Foram cinco as partidas, foram quatro as vitórias. O técnico Ricardo Vieira da equipa sub-23 de Portugal de basquetebol em cadeira de rodas fala numa aventura e numa conquista que poucos esperavam, até pela valia das seleções adversárias.
“Sabíamos do nosso valor mas também sabíamos das nações que íamos encontrar lá, projetos completamente solidificados a nível europeu: França, Espanha, Holanda, Itália são seleções extremamente fortes. A Itália é no ranking, atualmente, a quarta melhor do mundo no escalão de sub-23, e alguns jogadores dessa seleção fazem parte já do programa da seleção sénior, que é uma das melhores seleções da Europa”, disse o treinador.
A seleção sofreu algumas contrariedades: um jogador de 12 anos teve de substituir um dos internacionais que sofreu uma lesão. A equipa era reduzida e as contrariedades eram várias. Mesmo assim, Portugal não foi à Turquia passear.
Ricardo Vieira elogiou o grupo: elogiou o espírito de sacrifício e a preparação física dos atletas. “Foi realmente uma prata que soube a ouro e além disso o reconhecimento de todos pelo trabalho que os jovens conseguiram”.
O técnico elogiou também a equipa “blindada” que teve a seus dispor e destacou a partida frente aos Países Baixos e a qualidade técnica da partida. “Esse jogo foi realmente o que nos catapultou e nos colocou num patamar de maior reconhecimento”.
Afonso Tavares, do Grupo Desportivo de Deficientes de Alcoitão, foi escolhido para o cinco ideal da prova. O jogador destacou-se e mostrou num palco internacional a sua valia. Ricardo Vieira elogiou o jogador e congratulou-o pela mentalidade de grupo que incutiu na equipa.
“Ele reconheceu imediatamente após a decisão da organização que aquele prémio para o All Star efetivamente era para todos. Inclusivamente, disse algo interessante: “trocava este prémio por uma medalha de ouro”. Porque realmente era o grupo que estava em causa. E ter essa perceção de um jogador com 18 anos, de colocar à frente o grupo ao talento individual, deixa-nos satisfeitos”.
Questionado sobre o futuro e o que espera que esta medalha de prata traga, o treinador quer que as mentalidades mudem e que uma conquista desta natureza deve servir para chamar ainda mais jovens para o desporto adaptado e fez um apelo aos pais para que chamem os filhos para o desporto adaptado.
Depois de um bronze em 2022, uma prata em 2025. Pedro André Gomes foi o capitão de Portugal na conquista conseguida na Turquia. O jogador também falou com a RTP e mostrou-se feliz mas sóbrio em relação à medalha conseguida, dando conta que o seu papel foi o de demonstrar que os jovens portugueses deviam entrar em campo para desfrutar da experiência.
“Felizmente, a equipa portou-se extremamente bem. Fomos bastante competentes, demos luta a todas as equipas. Sabíamos do valor que tínhamos mas ganhámos mais do que aquilo que estávamos à espera e quando ganhámos o primeiro, a confiança foi subindo, ganhámos o segundo, a confiança subiu mais um bocadinho e ao fim do segundo jogo já toda a gente pensava que podíamos chegar a primeiro e foi incrível”, afirmou o jogador à RTP.
Apesar das vitórias conseguidas, a verdade é que o capitão é perentório em escolher o “espírito de grupo” como a principal arma da equipa portuguesa. Mantendo a cabeça dos colegas no sítio, Pedro André tentou baixar expectativas e explicar que mesmo que perdessem que não havia problema e que deveriam ter noção do valor da experiência que estavam a viver.
O capitão despediu-se da seleção de sub-23 e explicou que viveu um momento emotivo mas que sair com uma medalha de prata foi “especial” e questionado sobre o que a medalha pode trazer ao futuro, o jogador do GDD Alcoitão tem a convicção de que vai mudar mentalidades e trará melhorias significativas ao BCR.
“Ao ver este nível de competição, ao ver até onde nós podemos chegar, acho que vai dar ali um clique para fazer com que se trabalhe mais, eu quero fazer parte da seleção A, eu quero ir jogar fora, eu quero ser o melhor”, revelou o capitão que agora se despede dos sub-23.
Na chegada ao aeroporto, a comitiva foi recebida pelo capitão da seleção sénior, Hugo Maia, que mostrou orgulho pela conquista dos jovens portugueses que, no futuro, poderão continuar a mostrar a valia portuguesa nos palcos internacionais.