Uso de dados. DECO avança com ação judicial contra Facebook

por Carlos Santos Neves - RTP
A “compensação”, explica a DECO, por atingir os dois mil euros por utilizador do Facebook Elijah Nouvelage - Reuters

Deu entrada em tribunal uma ação interposta pela Associação para a Defesa do Consumidor contra o Facebook. À tecnológica de Mark Zuckerberg é exigida uma “compensação” por “utilização indevida dos dados dos utilizadores desta rede social”.

Em nota conhecida este sábado, a DECO afirma que a ação judicial é “sustentada pelos direitos consagrados pela lei e em vários instrumentos, estudos e relatórios que permitem perceber o valor dos dados e dos perfis de cada indivíduo”.
“Cada consumidor português com perfil no Facebook deve receber uma indemnização pelo uso indevido dos seus dados”, lê-se no site da DECO.

A Defesa do Consumidor reclama assim “uma compensação a determinar pelo tribunal, mas nunca inferior a 200 euros por consumidor, e por ano de registo nesta rede social”.

Ou seja, uma vez que a rede social está “disponível em Portugal desde 2008, a compensação poderá ascender aos dois mil euros para os utilizadores com perfil desde essa data”.
“Os consumidores que pretendam receber esta compensação através da mediação da DECO devem preencher o formulário disponível no seu site, juntando-se aos mais de 16.000 já inscritos”, indica a associação.

A DECO sublinha que os utilizadores que não estejam inscritos “podem ter de contactar o Ministério da Justiça para verem os seus créditos reconhecidos”.

No seu portal, a Associação para a Defesa do Consumidor escreve que o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, “prometeu às associação de consumidores de Portugal, Brasil, Espanha e Itália que ia avaliar uma possível compensação às pessoas cujos dados tenham sido abusivamente utilizados por outras aplicações” ligadas à rede social.
Cambridge Analytica
A DECO e outras associações da Bélgica, Espanha e Itália estiveram reunidas com o Facebook em abril deste ano, na sequência do caso da empresa Cambridge Analytica, que processou dados de milhões de utilizadores do Facebook tendo em vista impulsionar a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.

“Até à data não há qualquer proposta, pelo que a DECO avança para tribunal, à semelhança das associações de consumidores europeias, OCU, Test Achats e Altroconsumo”, vinca a Defesa do Consumidor.

“Para a DECO, esta prática de recolher dados sem a devida informação e o consentimento explícito do consumidor contradiz a regulamentação sobre a privacidade, bem como a proteção dos consumidores”, remata.

c/ Lusa
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