XIX Congresso do PCP chega ao fim com anseio de alternativa de esquerda

por RTP

Fotografia: Tiago Petinga, Lusa

Acabou como começou. Reconduzido de forma unânime pelo novo Comité Central no cargo de secretário-geral, Jerónimo de Sousa culminou este domingo o XIX Congresso do PCP a defender, uma vez mais, o derrube do Governo de PSD e CDS-PP e da sua "política de desastre nacional". Reafirmou também que os comunistas não rejeitam o "diálogo" com outras forças partidárias, mas colocou de parte qualquer revisão de valores fundamentais do Partido Comunista. E reeditou as críticas à "política de direita" dos socialistas.

Os comunistas, repetiu Jerónimo no discurso de encerramento do Congresso de Almada, não renunciam “à convergência, ao diálogo com forças e sectores democráticos em tudo o que for bom para os trabalhadores, para o povo e para o país”. “Mas ninguém peça ou exija ao PCP que deixe de ser o que é, que deixe de falar verdade, que deixe de lutar por outra política, que rompa com estafada alternância”, acrescentou.

Munido de um novo mandato de quatro anos, Jerónimo de Sousa retomou o alicerce de quase todos os discursos de fundo da reunião magna, ao voltar a propugnar uma “alternativa patriótica e de esquerda” no “plano institucional”. A “questão primeira” e “incontornável”, sublinhou, é “saber” se o PCP “deveria abdicar” dos valores que defende de forma “coerente e consequente” e se o PS, “comprometido com a política de direita”, deveria “manter-se como está”.A breve trecho, insistiu Jerónimo de Sousa, “o combate mais imediato e urgente” é “contra a política de desastre nacional e o seu executor, o governo PSD-CDS”.

“O PS não dá resposta à contradição fundamental que é a de saber se é possível uma alternativa verdadeiramente de esquerda, mantendo-se comprometido e identificado com a política de direita em questões estruturantes”, reiterou, para argumentar que terá de ser “pela vontade e apoio” de “trabalhadores e do povo português” que o PCP poderá vir a integrar uma “solução alternativa”: “E não por arranjos de poder que nos exijam deixar de ser o que somos, de defender o que defendemos”.

Tal como já afirmara no sábado, em entrevista à RTP, o secretário-geral comunista quis carregar na tese de que o Executivo de Pedro Passos Coelho “terá legalidade, mas já não tem legitimidade”. E de que “quanto mais depressa for demitido mais se reforça a esperança de que ainda há tempo de travar e de inverter o caminho”.

Jerónimo sustentou, por último, que o PCP sai do seu XIX Congresso “em melhores condições para travar qualquer batalha eleitoral, particularmente as eleições autárquicas” do próximo ano, mostrando-se convicto de que a coligação com o Partido Ecologista “Os Verdes” irá consolidar-se como “grande força autárquica”.
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