratégico. O país encarou como resposta aos incêndios o combate. E o combate não está a resultar como solução. Nem sequer está a conseguir atenuar o problema”.

“Temos que ir ao cerne da questão, que está na gestão do território. Na morte daquilo que era o nosso instrumento de gestão do território que foi a aldeia e o agricultor. Está no desaparecimento do sistema económico que os viabilizou durante milénios”.

Mação: Viatura de monitorização do território é essencial

As cicatrizes dos grandes incêndios de Mação, do ano passado ainda são bem visíveis. Apesar de ser considerado um concelho modelo na prevenção nas escapou às chamas mas a aposta para as evitar continua através da aplicação de novas tecnologias.


Em Silves arderam cerca de 10 mil hectares de terreno

A Proteção Civil de Silves acredita que os caminhos abertos no concelho ajudaram ao combate contra as chamas.

Nenhuma habitação foi atingida pelo incêndio, mas vários anexos ficaram destruídos.

Incêndios na Suécia: Experiência dos países do sul foi essencial

A experiência dos países do sul no combate aos incêndios, revelou-se essencial na Suécia. O país sofreu nas últimas semanas, uma vaga de incêndios pouco comum na zona norte da Europa.

Portugal enviou mais de 30 homens e dois meios aéreos. À RTP, os pilotos que estiveram na missão na Suécia dizem que foi notório que os suecos não estavam preparados para combater um fogo daquela dimensão.

Jerónimo de Sousa esteve em Silves

Jerónimo de Sousa visitou as áreas atingidas pelos incêndios, em Silves, no Algarve. O líder do PCP diz que é urgente tomar medidas.

Critica ainda o governo por ter considerado uma vitória o facto de não ter havido vítimas em Monchique.

Comissão parlamentar visita área ardida

Uma comissão parlamentar, na qual está incluída o presidente da Assembleia da República, desloca-se esta quinta-feira a Monchique para se reunir com o presidenta da Câmara e para visitar a área ardida.

Além da comissão parlamentar, hoje vão estar também vários elementos da Segurança Social, Instituto do Emprego, Ministério da Agricultura e de Lojas do Cidadão (para as pessoas que perderam os documentos).

 Incêndio de Monchique lavrou durante oito dias.

Os acessos difíceis e depois o vento dificultaram o combate no terreno. As chamas ameaçaram várias povoações, 250 pessoas tiveram de sair de casa

Números oficiais dão conta de 17 casas totalmente destruídas e várias danificadas.

Arderam pelo 27 mil hectares de terreno, afetando campos agrícolas e empresas

Plantações de medronho e de citrinos afetadas

O próximo ano vai ser muito complicado para os produtores de medronho e de citrinos da Serra de Monchique. Paulo Carriço, da Associação de Produtores de Medronho, afirma que agora é necessário “esperar quatro anos para que os medronheiros possam dar alguma produção”. 


9h00 - Regresso a Monchique

Começa a emissão especial da RTP3, que ocupará todo o dia. Além de Monchique, a televisão pública vai abordar outras grandes tragédias na sequência de incêndios florestais e as alterações climáticas que aparentemente os fomentam.

Em Monchique, o fogo perdurou entre os dias 3 e 10 de agosto. Calcinou perto de 27 mil hectares, de acordo com dados da União Europeia, e obrigou as autoridades a deslocarem cerca de três centenas de pessoas. Houve 41 feridos.

As chamas que lavraram na serra algarvia consumiram pelo menos 20 habitações permanentes.


A autarquia não apurou ainda o número de pessoas que ficaram sem teto. E enfatiza que a reconstrução das casas depende do apoio do Governo.

Vinte e cinco associações de Monchique estiveram reunidas esta noite para discutir as prioridades para a região afetada pelo incêndio. José Vitorino, da União Algarve com Futuro, afirma que dirigentes associativos esperam atrair investimento, população ativa e turistas para a região.

José Vitorino, em declarações ao jornalista da Antena 1 João Vasco.