Um mundo natural único renascido da Cortina de Ferro, uma elegia às maravilhas e poderes da Natureza
Por todo o mundo o homem deixou a sua marca, em alguns lugares redesenhou os contornos da natureza, perturbou equilíbrios e eliminou espécies. Mas regiões outrora despidas estão agora cheias de vida selvagem. A verdade é que essas áreas eram assim antes de terem sido destruídas pela intervenção humana.
Na Alemanha, desde a queda do muro de Berlim, ocorreu um fenómeno que alguns cientistas chamam de renaturalização passiva. Um enorme Cinturão Verde atravessa agora o país. Corta campos, forma prados, perde-se em montanhas e colinas, ondula em florestas temperadas. Um Cinturão Verde que abrange 146 tipos diferentes de habitats e abriga 1.200 espécies ameaçadas de extinção. É o reino dos insetos, das borboletas, das plantas raras, dos pássaros, sejam eles pequenos pardais, grandes cegonhas ou enormes águias de cauda branca. É o domínio das lontras, a passagem dos gatos selvagens e dos linces. Um mundo rico e diverso, preservado à sombra da Cortina de Ferro.
No início da década de 1950, foram colocados os primeiros arames farpados da Cortina de Ferro, cortando o centro da Alemanha, separando o Ocidente do Oriente, o bloco ocidental do bloco soviético, o capitalismo do comunismo. A fronteira mais vigiada do mundo estende-se por 1.393 km. Atravessa tanto campos de cultura intensiva como florestas. Mas no coração desta zona mortal, a natureza intrometeu-se. Hoje, em plena Alemanha, esta zona que oscila entre os 50 e os 200 metros de largura, esta faixa que constituía a Cortina de Ferro tornou-se numa reserva natural única... um corredor de vida que sucedeu a um corredor de morte.
Como é que a natureza regressou a esta zona negra?
