Uma baliza de nove metros chama imediatamente a atenção. Os jogadores de Goalball do CAC aquecem para mais uma sessão de treino.
Eduardo Balola, um dos mais veteranos na modalidade em Portugal, falou com a RTP e explicou alguns dos fundamentos do jogo e o seu contexto histórico que remonta ao fim da II Guerra Mundial.
“Veio colmatar o facto de muitos estropiados de guerra, que ficaram incapacitados visualmente, poderem praticar uma modalidade desportiva. Ao longo dos anos foi sofrendo algumas alterações. Tornou-se numa modalidade competitiva e numa modalidade paralímpica. Desde a sua criação até aos dias de hoje é uma modalidade que se transformou por completo”, explicou.
Enquanto modalidade de proa no desporto adaptado, o Goalball tem regras muito específicas que levam a uma prática desportiva de espetacularidade.
“É uma modalidade coletiva, disputada por duas equipas com três jogadores em campo, de cada lado. Uma baliza de nove metros e tem linhas orientadoras num campo que tem nove metros de largura e 18 de comprimento. Basicamente o objetivo é marcar golos na baliza adversária e sendo os arremessos feitos com o membro superior. A bola é especial que emite som. Os jogadores jogam em igualdade de circunstâncias com os olhos vendados para não terem nenhum resíduo visual e para isso a bola tem uns guizos no seu interior, com orifícios que permita que a bola emitir algum som”.
Sobre a aposta do CAC para o futuro do Goalball, Eduardo Balola acredita que o projeto é “ambicioso” e que apesar de ser um clube mais pequeno, o CAC consegue “ombrear” com clubes de maior projeção. “A esse nível demos um salto muito grande, podemos estar ao nível mais alto” e relembrou que o clube pode competir em torneios internacionais e mostrar a sua valia e crescer cada mais.
Mauro Diogo: o coordenador que vê os atletas a fazer da sua “deficiência uma força”
Mauro Diogo é o coordenador e, muitas vezes, o treinador desta secção do desporto adaptado do Clube Atlético e Cultural. Lembrou a sua criação há coisa de três anos, numa aventura “difícil mas incrível” e relembrou o trabalho para várias modalidades do desporto adaptado que o clube tem desenvolvido.
“Criámos este projeto para dar mais condições aos atletas que já faziam parte do clube e aos que vamos buscar e acolher. Para que eles sintam que também é possível fazer do desporto uma vida. Fazerem competição, serem muito competitivos no que fazem porque, acima de tudo, o desporto é para eles é muitas vezes um escape para os problemas pessoas e profissionais pelos quais passamos”.
O CAC aplica todas as regras para conseguir integrar socialmente os seus atletas na sociedade e aposta num projeto de crescimento para o futuro. Mauro Diogo acredita que estes atletas fazem da sua “deficiência uma força” e que para isso contribui também uma boa panóplia de competições internas e também internacionais.
“Vamos ter um Grand Prix e em fevereiro uma Liga dos Campeões. Este ano, felizmente, temos um planeamento muito longo e competitivo e por já estamos a iniciar trabalhos para que possamos nestas competições mostrar principalmente a eles [atletas] que são tão bons ou melhores como os outros lá fora”.
O coordenador quer que as grandes competições deixem a estes atletas memórias para sempre, experiências que os marquem e que mostrem que estão ao nível dos melhores que competem lá fora. Por fim, relembrou o investimento cada vez maior na modalidade, lembrando os contributos de FC Porto e Sporting.
E relembrou que todos os contributos, por mais pequenos que pareçam, são sempre uma grande vitória para os atletas e todos aqueles que os acompanham nesta demanda por competição mas também por integração.
No Grand Prix de Odivelas jogado de 5 a 7 de setembro, o CAC chegou à final e perdeu com Old Powel no jogo derradeiro. Ainda assim, o Clube Atlético e Cultural alcançou um honroso segundo lugar.