Urgências do Amadora-Sintra são "o principal problema" do SNS reconhece direção-executiva
A direção-executiva do SNS está reunida esta terça-feira com a ULS Amadora-Sintra para procurar soluções para reduzir os tempos de espera nas urgências neste hospital, que classificou como "o principal problema" do SNS neste momento.
"Posso dizer que é o principal problema neste momento no SNS. Aquilo que mais preocupa a direção-executiva neste momento é a situação da ULS Amadora Sintra e, em especial, do Hospital Fernando da Fonseca", disse hoje o diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Ao meio da manhã desta terça-feira, os doentes urgentes esperam, em média, cerca de 12 horas por atendimento. O tempo de espera deveria ser de uma hora. Na semana passada os tempos médios de espera no Hospital Amadora-Sintra chegaram a ultrapassar as 18 horas. À margem de uma visita ao Hospital Póvoa de Varzim, onde acompanhou a ministra da Saúde, Álvaro Almeida disse que está a decorrer uma reunião na ULS Amadora-Sintra para definir medidas de médio e longo prazo para resolver os tempos de espera nas urgências.
"Temos algumas hipóteses, mas estamos a ver com o conselho de administração quais é que são viáveis, quais é que podem ser implementadas imediatamente. São soluções de médio prazo e também soluções de longo prazo", disse Álvaro Almeida.
Questionado sobre os tempos de espera nas urgências, o diretor-executivo reconheceu que há falta de profissionais na ULS, fator que afeta tanto os serviços hospitalares como os cuidados primários, logo não se resolve exclusivamente com alargamento de horários nos centros de saúde.
"No Amadora Sintra há um problema e há um problema sério", admitiu.
Álvaro Almeida disse que o funcionamento da urgência do Hospital Fernando da Fonseca está a ser melhorado e admitiu que a situação, neste caso, não se resolve com o alargamento dos horários dos centros de saúde."No caso do Fernando da Fonseca, não é possível colmatar as necessidades com recurso aos cuidados primários, porque também nos cuidados primários não temos esses recursos. Estamos a reforçar as equipas do Fernando da Fonseca, mas também não é fácil porque há uma falta de recursos humanos estrutural", referiu.
Classificando a falta de recursos humanos como "um problema de fundo" e "o principal", Álvaro Almeida disse que existem outros problemas naquele hospital, nomeadamente a organização das urgências.
"Têm uma organização das urgências diferente de outros hospitais. Alguns contratos de trabalho também são diferentes dos outros hospitais. Portanto há uma série de questões que se conjugam para criar ali um problema que não é fácil de resolver", disse.
O diretor-executivo apontou, ainda, que esse é o hospital "com mais internamentos inapropriados", os chamados internamentos sociais -- pessoas que já tiveram alta clínica, mas permanecem internadas por falta de alternativa.
"São problemas que vêm de há anos e que vamos resolvendo dentro do possível, mas não há soluções milagrosas para esse caso", referiu.
Questionado sobre várias medidas dos planos de contingência dos hospitais dado o aumento de procura devido à gripe e outras doenças respiratórias, Álvaro Almeida disse que em alguns casos já está previsto o alargamento de horários para atender a doença aguda, um alargamento que acontecerá onde há serviços de atendimento complementar.
"Esses também poderão ser reforçados, quer em número de médicos e, portanto, capacidade de resposta, quer em termos de horários de funcionamento. O alargamento é feito à medida das necessidades e também das disponibilidades, seja de recursos humanos, seja das unidades em si", referiu.
Álvaro Almeida admitiu que os hospitais que têm maiores tempos de espera são sobretudo em zonas onde a capacidade de resposta dos cuidados primários é limitada por falta de recursos.
"E, portanto, nesses casos é mais difícil alargar o funcionamento dos centros de saúde. Com certeza que iremos alargar o funcionamento dos serviços de atendimento complementar e estamos a trabalhar nesse sentido", concluiu.
Tempos de espera superiores a 12 horas
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentam na manhã desta terça-feira tempos de espera de cerca de 12 horas para a primeira observação, segundo dados do portal do SNS.
De acordo com a informação consultada pela agência Lusa, cerca das 11h00 de hoje, 17 doentes triados com a pulseira amarela (urgente) no Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) tinham de aguardar 11 horas e 25 minutos para uma primeira observação, enquanto os quatro considerados muito urgentes (pulseira laranja) tinham de aguardar 55 minutos.No Hospital Santa Maria, em Lisboa, 18 doentes urgentes enfrentam um tempo de espera de uma hora e 41 minutos para a primeira observação, enquanto no Hospital Garcia de Orta, em Almada, os 12 doentes que se encontram no serviço de urgência geral com pulseira amarela (urgente) tinham de esperar pelo menos uma hora e 30 minutos. Os doentes com pulseira laranja estavam com 24 minutos de espera.
No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, o portal do SNS indicava que, às 11h00, nove doentes urgentes aguardavam pouco mais de uma hora para a primeira observação, enquanto os dois com pulseira laranja tinham um tempo de espera estimado em 35 minutos.
Por comparação, a Norte, no Hospital São João, no Porto, os nove doentes com pulseira amarela aguardavam cerca de uma hora e os dois que tinham recebido pulseira laranja tinham de aguardar 35 minutos.
Segundo o sistema de triagem, as situações muito urgentes (pulseira laranja) têm um atendimento recomendado nos 10 minutos seguintes à triagem, enquanto os casos urgentes (amarela) são de 60 minutos e os pouco urgentes (verdes) de 120 minutos.As autoridades de saúde apelam aos utentes para que, antes de se dirigirem à urgência hospitalar, contactem telefonicamente o Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde - SNS24 (808242424), de modo a evitarem deslocações desnecessárias às urgências.
c/ Lusa