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Erupção submarina da Serreta|19 dez. 2023
No passado dia 18 de dezembro assinalaram-se 25 anos volvidos do início da última erupção vulcânica ocorrida nos Açores ? a erupção submarina da Serreta.
No dia 18 de dezembro de 1998, foram avistadas pelos pescadores emanações gasosas no mar, a cerca de 10 Km da freguesia da Serreta, na ilha Terceira.
Quatro dias depois, foi confirmada a erupção vulcânica submarina a mais de 300 metros de profundidade, com a emissão de gases, colunas de vapor de água, cinzas e balões de lava flutuantes.
É aqui que reside a originalidade desta erupção ? os balões de lava eram rocha sólida no exterior, mas o seu interior estava carregado de lava ainda fluida e muitos gases ? com estas características, tendiam a ascender, causando a expansão dos gases. Estes balões de lava tendiam a flutuar durante alguns minutos, mas acabavam por afundar.
A erupção foi precedida por um ligeiro incremento da atividade sísmica a partir do dia 23 de novembro, que foi atribuído à fase de fraturação e injeção de magma no sistema vulcânico submarino, que se estende a W da ilha Terceira.
O reduzido número de sismos registados ao longo de toda a erupção, e a baixa magnitude dos eventos, entende-se como resultado da ascensão de um líquido magmático muito fluido ao longo de um sistema de fraturas preexistente e bem definido.
Desde o seu início, a erupção apresentou períodos variáveis, alternando com períodos sem manifestações superficiais, tendo sido registada a sua última observação de atividade no verão de 2001.
Um estudo relativamente recente que contou com a colaboração de investigadores do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) e do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR), identifica pela primeira vez o centro emissor da erupção submarina da Serreta.
Para além dos balões de lava basálticos (reconhecidos pela comunidade científica internacional como um novo produto eruptivo) e das cinzas vulcânicas observadas em suspensão à superfície, esta erupção produziu ainda um volume significativo de materiais escoriáceos que cobrem o fundo marinho em torno dos cones vulcânicos.
Ainda segundo os autores deste estudo, esta erupção correspondeu a uma erupção estromboliana submarina de profundidade intermédia em que se formaram dois cones de escórias (semelhantes aos cones que pontuam as paisagens açorianas).