A russa Yelena Isinbayeva recuperou a coroa de melhor saltadora com vara do Mundo no ambiente que mais queria, no estádio Luzhniki, em Moscovo, finalizando, assim, uma carreira de mais de dez anos, sempre ao mais alto nível.

Isinbayeva voltou a ser a "czarina" da vara nos Mundiais de Moscovo, com um salto de 4,89 metros, que surpreendeu as outras favoritas, nomeadamente a norte-americana Jennifer Suhr, campeã olímpica, e a cubana Yarisley Silva, líder do ano, que ficaram pelos 4,82 metros.

A russa ainda tentou melhorar o seu recorde do Mundo, para 5,07 metros, mas tal objectivo não foi alcançado pela melhor saltadora de sempre.

Campeã mundial juvenil (1999) e júnior (2000), rapidamente Isinbayeva chegou ao topo e, em 2004, já era campeã olímpica. Nos Mundiais, acaba de fazer um inédito "tri", que poucos já esperavam, para mais, tendo em conta que desde Pequim que não ganhava um título importante ao ar livre. 

Aos 31 anos, entende que é tempo de parar e quer ser mãe, não descartando um eventual regresso, depois, para uns últimos Jogos Olímpicos - no Rio 2016, já terá 34 anos.

"A multidão, esta tarde é a melhor que jamais vi. É o meu lar, é como estar em minha casa", reconheceu a czarina.

"Vou parar para ter uma criança no próximo ano e vou tentar regressar para os Jogos do Rio, se tudo correr bem. Mas se corrrer mal, retiro-me. Portanto, isto quer dizer um ano e nove meses e o meu regresso a tempo para o Rio", acrescentou.

A Rússia começou, hoje, a festejar, nos Mundiais, bem cedo, com a confirmação da muito jovem marchadora Elena Lashmanova, nos 20 Km, em qie Ana Cabecinha foi oitava.

Depois do título olímpico conquistado em Londres 2012, ganhou todas as provas em que participou esta época e continuou vitoriosa nos Mundiais. Concluiu em 1:27.08 horas, três segundos à frente da sua compatriota Anisya Kirdyapkina (1:27.11).

A maior surpresa do dia aconteceu nos 400 metros masculinos, com o norte-americano LaShawn Merrit a desforrar-se do campeão mundial e olímpico, James Kirani, de Granada, que ficou inesperadamente fora do pódio, em sétimo.

Antigo campeão do Mundo e olímpico, Merritt ganhou em 43,74 segundos, o melhor tempo de 2013, destacadíssimo - o seu compatriota Tony McQuay ficou a mais de meio segundo, com 44,40.

O belga Jonathan Borlée fez, também, uma grande corrida, mas acabou por perder o terceiro lugar mesmo em cima da meta, por dois centésimos, para o dominicano Luguelin Santos.

Nos 3.000 metros obstáculos femininos, o "trono" estava vago, face à ausência da russa Yulia Zaripova, abrindo caminho para as quenianas e etíopes - eram destes dois países as cinco melhores de 2013, com tempos abaixo dos 9.20,00.

Também com melhor marca mundial do ano, triunfou a queniana Milcah Cheywo - 9.11,65 foi o registo final. Prata para a sua compatriota Lydia Chepkurui e bronze para a etíope Sofia Assefa.

A  outra medalha de ouro feminina do dia foi atribuida no heptatlo, tendo a ucraniana Hanna Melchinenko triunfado, com 6.586 pontos, o resultado mais
baixo de sempre na história dos Mundiais.

As muitas ausências, sobretudo da campeão olímpica, a inglesa Jessica Ennis, permitiram a vitória de uma atleta que, até hoje, era de segunda linha.

A final do disco masculino foi uma nova exibição de alto nível do alemão Robert Harting, campeão do Mundo e olímpico. O mais regular lançador acima de 68,00 metros triunfou com 69,11, deixando o polaco Piotr Malachowski, líder da época, em segundo, com 68,36.

Nos 800 metros masculinos, a ausência do queniano David Rudisha tornou a dupla volta à pista muito mais aberta e abriu uma "janela" para vários dos que foram sendo derrotados pelo recordista mundial, nos últimos dois anos.

Com autoridade, ganhou o etíope Mohamed Aman, vice-campeã mundial há
dois anos. Venceu com 1.43,31, enquanto o norte-americano Nick Symmonds chegou em segundo lugar, com 1.43,55.